ASCO GU 2019

Marcadores preditivos no câncer de bexiga de alto risco

diogobastos ascogu2019O oncologista Diogo Assed Bastos (foto) é o primeiro autor de estudo apresentado no ASCO GU 2019, na sessão de pôster, avaliando a carga mutacional tumoral como biomarcador de resposta para a imunoterapia em pacientes com câncer de bexiga não músculo-invasivo de alto risco, após ressecção transuretral e BCG intravesical. "Até o momento, não há nenhum biomarcador preditivo validado para orientar a seleção de pacientes para a terapia mais apropriada nesse cenário", explica Diogo. "Nossos dados preliminares demonstraram que a elevada carga mutacional tumoral foi associada ao benefício da imunoterapia com BCG nessa população de pacientes".

Foram identificados, retrospectivamente, pacientes com câncer de bexiga não músculo-invasivo de alto risco tratados com ressecção transuretral (TURBT), repetição de RTU e BCG intravesical (≥ 6 instilações) de 2009 a 2016. Os pacientes foram classificados como BCG-responsivos (BCG-R) e BCG não-responsivos (BCG-NR), com base nos critérios do International Bladder Cancer Group.

O sequenciamento completo do exoma foi realizado utilizando tecido tumoral (FFPE) obtido a partir de amostras da TURBT pré-BCG. A associação das variáveis genômicas e desfechos foi avaliada por meio da análise de sobrevida de riscos proporcionais de Cox e testes de razão de verossimilhança.

Resultados

Trinta e cinco pacientes foram incluídos (BCG-R = 17, BCG-NR = 18). O acompanhamento médio foi de 46 meses para BCG-R e de 52 meses para BCG-NR. A maioria dos pacientes era do sexo masculino (91,4%), ex-tabagistas (60%), e apresentava carcinoma urotelial de alto grau (85,7%) e / ou estadiamento T1 (71,4%). O tempo mediano de recidiva e progressão foi de 10,5 e 19 meses, respectivamente, no grupo BCG-NR. Nesta coorte, o TMB foi significativamente diferente nos grupos BCG-R e BCG-NR, com mediana de TMB de 5,53 + - 4,60 e 3,17 + - 1,82 mutações / Mb, respectivamente (P = 0,045).

O TMB também foi associado com sobrevida livre de recidiva (SLR), com mediana de SLR de 38 e 15 meses em grupos com TMB alto versus baixo, respectivamente (P = 0,0092). A heterogeneidade genética intratumoral avaliada pela heterogeneidade do tumor alelo mutante (MATH) não foi estatisticamente diferente entre os grupos, com pontuação MATH mediana de 31,8 e 21,9 para BCG-R e BCG-NR (P = 0,14), respectivamente. Na análise multivariada, idade e TMB foram independentemente associados com SLR.

Em conclusão, a elevada carga tumoral mutacional foi associada ao benefício da imunoterapia com BCG na população avaliada. "A identificação de biomarcadores preditivos nesse cenário é uma importante necessidade não atendida e a análise integrada do TMB com outros potenciais biomarcadores preditivos deve ser objeto de análise de futuros estudos, com conjuntos de dados maiores", propõem os autores (Abstract 442).

Referência: Tumor mutational burden (TMB) and BCG responsiveness in high-risk non-muscle invasive bladder cancer (NMIBC) - Diogo Assed Bastos, Mariana Lima, Romulo Loss Mattedi, Filipe Ferreira dos Santos, Vanessa Buzatto, Rodrigo Barreiro, Leopoldo Ribeiro-Filho, Mauricio Cordeiro, Mariane Amano, Jussara Michaloski Souza, Fabiana Bettoni, Pedro Alexandre Favoretto Galante, Carlos Dzik, William Carlos Nahas, Anamaria Aranha Camargo