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AtualizadoQua, 24 Abr 2024 8pm

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Daichii Sankyo

 

ASCO 2020

Nova dose de IMRT melhora disfagia no câncer de orofaringe

daniel 200 foto2 bxA maioria dos tumores oro e hipofaríngeos recém diagnosticados são tratados com quimiorradioterapia com intenção curativa, mas às custas de efeitos adversos com grande impacto na qualidade de vida. Este estudo da Cancer Research UK avaliou como o uso de dose ótima da radioterapia IMRT (Do-IMRT) pode reduzir a dose de RT nas estruturas relacionadas à disfagia/ aspiração, melhorando a função da deglutição comparada à dose padrão (S-IMRT). O radio-oncologista Daniel Przybysz* (foto), membro do Comitê de Radioterapia Avançada da International Association for the Study of Lung Cancer, comenta os resultados.

"O interessante estudo do grupo britânico liderado por Nutting evidencia a importância da atenção aos contraints e de ir além deles no tratamento de radioterapia com intensidade modulada (IMRT) para neoplasias de cabeça e pescoço não metastáticas. Avaliando um impressionante N de 112 paciente (sim, impressionante para um país de primeiro mundo como a Grã Bretanha – população total de aprox. 66 milhões de habitantes), o grupo do sistema de saúde pública randomizou pacientes a diferentes técnicas de IMRT: dose otimizada e lapidada em estruturas relacionadas à deglutição x seguir os contraints de dose atuais", analisa Daniel.

Pacientes com  tumores de oro e hipofaringe T1-4, N0-3, M0 foram randomizados 1: 1 para S-IMRT (65 Gray (Gy) / 30 frações (f)  para tumor primário e nodal; 54Gy / 30f para o subsítio faríngeo e nodal restante, incluindo áreas em risco de doença microscópica,  ou receber tratamento com Do-IMRT.  A dose de Do-IMRT foi definida considerando o volume do músculo constritor (PCM) superior e médio da faringe ou o volume muscular inferior, situado fora do volume alvo, aplicando a restrição de dose prevista na intervenção.

A randomização foi equilibrada por centro participante, uso de i quimioterapia de indução/quimioterapia concomitante, local do tumor e estágio AJCC. O endpoint primário foi o escore de disfagia do MD Anderson Dysphagia Inventory (MDADI) 12 meses após a RT. Endpoints secundários consideraram controle local da doença.

Resultados

112 pacientes (56 S-IMRT, 56 Do-IMRT) foram randomizados em 22 centros do Reino Unido no período de 06/2016 a 04/2018. A idade média foi de 57 anos; 80% eram do sexo masculino; 97% tinham câncer de orofarinfe; 90% tinham doença nos estágios 3 e 4 da AJCC; 86% receberam apenas quimioterapia concomitante, 4% quimioterapia de indução e concomitante e 10% não foram tratados com quimioterapia.

A mediana da dose inferior de PCM foi de 49,8Gy (IQR 47,1-52,4) com S-IMRT versus 28.4Gy (21.3–37.4) com Do-IMRT, p < 0.0001. A dose superior e média de PCM foi de 57,2Gy (56,3-58,3) com S-IMRT versus 49,7Gy (49,4-49,9) com Do-IMRT, p <0,0001. Do-IMRT teve pontuações MDADI significativamente mais altas: S-IMRT 70,3 (DP 17,3) vs. Do-IMRT 77,7 (16,1), p = 0,016. Foram relatadas três recorrências locais (1 S-IMRT, 2 Do-IMRT).

“O uso de Do-IMRT reduziu a dose de radioterapia empregada nas estruturas relacionadas à disfagia e aspiração e melhorou a função da deglutição relatada pelo paciente em comparação com o S-IMRT. Este é o primeiro estudo randomizado a demonstrar benefício funcional com essa IMRT no câncer de orofaringe”, concluem os autores.

Para o radio-oncologista Daniel Przybysz, o estudo deixa lições importantes. “Esses resultados trazem à tona a importância de um planejamento não só adequado, mas customizado para cada paciente. Entregar o tratamento com doses otimizadas é uma equação onde o denominador ‘dose em órgão de risco´ pondera cada vez com mais peso, sem comprometer de forma alguma o controle local e/ou sobrevida desses pacientes”, observa.

"Por fim, fica o gatilho para um futuro estudo similar no Brasil, onde as neoplasias de cabeça e pescoço têm números epidemiológicos de liderança global", acrescenta o especialista.

Informações sobre este ensaio clínico (ClinicalTrials.gov): 25458988.

Referência: Results of a randomized phase III study of dysphagia-optimized intensity modulated radiotherapy (Do-IMRT) versus standard IMRT (S-IMRT) in head and neck cancer. - J Clin Oncol 38: 2020 (suppl; abstr 6508) - DOI:10.1200/JCO.2020.38.15_suppl.6508

First Author: Christopher Nutting, MD
Meeting: 2020 ASCO Virtual Scientific Program
Session Type: Oral Abstract Session
Session Title: Head and Neck Cancer]
Track: Head and Neck Cancer]
Subtrack: Local-Regional
Abstract #: 6508

* Daniel Przybysz é membro do Comitê de Radioterapia Avançada (Advanced Radiation Therapy Committee) da International Association for the Study of Lung Cancer (IASLC) e membro efetivo da mesma instituição.

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