ASCO GU 2020

Quimioterapia em dose convencional em tumores de células germinativas recidivados

luana ascogu bxA oncologista Luana Toledo Manhaes (foto), médica do Instituto Nacional do Câncer (INCA), é primeira autora de estudo selecionado para a sessão de pôster no ASCO GU 2020 que avaliou se a quimioterapia de dose convencional pode ser uma alternativa em pacientes selecionados com tumores de células germinativas recidivados.

Pacientes com tumores de células germinativas que recidivam após a quimioterapia de primeira linha baseada em platina ainda podem ser resgatados com sucesso com esquemas de segunda linha. A quimioterapia em altas doses mostrou resultados favoráveis ​​e é uma opção preferida na maioria dos casos.

Nesse estudo observacional, retrospectivo, os pesquisadores analisaram dados médicos de 57 pacientes do sexo masculino com tumores de células germinativas tratados com quimioterapia de resgate após recidiva no tratamento de primeira linha à base de platina entre 2000 e 2015 no INCA.

Resultados

A mediana de idade foi de 28 anos (variação de 15 a 49). 26 pacientes (46%) eram afro-brasileiros, 45 (79%) tinham não-seminoma e 53 (93%) tinham tumores primários no testículo. 14 pacientes (25%) apresentaram metástases ósseas, hepática ou cerebral na recidiva e em 35 (61%) o intervalo livre de progressão (PFI) após a primeira linha foi <3 meses.

A classificação de risco do International Prognostic Factors Study Group (IPFSG) na recidiva para risco muito baixo/baixo, intermediário e alto/muito alto foi 8 (14%), 25 (44%), e 24 (42%), respectivamente. Após um acompanhamento médio de 8 anos, a sobrevida livre de progressão em 2 anos foi de 30% (95% IC, 20% a 45%) e a sobrevida global em dois anos foi de 34% (95% IC, 23% a 49%). O intervalo livre de progressão PFI <3m após a primeira linha (HR 2,38; p <0,005) e AFP > 1000 na recidiva (HR 2,38, p <0,023) foram fatores prognósticos negativos para sobrevida livre de progressão e sobrevida global.

A SLP e SG em dois anos para classificação de risco IPFSG de risco muito baixo/baixo, intermediário e alto/muito alto foi de 75% e 73%, 28% e 32%, e 18% e 24%, respectivamente.

Os autores concluíram que em pacientes com tumores de células germinativas recidivado e doença de risco muito baixo/baixo pela classificação IPFSG, a quimioterapia de dose convencional pode ser uma opção razoável, alcançando taxas de sobrevida a longo prazo. “A quimioterapia de dose convencional foi associada a maus resultados nos grupos de risco intermediário e alto/muito alto. Mais estudos devem ser realizados para avaliar o melhor tratamento nesse subconjunto, pois mesmo na segunda linha, muitos pacientes ainda são potencialmente curáveis”, observam.

Referência: Abstract 404 - Is there a role for conventional-dose chemotherapy in relapsed germ cell tumors? - Luana Toledo Manhaes et al - J Clin Oncol 38, 2020 (suppl 6; abstr 404)