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AtualizadoQui, 28 Mar 2024 7pm

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Avanços e controvérsias no panorama GI

Renata Dalpino NET OKApresentado em Sessão Plenária da ASCO 2017, o estudo do grupo colaborativo IDEA (LBA1) mostrou que alguns pacientes com câncer de cólon estádio III podem precisar apenas da metade da dose padrão de quimioterapia adjuvante. Outro destaque do panorama GI foi o fase II SWOG S1406 (abstr. 3505), com resultados do regime ICV no câncer colorretal metastático BRAF mutado. A oncologista Renata D’Alpino Peixoto (foto), do Grupo Brasileiro de Tumores Gastrointestinais (GTG), comenta os destaques.

Por Renata D’Alpino Peixoto, do Grupo Brasileiro de Tumores Gastrointestinais (GTG)

O IDEA trouxe uma análise prospectiva e pré-planejada de dados agrupados de seis estudos randomizados de fase III realizados simultaneamente em 12 países da América do Norte, Europa e Ásia. O objetivo foi comparar a duração de 3 e 6 meses (padrão atual) de quimioterapia (QT) adjuvante com fluoropirimidina e oxaliplatina no câncer de cólon estádio III.

O trabalho incluiu 12.834 pacientes (13% T1-2, 66% T3, 21% T4; e 28% N2) e 40% receberam XELOX. Os pacientes foram acompanhados por 39 meses, em média. O endpoint primário foi a sobrevida livre de doença (SLD), definida como o tempo desde a inscrição até a recaída, segundo câncer colorretal ou morte por todas as causas. Os pacientes foram acompanhados por 39 meses, em média.

Apesar de não comprovar estatisticamente o desfecho primário, o estudo mostrou que o uso de 3 meses de QT foi associado com uma diferença de menos de 1% de estar livre de doença em três anos em comparação com 6 meses de QT (74,6% vs 75,5%). Entretanto, no subgrupo de pacientes com baixo risco de recorrência (T1-3N1; 60% da população avaliada), não houve diferença entre 3 e 6 meses (83,1% vs 83,3%).

Este é um estudo que mudará condutas. Trata-se de um estudo robusto, não apenas pelo tamanho da amostra, mas também pelo impacto dos resultados. A partir de agora, teremos condutas diferentes para 2 grupos de pacientes com estádio clínico III. Aqueles de menor risco (T1-3N1) poderão receber 3 meses de QT baseada em oxaliplatina, sem prejuízo relevante da chance de cura e com importante redução dos riscos da neuropatia induzida pelo tratamento. Para os pacientes de maior risco (T4 ou N2), 6 meses de QT permanecem como regra geral, mas a discussão individualizada frente à magnitude dos ganhos e o risco de neuropatia continua sendo importante.

Controvérsias

Enquanto para CAPOX a duração de 3 meses parece não-inferior a 6 meses, o mesmo não ocorreu com FOLFOX. Uma hipótese é de que a intensidade da quimioterapia com CAPOX é maior no início, devido à maior dose de oxaliplatina.

Em relação aos efeitos colaterais, a neuropatia foi substancialmente menos comum em pacientes que receberam 3 meses vs 6 meses (15% vs. 45% com FOLFOX e 17% vs. 48% com CAPOX). O regime de 6 meses também esteve associado a mais diarreia e fadiga, sem contar os custos associados ao tratamento e o impacto social e emocional dos pacientes.

Doença avançada

O estudo de fase II SWOG S1406 (abstr. 3505) demonstrou que o regime ICV é ativo em pacientes com câncer colorretal metastático (CCRm) BRAF mutado, geralmente com prognóstico ruim e poucas alternativas de tratamento. Foram randomizados 106 pacientes que já haviam progredido a uma ou duas linhas de tratamento (sem terapia anti-EGFR) para receber irinotecano 180 mg/m2 e cetuximabe 500 mg/m2 EV a cada 2 semanas (IC) com ou sem vemurafenibe 960 mg VO 2x/dia (ICV). O crossover para o braço experimental era permitido após progressão ao tratamento controle.

Os resultados mostram aumento significativo da sobrevida livre de progressão (SLP), endpoint primário do estudo, a favor do braço ICV (4,4 versus 2,0 meses; HR 0,42; p<0,001). Também houve aumento da taxa de resposta e taxa de controle de doença no braço ICV, sem ganho na sobrevida global. Em relação aos eventos adversos de graus 3/4, houve aumento de neutropenia (28% vs 7%), anemia (13% vs 0%) e náusea (15% vs 0%).

Outro estudo que merece análise, o fase II SUNSHINE (abstr. 3506) randomizou 139 pacientes com CCRm para mFOLFOX6 + bevacizumabe com vitamina D em altas doses (8.000 U/dia por 2 semanas seguido de 4.000 U/dia) ou com vitamina D em baixas doses (400 U/dia). O endpoint primário foi SLP. O grupo que recebeu do-
ses maiores de vitamina D alcançou SLP superior (12,4 vs 10,7 meses; p=0,03). Apesar de ser um estudo preliminar, tal prática pode ser facilmente implementada na rotina clínica e não parece elevar os efeitos colaterais.

A questão da lateralidade também foi abordada, em uma avaliação do estudo CALGB 80405 em que a lateralidade demonstrou ser fator prognóstico de maneira independente de outros fatores moleculares (instabilidade microssatélite, status de BRAF, consenso molecular CMS) e clínicos (idade, sexo, tratamento adjuvante anterior, doença metacrônica versus sincrônica) (HR = 1,392 ; p = 0,031).

Referências:

LBA1: Prospective pooled analysis of six phase III trials investigating duration of adjuvant (adjuv) oxaliplatin-based therapy (3 vs 6 months) for patients (pts) with stage III colon cancer (CC): The IDEA (International Duration Evaluation of Adjuvant chemotherapy) collaboration. - J Clin Oncol 35, 2017 (suppl; abstr LBA1)

Abstract 3505: Randomized trial of irinotecan and cetuximab with or without vemurafenib in BRAF-mutant metastatic colorectal cancer (SWOG S1406). - J Clin Oncol 35, 2017 (suppl; abstr 3505)

Abstract 3506: SUNSHINE: Randomized double-blind phase II trial of vitamin D supplementation in patients with previously untreated metastatic colorectal cancer. - J Clin Oncol 35, 2017 (suppl; abstr 3506)

Abstract 3503: Primary (1°) tumor location as an independent prognostic marker from molecular features for overall survival (OS) in patients (pts) with metastatic colorectal cancer (mCRC): Analysis of CALGB / SWOG 80405 (Alliance). - J Clin Oncol 35, 2017 (suppl; abstr 3503)

 

 

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