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AtualizadoTer, 23 Abr 2024 9pm

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Quimio em dose densa IV vs intraperitoneal com cateter na primeira linha do câncer de ovário

EVA ANGELICA NET OKFinalmente foi publicado o estudo originalmente nomeado “GOG 252”, apresentado na plenária do SGO Annual Meeting 2016, em San Diego. No contexto de tratamento quimioterápico do carcinoma epitelial de ovário (CEO) em primeira linha, o estudo, há muito esperado, trouxe resultados na contramão do previsto, questionando o papel crescente que o tratamento intraperitoneal (IP) com cateter vinha assumindo. Quem comenta o estudo é a oncologista Angélica Nogueira-Rodrigues (foto), presidente do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA/GBTG).

Por Angélica Nogueira-Rodrigues

O estudo de fase III prospectivo avaliou 1.560 pacientes com CEO estágios II ou III, todas submetidas a ressecção tumoral a < 1cm, randomizadas entre três diferentes regimes terapêuticos:

  1. Paclitaxel IV dose densa, carboplatina IV e bevacizumabe (braço refererência);
  2. Paclitaxel IV dose densa, carboplatina IP e bevacizumabe;
  3. Paclitaxel IV padrão, seguido de paclitaxel IP em dose reduzida, cisplatina IP e bevacizumabe.

As pacientes elegíveis foram randomizadas para receber seis ciclos de paclitaxel IV 80 mg/m2 uma vez por semana e carboplatina AUC 6 IV (braço comparador, referência à época) versus paclitaxel IP de 80 mg/m2 uma vez por semana e carboplatina AUC 6 IP versus paclitaxel IV 135 mg/m2 uma vez a cada 3 semanas ao longo de 3 horas no dia 1, com cisplatina IP 75 mg/m2 no dia 2 e paclitaxel IP 60 mg/m2 no dia 8 (cisplatina IP). Todos os participantes receberam bevacizumabe 15 mg/kg IV a cada 3 semanas nos ciclos 2 a 22.

O estudo avaliou o impacto destes diferentes regimes de quimioterapia sobre a sobrevida livre de progressão (SLP) em mulheres recém diagnosticadas com carcinoma de ovário avançado e os resultados foram publicados no Journal of Clinical Oncology (JCO) em abril de 2019.

Resultados

Um total de 1.560 participantes foram inscritos no estudo. Após 84,8 meses de acompanhamento, a duração média da SLP foi de 24,9 meses no braço comparador de tratamento IV, 27,4 meses no braço de carboplatina IP e 26,2 meses no braço de cisplatina IP. Para o subgrupo de 1.380 pacientes com estádio II / III e doença residual de 1 cm ou menos, a SLP mediana foi de 26,9 meses (carboplatina IV), 28,7 meses (carboplatina IP) e 27,8 meses (cisplatina IP), respectivamente.

A SLP mediana para pacientes com estádio II / III e sem doença residual foi de 35,9, 38,8 e 35,5 meses, respectivamente. A sobrevida global mediana para todos os participantes foi de 75,5, 78,9 e 72,9 meses, respectivamente, e a sobrevida global mediana para o estádio II / III sem doença residual foi de 98,8 meses, 104,8 meses e não alcançada.

Em relação ao perfil de segurança, a média relatada pelas próprias pacientes na Avaliação Funcional do Gynecologic Oncology Group, que mede neurotoxicidade, foi semelhante para todos os braços, mas a média de Avaliação Funcional avaliada pelo Trial Outcome Index foi estatisticamente pior no braço cisplatina IP.

Em conclusão, na comparação com o braço de referência IV, a duração de SLP não foi significativamente maior com o regime IP quando combinado com bevacizumabe e foi melhor tolerada do que a cisplatina IP. Os autores destacam que, na análise por intenção de tratar, a SLP na doença estádio III com ressecção ótima (de 1 cm ou menos) foi de 24,9 a 27,1 meses, que é melhor do que a observada no estudo GOG-172, onde os braços IV e IP apresentaram SLP de 18,3 e 23,8 meses, respectivamente. Como todos os braços receberam bevacizumabe, não foi possível avaliar o benefício do acréscimo do inibidor de angiogênese.

Sem impacto significativo em SLP e com logística significativamente mais complexa, a quimioterapia intraperitoneal com cateter vem perdendo força desde a apresentação destes dados em 2016. Além dos resultados deste estudo, contribuiu para esta tendência dados novos para a condução da paciente com este perfil apresentados desde então, merecendo destaque os significativos ganhos atingidos em pacientes com BRCA com inibidor de PARP em manutenção conforme estudo SOLO 1 (Moore et al, NEJM 2018) e com quimioterapia intraperitoneal peroperatória hipertérmica (HIPEC) pós quimioterapia neoadjuvante com platina e taxane e citorredução ótima (Van Driel et al, NEJM , 2018). E, com expectativas positivas para outros iPARPs e combinações entre iPARPs, antiangiogênicos e imunoterapia na primeira linha, o desenvolvimento terapêutico do CEO neste momento, alinhado com o movimento desencadeado pelo presente estudo, tende a se afastar da quimioterapia intraperitoneal com cateter.

Referência: Walker, J. L., Brady, M. F., Wenzel, L., Fleming, G. F., Huang, H. Q., DiSilvestro, P. A., Mannel, R. S. (2019). Randomized Trial of Intravenous Versus Intraperitoneal Chemotherapy Plus Bevacizumab in Advanced Ovarian Carcinoma: An NRG Oncology/Gynecologic Oncology Group Study. Journal of Clinical Oncology, JCO.18.01568. doi:10.1200/jco.18.01568

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