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AtualizadoQui, 28 Mar 2024 7pm

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Daichii Sankyo

 

Letalidade da neoplasia trofoblástica gestacional em mulheres brasileiras

braga fernanda bxEstudo de coorte retrospectivo buscou avaliar a letalidade da neoplasia trofoblástica gestacional em mulheres brasileiras, comparando os casos de morte pela doença com as sobreviventes e identificando fatores associados à letalidade. “O estudo é o primeiro a analisar independentemente os fatores de risco para morte entre neoplasia trofoblástica gestacional de baixo e alto risco, em comparação com sobreviventes”, explicam os ginecologistas Fernanda Freitas e Antonio Braga (foto), autores do artigo publicado no periódico Gynecologic Oncology.

Os pesquisadores analisaram retrospectivamente os prontuários de mulheres com neoplasia trofoblástica gestacional tratadas em dez Centros de Referência brasileiros entre janeiro de 1960 e dezembro de 2017, avaliando os fatores associados à morte pela doença. Foram utilizados modelos de regressão de riscos proporcionais de Cox para identificar variáveis ​​independentes com influência significativa no risco de morte.

Resultados

Entre 2.186 pacientes com NTG incluídas no estudo, 2.092 (95,7%) sobreviveram e 89 (4%) morreram devido à doença. Ao analisar o risco relativo (RR) ajustado para o escore WHO/FIGO, as pacientes com doença de baixo risco tinham um risco significativamente maior de morte se apresentassem coriocarcinoma (RR: 12,40), doença metastática (RR: 12,57), quimiorresistência (RR: 3.18) ou tratamento inicial fora de Centros de Referência (RR: 12.22).

Em relação às pacientes com neoplasia trofoblástica gestacional de alto risco, os fatores significativamente associados ao óbito por NTG foram tempo entre o final da gravidez anterior e o início da quimioterapia (RR: 4,10), doença metastática (RR: 14,66), especialmente na cérebro (RR: 8,73) e fígado (RR: 5,76); ausência de quimioterapia ou tratamento inicial com quimioterapia de agente único (RR: 10,58 e RR: 1,81, respectivamente), quimiorresistência (RR: 3,20) e tratamento inicial fora de Centros de Referência (RR: 28,30).

“O risco de mortalidade por neoplasia trofoblástica gestacional de baixo e alto risco pode ser reduzido pelo encaminhamento dessas pacientes a um Centro de Referência. Caso não seja possível, é recomendado envolver médicos de Centros de Referência no aconselhamento sobre o manejo da doença”, concluíram os autores.

Tratamento em centros de referência reduz letalidade por neoplasia trofoblástica gestacional

Por Fernanda Freitas e Antônio Braga

Este artigo apresenta a maior e mais aprofundada investigação sobre a letalidade da Neoplasia Trofoblástica Gestacional (NTG). Trata-se de estudo brasileiro, colaborativo, que contou com a participação de 10 Centros de Referência (CR), em que se reviu o tratamento da última meia centúria dos casos de NTG, estratégia fundamental para conseguir uma casuística que possibilite avaliar em profundidade uma doença rara.

De uma população de mais de 11 mil casos de doença trofoblástica gestacional, obtivemos mais de 2 mil casos de NTG, sendo consignados 89 óbitos determinados pelo câncer da placenta.

Para além da amostra robusta, este estudo é inovador por apresentar, pela primeira vez, não somente os desfechos letais por NTG, mas também analisar os fatores de risco para o óbito a partir da comparação com as pacientes que evoluíram para remissão, tanto no baixo risco quanto no alto risco. Adicionalmente, por termos uma coorte que representa quase 60 anos de seguimento da NTG no Brasil, este estudo nos permite avaliar o impacto dos principais avanços no cuidado dessas pacientes ao longo de décadas, como modificações nos esquemas de tratamento e nos sistemas de classificação de escore risco.

Dentre os fatores de risco evidenciados no trabalho, é fundamental destacar o papel do tratamento inicial se dar em Centros de Referência. Em pacientes com NTG de baixo risco, a chance de decesso quando o tratamento se inicia fora de CR é 12,22 vezes maior, chegando nas pacientes com NTG de alto risco a 28,30 vezes. O local de tratamento na NTG tem impacto profundo nos resultados obtidos, e é o único fator de risco modificável associado à morte por esta doença, uma vez que a natureza histológica do tumor ou sua predisposição genética à quimiorresistência não podem ser modificadas.

A principal conclusão deste trabalho é que a melhor estratégia para reduzir a letalidade em pacientes portadoras de NTG é tratá-las em CR, onde equipes especializadas iniciarão o tratamento apropriado no momento adequado.

Em 2019, a apresentação oral deste trabalho no congresso da International Society for the Study of Trophoblastic Diseases, em Toronto, no Canadá, recebeu o Bagshawe Award como melhor contribuição científica do evento.

O trabalho foi fruto da participação dos seguintes serviços especializados e seus diretores: Mauricio Viggiano (UFG), Guillermo Velarde (UFF), Izildinha Maesta (UNESP), Elza Uberti (ISCMPA), José Madi (UCS), Daniela Yela (UNICAMP), Karayna Fernandes (FMJ), Eduardo Silveira (HGA), Elaine Leal (FUNDHACRE), Sue Sun (UNIFESP), Ana Paula Esteves (UFRJ), Jorge Rezende Filho (UFRJ) e Joffre Amim Junior (UFRJ), assim como teve a colaboração internacional dos pesquisadores do New England Trophoblastic Disease Center, da Harvard Medical School Ross Berkowitz, Neil Horowitz e Kevin Elias.

Referência: Gestational trophoblastic neoplasia lethality among Brazilian women: A retrospective national cohort study - Fernanda Freitas; Antonio Braga et al - Gynecologic Oncology - Volume 158, Issue 2, August 2020, Pages 452-459 - https://doi.org/10.1016/j.ygyno.2020.04.704

 

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