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AtualizadoQui, 28 Mar 2024 7pm

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Daichii Sankyo

 

Coberturas Especiais

Câncer renal e obesidade

Obesidade_ASCO_1.jpgPesquisas recentes sugerem um "paradoxo da obesidade" no carcinoma de células renais (CCR). Pessoas obesas são mais predispostas a serem diagnosticadas com CCR, mas menos propensas a morrer da doença. Um estudo apresentado no 2015 Genitourinary Cancers Symposium por Kathryn M. Wilson, da Harvard  School of Public Health,  concluiu que a obesidade é um fator de risco para a incidência de carcinoma de células renais e confirmou o paradoxo, indicando  que os obesos são mesmo menos propensos a morrer da doença. Os oncologistas Fernando Maluf e Oren Smaletz comenta os resultados do estudo com exclusividade para o Onconews.

Wilson e colegas avaliaram a associação do índice de massa corporal (IMC) com o risco de CCR, tanto total como fatal, em duas grandes coortes prospectivas. O estudo utilizou dados do Nurses’ Health Study (NHS), composto por 117.097 mulheres acompanhadas desde 1976, e do Health Professionals Follow-up Study (HPFS), constituído por 48.268 homens acompanhados desde 1986. Altura e peso foram relatados no início do estudo e atualizados a cada dois anos até 2008, com acompanhamento da doença até 2010.

Foram utilizados modelos de riscos proporcionais multivariados de Cox para calcular taxas de risco (HR) e intervalos de confiança de 95% para a incidência de CCR total e fatal. Os modelos foram ajustados para diabetes, hipertensão, tabagismo, consumo de álcool, uso de drogas anti-inflamatórias não-esteróides (NSAID), atividade física, e paridade entre as mulheres.

Resultados

Foram confirmados 349 casos de carcinoma de células renais na base de dados do NHS, incluindo 103 fatais, e 226 casos nos registros do HPFS, com 46 casos fatais. Comparadas às mulheres com IMC normal (18,5-24,9 kg/m2) imediatamente antes do diagnóstico, as mulheres obesas (IMC≥30) tiveram um risco aumentado para o carcinoma de células renais (HR 1,38; 95% CI: 1,03-1,84, p-trend=0,004). A taxa de risco de morte foi semelhante, mas não é estatisticamente significativa (HR 1,35; 95% CI: 0,79-2,29, p-trend=0,22).

Os resultados demonstram que a obesidade é um fator de risco para a incidência de carcinoma de células renais e também sugerem que, paradoxalmente, não está associada com CCR fatal. Estes resultados são mais robustos para as mulheres que para os homens nas coortes pesquisadas.

Entre os homens obesos, o aumento de risco para CCR não foi significativo (HR 1,45; 95% CI: 0,96-2,21, p-trend=0,05), com um aumento significativo do risco fatal (HR 2,56; 95% CI: 1,11-5,90, p-trend=0,13).

"Na ASCO de 2014, o grupo francês havia mostrado que pacientes obesos têm melhor sobrevida em tumores de rim metastaticos. Isto se mostrou um fator independente em análise multivariada. O que apresentam agora é a validação externa destes dados. Por um lado é reconfortante para o nosso paciente sobrepeso do consultório, mas a maior implicação talvez seja em futuros estudos clínicos randomizados", afirma Oren Smaletz, oncologista do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE).

Segundo Fernando Maluf, do Centro Oncológico Antonio Ermírio de Moraes (COAEM), em São Paulo, vários mecanismos são associados a um possível malefício da obesidade nos tumores de forma geral, incluindo o câncer renal. "A obesidade é associada à inflamação e à produção de fatores de crescimento no tecido adiposo com potencial carcinogênico, além de interferir na resistência à insulina e aumentar os fatores de crescimento insulínico, também com potencial carcinogênico”, esclarece. “Este trabalho, que considerou dois estudos prospectivos de coorte incluindo mais de 150 mil homens e mulheres, aponta de modo inequívoco que tanto mulheres quanto homens obesos apresentam maiores chances de desenvolver câncer renal, além de maiores chances de morte secundária à doença”, acrescenta.

O especialista brasileiro lembra que a obesidade é responsável por aproximadamente um terço dos tumores no mundo. “Medidas preventivas e terapêuticas de alcance populacional devem ser tomadas no sentido de reverter este fator de risco, não só para evitar o desenvolvimento de tumores, mas também de doenças cardiovasculares, metabólicas, respiratórias e osteomusculares”, conclui Maluf.
 
Referência: Abstract 414 - The association between obesity and incidence of total and fatal renal cell carcinoma in two prospective cohorts.

 
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