Biopsia líquida no acompanhamento do carcinoma de orofaringe

ana carolina bxAna Carolina de Carvalho (foto), do Hospital do Câncer de Barretos, é autora sênior de estudo publicado na Head and Neck, com dados que sugerem papel potencial da análise da presença de metilação em DNA tumoral circulante (methctDNA) como ferramenta de acompanhamento em pacientes com carcinoma de células escamosas de orofaringe, comumente associados a altas taxas de falha do tratamento.

Nesta análise o status de metilação dos genes CCNA1, DAPK, CDH8 e TIMP3 foi avaliado pelo método de PCR digital em gotas (ddPCR) em amostras de biópsia tumoral pré-tratamento fixada em formalina e embebido em parafina (FFPE; N=52) w plasma (N=15) coletado pré-tratamento de pacientes com carcinoma de células escamosas de orofaringe).

A maioria dos pacientes era do sexo masculino (90,7%), com mediana de idade de 56 anos, 91% com doença avançada ao diagnóstico. O consumo de tabaco e álcool foi autorreferido por 85,2% e 83,0% dos casos, respectivamente. Todos os pacientes foram tratados com quimioterapia à base de platina concomitante à radioterapia. O seguimento médio foi de 17,75 meses (variação: 5,30- 52,57 meses), período em que 8 pacientes (19,0%) tiveram recorrência da doença. 

Resultados

Os resultados mostram que 71% (37/52) das biópsias apresentaram metilação de pelo menos um dos genes avaliados e a metilação do CCNA1 no tumor foi associada a sobrevida livre de recorrência. A presença de DNA tumoral circulante metilado (methctDNA) foi detectada em 11/15 (73,3%) das amostras de plasma; amostras de controles saudáveis ​​foram negativas para a metilação dos genes testados (área sob a curva = 0,867; Intervalo de confiança de 95% = 0,720-1.000).

“Os resultados sugerem a viabilidade de detectar o meth-ctDNA no plasma usando ddPCR para uma possível aplicação na rotina clínica, principalmente num contexto de monitoramento pós-tratamento, após validação”, concluem os autores.

Mais de 95% dos casos de câncer de cabeça e pescoço são representados por carcinomas de células escamosas (CCEs) e tumores de orofaringe são o segundo sítio mais prevalente. Atualmente, os cânceres de cabeça e pescoço são a oitava malignidade mais frequente no mundo, com um total de 834 860 novos casos e 431 131 mortes estimadas em 2018. 

Referência: De Jesus, L. M., Reis, M. B., Carvalho, R. S., Scapulatempo Neto, C., de Almeida, G. C., Laus, A. C., … de Carvalho, A. C. (2020). Feasibility of methylated ctDNA detection in plasma samples of oropharyngeal squamous cell carcinoma patients. Head & Neck. doi:10.1002/hed.26385