ASCO GI 2019

Quimioterapia neoadjuvante vs cirurgia upfront no câncer de pâncreas

Pancreas 2 NET OKEstudo de fase II/III apresentado no ASCO GI 2019 demonstrou benefícios significativos da quimioterapia neoadjuvante (gencitabina e a combinação oral de fluoropirimidina de tegafur/gimeracil/oteracil),  com ganho de sobrevida global em comparação com cirurgia upfront no tratamento de pacientes com adenocarcinoma ductal pancreático ressecável confirmado histologicamente.

 Apesar das melhorias da terapia adjuvante pós-operatória no adenocarcinoma ductal pancreático ressecável (PDAC), seu prognóstico permanece ruim. Nesse estudo, os pacientes foram aleatoriamente designados para dois ciclos de quimioterapia neoadjuvante - com 1 g/m2 de gencitabina nos dias 1 e 8 e 40 mg/m2 de S-1 oral duas vezes ao dia nos dias 1 a 14 - ou submetidos à cirurgia inicial. S-1 adjuvante foi administrado por 6 meses para pacientes com ressecção curativa e recuperação completa dentro de 10 semanas após a cirurgia em ambos os braços.

Neste ensaio de fase III, o endpoint primário foi a sobrevida global. Os endpoints secundários incluíram eventos adversos, taxa de ressecção, sobrevida livre de recidiva, status residual do tumor, metástases nodais e cinética do marcador tumoral. O tamanho da amostra alvo exigiu 163 pacientes (α-error 0.05; power 0.8) em cada braço. O estudo foi conduzido pelo Health Research Sciences Research Grant (H22-009) do Japão e registrado no Registro de Ensaios Clínicos da UMIN como UMIN000009634.

De janeiro de 2013 a janeiro de 2016, 364 pacientes foram inscritos em 57 centros (182 para NAC-GS e 182 para Up-S). Destes, dois foram excluídos devido à inelegibilidade, portanto, 182 pacientes no NAC-GS e 180 no Up-S constituíram o conjunto de análise ITT.

Resultados

A mediana de sobrevida global foi de 36,7 meses no grupo de quimioterapia neoadjuvante e 26,6 meses no grupo de cirurgia inicial (hazard ratio = 0,72, 95% CI 0,55-0,94; P = 0,015 [teste de log-rank estratificado]).

No grupo de quimioterapia neoadjuvante, os eventos adversos de grau 3/4 mais comumente relatados foram leucopenia e neutropenia (72,8%). A taxa de ressecção, taxa de ressecção R0 e morbidade cirúrgica foram equivalentes nos dois grupos. Além disso, nenhum dos grupos apresentou mortalidade perioperatória.

“Este estudo demonstrou os benefícios significativos na sobrevida da quimioterapia neoadjuvante com gemcitabina e S-1. Portanto, os resultados indicam que a quimioterapia neoadjuvante pode ser um novo padrão para pacientes com adenocarcinoma ductal pancreático ressecável”, concluíram os pesquisadores.

Informação do ensaio clínico: MIN000009634.

Referência:  Randomized phase II/III trial of neoadjuvant chemotherapy with gemcitabine and S-1 versus upfront surgery for resectable pancreatic cancer (Prep-02/JSAP-05) - J Clin Oncol 37, 2019 (suppl 4; abstr 189) - Michiaki Unno et al