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AtualizadoQui, 28 Mar 2024 7pm

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Daichii Sankyo

 

Ferramenta de triagem para encaminhamento a cuidados paliativos ambulatoriais

carlos paiva paliativos barretos bxEstudo liderado por pesquisadores do Hospital de Câncer de Barretos, com participação do MD Anderson Cancer Center, descreve os resultados de uma ferramenta de triagem desenvolvida para melhorar o encaminhamento de pacientes com câncer de mama e ginecológico avançado para cuidados paliativos ambulatoriais. O oncologista Carlos Eduardo Paiva (foto), do Hospital de Câncer de Barretos, é primeiro autor do artigo publicado no periódico Gynecologic Oncology.

A forma habitual de referenciar pacientes com câncer avançado aos cuidados paliativos é com base no exame clínico e na impressão do médico durante a consulta do paciente. “Esse encaminhamento é muito dependente da experiência do próprio médico em lidar com as necessidades do paciente com câncer avançado (dor, aspectos psicossociais e existenciais, comunicação, metas de cuidados, dentre outros) e com o prognóstico estimado pelo oncologista”, afirma Paiva.

O oncologista ressalta que que os médicos em geral são otimistas (acham que o paciente viverá mais tempo que na realidade), o que acarreta encaminhamentos muitas vezes tardios. Outra barreira que dificulta o encaminhamento de pacientes aos cuidados paliativos é com relação ao sistema de saúde, ou seja, a incapacidade do serviço de cuidados paliativos em atender toda a demanda em tempo hábil. “Em muitos hospitais, se todos os pacientes com câncer avançado fossem encaminhados ao cuidado paliativo ao mesmo tempo, haveria filas de espera, sendo que muitos deles morreriam antes da primeira consulta nos cuidados paliativos ou seriam consultados em condições clínicas muito ruins”, avalia.

O estudo

Os autores desenvolveram uma ferramenta (Palliative Care Referral Criteria – PCRC) com um checklist de 16 itens divididos em três categorias de prioridades de cuidados com base na funcionalidade física dos pacientes. O objetivo foi avaliar o potencial impacto clínico do uso desses critérios em pacientes com câncer de mama e ginecológico avançado (do inglês, Advanced Breast and Gynecological Cancers - ABGC) atendidas em clínicas de oncologia.

“O PCRP busca otimizar o encaminhamento dos pacientes aos cuidados paliativos utilizando critérios baseados no tempo e nas necessidades dos pacientes. A ferramenta foi desenvolvida como um cheklist de itens individuais onde caso qualquer dos itens seja marcado, o próximo passo do protocolo é identificar a categoria de prioridade (verde, amarela ou vermelha) em função do estado funcional do paciente (ECOG-PS)”, esclarece o oncologista.

O estudo foi dividido em duas fases. Na Fase I, o enfermeiro pesquisador avaliou prospectivamente os critérios de referenciamento entre pacientes com ABGC que ainda não haviam sido encaminhados para cuidados paliativos. A taxa de referenciamento dos oncologistas (rotina) foi comparada à taxa de referenciamento caso os critérios fossem aplicados universalmente. Na fase II, os pesquisadores implementaram a triagem de rotina com esses critérios de referenciamento sem acionamento automático. Os pacientes ainda não avaliados pelos cuidados paliativos foram avaliados retrospectivamente em relação à taxa de triagem e à frequência com que atendiam aos critérios.

Resultados

Entre os 120 pacientes avaliados na Fase I, os oncologistas referiram 23 (19%) pacientes, e os critérios de triagem identificaram outros 82 (68%) pacientes que poderiam se beneficiar dos cuidados paliativos, potencialmente aumentando a taxa de encaminhamento aos cuidados paliativos em 3,2 vezes. Os pacientes teriam sido encaminhados mais cedo usando os critérios da ferramenta em comparação com o encaminhamento baseado no julgamento dos oncologistas (mediana de sobrevida de 451 dias vs. 178, p <0,001). Na Fase II, entre os pacientes que ainda não estavam recebendo cuidados paliativos, 38,6% (97 de 251) dos pacientes preencheram pelo menos um critério da ferramenta.

Os resultados demonstraram que o uso de critérios de encaminhamento tem o potencial de aumentar significativamente o número de encaminhamentos oportunos aos cuidados paliativos. “Esperamos aprimorar o protocolo, sempre com a ideia de simplificá-lo e torná-lo útil não somente no ambulatório de mama e ginecologia, mas em todas as unidades do hospital. Além disso, pretendemos incluí-lo no sistema eletrônico de registros médicos como alerta em todas as consultas de pacientes com câncer avançado (com metástases ou recorrências inoperáveis)”, conclui o especialista.  

Referência: Development of a screening tool to improve the referral of patients with breast and gynecological cancer to outpatient palliative care - Carlos Eduardo Paiva; Bianca Sakamoto Ribeiro Paiva; Daniele Menezes; Lucas Estevão Zanini; Juliana Beraldo Ciorlia; Michelle Uchida Miwa; DavidHui – Gynecologic Oncology, Available online 30 April 2020 - https://doi.org/10.1016/j.ygyno.2020.04.701


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