X Congresso Franco-Brasileiro

Linfoma Folicular: O que há de novo?

TABAK NET OK 2O onco-hematologista Daniel Tabak (foto), diretor do Centro de Tratamento Oncológico (CENTRON), enfoca avanços e perspectivas no tratamento do linfoma folicular, o segundo tipo mais frequente de linfomas não-Hodgkin e o mais comum dos linfomas indolentes. O especialista apresenta o tema no segundo dia do X Congresso Franco Brasileiro de Oncologia.  

A sua fisiologia está relacionada à translocação t (14;18) e a expressão do gene bcl-2. Entretanto hoje está claro que esta anomalia genética não é suficiente para o desenvolvimento da neoplasia hematológica. Diversos outros genes associados à desregulação epigenética (MLL, CREBBP, EZH2) estão relacionados a sua gênese e sua expressão tem significância prognóstica. A célula do linfoma folicular também é regulada pelo equilíbrio de células foliculares dendríticas e macrófagos que modulam a expressão da via de proliferação determinada pelo BCR (Receptor de Células B).

O linfoma folicular apresenta um curso variável. A sobrevida global de pacientes pode ser estimada em décadas enquanto uma certa população apresenta uma perspectiva muito limitada. Vários fatores prognósticos já foram identificados através de índices consagrados como o FLIPI. Mais recentemente, a avaliação das recidivas nos primeiros 24 meses (POD-24) após o início do tratamento foi introduzida como um poderoso indicador. Cerca de 20% dos pacientes tratados apresentam POD-24. Estes são os pacientes que evoluem com doença resistente e devem ser o alvo principal das novas intervenções terapêuticas.

A introdução dos anticorpos anti-CD20 em 1998 modificou a história natural do linfoma folicular. O rituximabe foi o primeiro agente a ser utilizado, porém novas moléculas vem sendo testadas com sucesso. Dados recentes indicam que a utilização de rituximabe é capaz de modular a evolução para linfomas agressivos que ocorre em 10% dos pacientes portadores do linfoma indolente.

A introdução dos inibidores de bcl-2 e da via do BCR, apesar da atuação direta nas vias de ativação da doença, ainda apresenta eficácia limitada, seja pela toxicidade ou pelo efeito terapêutico inferior aquele esperado.

O transplante de medula óssea, seja autólogo ou alogênico, parece ser particularmente eficaz no controle da doença em pacientes que apresentaram progressão nos primeiros 2 anos do tratamento.

A importância dos mecanismos imunológicos no controle da doença pode ser confirmada nos estudos recentes que corroboram a eficácia de lenalidomida associada a rituximabe no tratamento das recidivas, bem como no tratamento inicial da doença. As perspectivas na utilização dos inibidores de checkpoint e de células CAR-T também permitem visualizar uma nova era no tratamento do linfoma folicular.