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AtualizadoTer, 23 Abr 2024 9pm

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Obesidade e custos do câncer no SUS

ronaldo inca bxRonaldo Corrêa da Silva (foto), pesquisador da Área Técnica de Alimentação, Nutrição, Atividade Física e Câncer da Coordenação de Prevenção e Vigilância do Instituto Nacional do Câncer (INCA), é coordenador de estudo publicado no periódico PLOS One que estima os gastos do Sistema Único de Saúde (SUS) em 2018 com cânceres associados ao excesso de peso. “De R$ 3,5 bilhões gastos pelo governo federal em 2018 com o tratamento de câncer, R$ 1,4 bilhão foram usados para o tratamento de tumores associados ao excesso de peso”, destacam os autores.

O excesso de peso (sobrepeso e obesidade) é um conhecido fator de risco para diversos tipos de câncer, e sua prevalência tem aumentado nas últimas décadas no Brasil. Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde, do Ministério da Saúde, o percentual de adultos obesos no país mais do que dobrou em 17 anos, saltando de 12,2%, entre 2002 e 2003, para 26,8%, em 2019. No mesmo período, a proporção da população adulta com excesso de peso passou de 43,3% para 61,7%, o que representa quase dois terços dos brasileiros. Em 2019, 55,4% da população adulta apresentava excesso de peso corporal (EPC). O crescimento da população com excesso de peso e obesidade também é observado entre a população mais jovem. Um em cada cinco adolescentes, com idades entre 15 e 17 anos, apresentou excesso de peso e, cerca de um terço das pessoas de 18 a 24 anos, são obesas.

Nesta análise, os pesquisadores buscaram estimar o custo federal dos cânceres atribuíveis ao excesso de peso em adultos, considerando os gastos médicos do Sistema Único de Saúde Brasileiro (SUS).

Foram calculados os gastos associados a 11 tipos de câncer considerando os procedimentos realizados em 2018 por todos os serviços que prestam atendimento oncológico no sistema público de saúde. Os dados foram obtidos dos Sistemas de Informação Hospitalar e Ambulatorial do Sistema Único de Saúde Brasileiro, e as frações de câncer atribuíveis ao excesso de peso corporal foram calculadas usando os riscos relativos da literatura e a prevalência de uma pesquisa nacionalmente representativa. Os valores monetários foram convertidos de reais para dólares, considerando a paridade do poder de compra de 2018.

Resultados

Em 2018, o custo federal brasileiro para todos os tipos de câncer combinados foi de US$ 1,73 bilhão, dos quais cerca de US$ 710 milhões foram gastos no tratamento do câncer relacionado ao excesso de peso corporal e US$ 30 milhões foram atribuíveis à obesidade. As despesas ambulatoriais e de internação atingiram US$ 20,41 milhões, dos quais 80% foram utilizados com quimioterapia, e US$ 10,06 milhões, sendo 82% destinados à cirurgia, respectivamente. Aproximadamente 80% dos custos atribuíveis ao excesso de peso corporal foram destinados ao tratamento do câncer de mama, endométrio e colorretal.

“Embora a contribuição do excesso de peso seja relativamente pequena para os cânceres de mama e colorretal, quando comparado ao câncer de endométrio, o impacto econômico é alto pela grande incidência desses cânceres no país”, esclarecem os autores. “Além dessas três neoplasias, a obesidade também é um fator de risco para o desenvolvimento de outros tipos de câncer, como esôfago, estômago, pâncreas, vesícula biliar, fígado, rins, ovário e próstata”, acrescentam.

“Um total de 1,76% de todos os custos federais relacionados ao câncer pode estar associado ao excesso de peso corporal, representando um impacto econômico substancial para o sistema público de saúde. Destacamos a necessidade de políticas integradas de controle do excesso de peso corporal e prevenção do câncer”, concluiu o estudo.

“Esses resultados podem ajudar os formuladores de políticas públicas, como o INCA, a priorizar as ações de controle do câncer, buscando um equilíbrio adequado entre o que é gasto na prevenção, especificamente no excesso de peso, e no que é gasto com o tratamento do câncer”, observa Ana Cristina Pinho, diretora-geral do INCA.

O estudo contou com a participação de pesquisadores da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).  

Referência: Corrêa Ferreira da Silva R, Bahia LR, Machado da Rosa MQ, Malhão TA, Mendonça EDP, Rosa RdS, et al. (2021) Costs of cancer attributable to excess body weight in the Brazilian public health system in 2018. PLoS ONE 16(3): e0247983. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0247983

 


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