ASCO 2015

HELIOS: Ibrutinib mostra benefícios na LLC recidivada

Asher_LLC_ASCO2015_NET_OK.jpgUma análise interina de um grande estudo de fase III apresentado por Asher Chanan-Khan (foto), professor de medicina da Clínica Mayo, de Jacksonville, Flórida, sugere que a combinação de ibrutinib e bendamustina/rituximabe (BR) melhora os resultados para pacientes com leucemia linfocítica crônica (LLC) que progrediram ao tratamento prévio.

Ibrutinib é o primeiro de uma classe de terapia alvo administrada uma vez ao dia por via oral que bloqueia a tirosina quinase de Bruton (BTK). Esta proteína alimenta o crescimento de linfócitos, o tipo de glóbulos brancos que são afetados pela LLC.
 
Em um seguimento médio de 17 meses, os pacientes que receberam ibrutinib e BR tiveram um risco 80% menor de progressão da doença ou morte do que aqueles que receberam placebo e BR. Com base neste benefício importante, os pacientes do braço placebo foram autorizados a ingressar no outro grupo para receber Ibrutinib.
 
LLC é a leucemia mais comum em adultos nos países ocidentais. Durante anos, o tratamento padrão foi uma combinação de quimioterapia e terapia-alvo (por exemplo, rituximab). Embora estes tratamentos ajudem a controlar a doença por muitos anos, todos os pacientes acabam se tornando resistentes à terapia.
 
Até recentemente, os pacientes cuja doença piorou ou recidivou apesar do tratamento tinham opções limitadas. No ano passado, no entanto, a FDA aprovou dois novos medicamentos direcionados para esses pacientes ─ibrutinib e idelalisib em combinação com rituximab.
 
"Este foi um dos ensaios clínicos mais rigorosos já realizados em LLC e realmente valida o ibrutinib como uma droga importante para esse tipo de câncer", disse o principal autor do estudo, Asher Chanan-Khan. "Descobrimos que o ibrutinib pode ser administrado com segurança com a terapia existente para prolongar remissões e melhorar o bem-estar dos pacientes", acrescentou. 

Métodos e resultados 

No estudo de fase III HELIOS, 578 pacientes com LLC tratados anteriormente foram distribuídos aleatoriamente para tratamento com ibrutinib+ BR ou placebo + BR(289 por braço). A idade média foi de 64 anos; 38% Rai estadios III/IV; mediana de 2 terapias anteriores. 6 ciclos de BR foram completados em 83% e 78% dos pacientes nos braços IBR e placebo, respectivamente.
 
Os pacientes receberam BR (≤ 6 ciclos) e foram randomizados 1:1 para IBR (420mg por dia) ou placebo.O desfecho primário foi a sobrevida livre de progressão avaliada por um comitê de revisão independente. Os desfechos secundários incluíram a sobrevida global e taxa de resposta global por IRC.
 
Em um seguimento médio de 17,2 meses, a sobrevida livre de progressão foi significativamente maior com a BR + IBR vs BR + plb (mediana não atingida vs 13,3 meses; HR: 0,203, 95% CI: 0,150-0,276, P <0,0001); resultados da sobrevida livre de progressão foram consistentes nos subgrupos de alto risco. As taxas de resposta foram significativamente maiores no grupo ibrutinib em comparação ao grupo placebo (82,7% vs 67,8%).O risco de progressão ou morte foi reduzido em 80% naqueles que receberam ibrutinib.
 
A mediana de sobrevida global não foi atingida. 90 pacientes (31%) no braço BR + placebo passaram para o braço do ibrutinib. A incidência dos eventos adversos foi semelhante entre os braços. Os eventos adversos de todos os graus mais comuns com BR + IBR e BR + placebo foram neutropenia (58,2% vs 54,7%) e náusea (36,9% vs 35,2%); os mais comuns de graus 3/4 foram neutropenia (53,7% vs 50,5%) e trombocitopenia (15,0% cada braço).Fadiga relacionada com a doença melhorou no grupo Ibrutinib, e os pacientes relataram benefícios mais cedo (aos seis meses versus 14 meses).
 
"O progresso contra a leucemia linfocítica crônica foi um dos temas mais importantes dos últimos dois anos, e agora nós temos outra abordagem para pacientes que tenham esgotado outras opções de tratamento. Estes dados sugerem que podemos alcançar melhores resultados para os pacientes, associando novas terapias com tratamentos já estabelecidos", afirmou Merry-Jennifer Markham, da divisão de oncohematologia da Universidade da Flórida, que comentou o estudo na ASCO.
 
Os próximos passos para esta área de investigação incluem a avaliação do ibrutinib como agente único e em combinação com drogas que têm como alvo a proteína CD20 em pacientes recém diagnosticados como LLC sintomática e assintomática.
 
O estudo recebeu financiamento da Janssen Research&Development.
 
Referência:Ibrutinib combined with bendamustine and rituximab (BR) in previously treated chronic lymphocytic leukemia / small lymphocytic lymphoma (CLL/SLL): First results from a randomized, double-blind, placebo-controlled, phase III study. (LBA7005- J ClinOncol 33, 2015)
 
Informações do estudo clínico: EudraCT No. 2012-000600-15; UTN No. U1111-1135-3745.
 
http://abstracts.asco.org/156/AbstView_156_145722.html