19042024Sex
AtualizadoQui, 18 Abr 2024 6pm

PUBLICIDADE
Daichii Sankyo

 

ProfiLER: importância do teste genômico para a medicina de precisão

Murad_SFBO_bx.jpgO estudo ProfiLER foi um dos destaques da ASCO 2017. O trabalho fornece mais evidências para o uso da genômica na prática clínica para orientar escolhas de tratamento em pacientes com câncer avançado. O médico André Márcio Murad (foto), coordenador da Disciplina de Oncologia da Faculdade de Medicina da UFMG e Diretor Clínico da Personal: Oncologia de Precisão e Personalizada (BH), comentou os resultados.

Por André Márcio Murad
 
O estudo ProfiLER, sem dúvida, é um divisor de águas e um novo paradigma na utilização de painéis genômicos de sequenciamento de nova geração (NGS) como ferramenta de escolha de tratamentos alvo moleculares para pacientes de câncer em estádio avançado, muitas vezes sem outra opção terapêutica a ser oferecida fora de protocolos de experimentação clínica. Esta ferramenta é imprescindível na prática da moderna oncologia personalizada e de precisão, mas só agora foi consubstanciada por um estudo prospectivo de grande porte como o ProfiLER, que analisou 1944 pacientes.
 
Em um pequeno estudo prévio francês, fase II, randomizado, denominado SHIVA, 741 pacientes foram testados e apresentaram tumores com 293 mutações "acionáveis". No entanto, o estudo não demostrou ganho significativo em termos de sobrevida global para os pacientes que receberam terapia-alvo molecular em comparação aos que receberam terapias não direcionadas para alvos específicos. É importante ressaltar que o estudo SHIVA ofereceu aos pacientes um "cardápio" muito restrito de drogas-alvo moleculares, restringindo-se apenas à terapia hormonal, inibidores da via PI3K/AKT/mTOR e da via RAF/MEK.
 
Já no presente estudo, 1944 pacientes foram alocados e pelo menos uma alteração gênica "acionável" de um painel extenso com 70 genes foi encontrada em 1004 pacientes avaliados, sendo que 143 pacientes receberam o tratamento recomendado de acordo com a alteração gênica encontrada. Os pesquisadores compararam as taxas de sobrevida global dos 143 pacientes que receberam terapias-alvo com 502 pacientes que realizaram outros tratamentos. A sobrevida em 3 anos foi 53,7% para os pacientes tratados com terapia-alvo molecular e 46,1% para os tratados de forma convencional, sendo esta uma diferença estatisticamente significativa.
 
Os resultados sugerem um benefício para este tipo de abordagem terapêutica individualizada e baseada no perfil molecular de cada tumor, além de assegurar que os testes genômicos realizados com tecnologia NGS para a melhor escolha terapêutica alvo-molecular são factíveis e promissores. O trabalho mostra ainda que pelo menos 50% dos pacientes com tumores avançados apresentam pelo menos uma alteração genômica "acionável".
 
Entretanto, cabe ressaltar que apenas 20% dos pacientes que apresentaram alterações genéticas passíveis de tratamento efetivamente receberam a terapia proposta. A maioria não foi tratada e o principal motivo foi o estado avançado do tumor ou as más condições clínicas dos pacientes.
 
Em um estudo similar denominado Mi-Oncoseq, em andamento na Universidade de Michigan, 5% dos pacientes alocados faleceram antes mesmo dos resultados do sequenciamento ficarem prontos. Por isso, a tendência dos próximos estudos é a de incluir pacientes com tumores não tão excessivamente pré-tratados. Devemos aguardar também os resultados de outros estudos de grande porte em andamento, como o TAPUR, da ASCO, e o NCI-MATCH, do National Cancer Institute norte-americano, para que possamos efetivamente adotar esta ferramenta de forma rotineira em nossa prática diária. 
 

 

Publicidade
ABBVIE
Publicidade
ASTRAZENECA
Publicidade
SANOFI
Publicidade
ASTELLAS
Publicidade
NOVARTIS
banner_assine_300x75.jpg
Publicidade
300x250 ad onconews200519