Tratamento multidisciplinar ainda é um desafio

Pr__stata_Nova_NET_OK.jpgA abordagem multidisciplinar no câncer de próstata não é uma realidade na prática clínica. É o que aponta pesquisa realizada pelo Instituto Zero. O estudo revela que apenas 41% dos homens com câncer de próstata nos Estados Unidos foram encaminhados a um oncologista em algum momento do seu tratamento.

O levantamento é o primeiro estudo conduzido por uma organização de pacientes com o objetivo de melhor compreender as experiências dos homens afetados pelo câncer de próstata e identificar oportunidades de atividades educacionais. Mais de 1.400 pacientes e cuidadores responderam à pesquisa, um survey online, que ficou aberto de 20 de novembro de 2013 até 21 de janeiro de 2014.

A pesquisa mostrou que os homens americanos precisam e querem estar mais bem informados sobre o câncer de próstata. Os resultados indicam que 54% dos pacientes tomaram decisões de tratamento para evitar alguns efeitos colaterais. "É fundamental que a equipe de profissionais de saúde possa contar com um oncologista para que o paciente tome decisões mais bem informado e dê a si mesmo a melhor chance de vencer a doença", disse Jamie Bearse, CEO do  ZERO, organização americana sem fins lucrativos, dedicada a apoiar o avanço dos estudos clínicos e fornecer educação e apoio aos pacientes e suas famílias.

A pesquisa também analisou necessidades coletivas no momento do diagnóstico, incluindo informações sobre o câncer de próstata, as opções de tratamento, efeitos colaterais, e os recursos para apoio emocional.  O survey identificou que 24% dos respondentes se apresentaram como cuidadores e que 17% tinham algum grau de vínculo com a comunidade de câncer de próstata. A análise da pesquisa mostra ainda que parcela dos pacientes e cuidadores também está à procura de informações sobre ensaios clínicos e novas opções de tratamento. Informações online, materiais impressos, vídeos, blogs e webinars foram identificados como as melhores plataformas de educação e informação em saúde para os pacientes.

O tratamento do câncer de próstata vive hoje uma evolução importante. A maior compreensão de como lidar com baixos escores de Gleason faz com que menos pacientes sejam encaminhados à cirurgia, o que tem ampliado a opção pela vigilância ativa. Ao mesmo tempo, crescem as opções terapêuticas, o que reforça a importância da abordagem multidisciplinar. Estudo apresentado na ASCO 2014 demonstrou que a quimioterapia, quando combinada com a terapia hormonal, aumenta a sobrevida. O impacto sobre a prática da urologia é inegável, mas integração do médico oncologista no cuidado do paciente ganha papel fundamental.

“Aqui o nosso cenário é parecido e temos insistido na importância dessa abordagem multidisciplinar”, reconhece Carlos Eduardo Corradi Fonseca, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). “No nosso serviço trabalhamos em conjunto com outros especialistas, como é o caso do oncologista clínico e do radioterapeuta, e a SBU sempre recomenda essa equipe multidisciplinar”, diz.

O oncologista Evanius Wiermann, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica também argumenta em favor da prática multidisciplinar, mas admite que é um desafio também no Brasil. “O câncer de próstata é uma doença que fica cada vez mais complexa de ser tratada. Temos evidências que mostram que o paciente metastático merece fazer quimioterapia precocemente e o benefício é sem precedente na história da oncologia, com  mediana de 1 ano e meio de sobrevida global”, diz o especialista. O presidente da SBOC lembra ainda o papel do sequenciamento de drogas e reforça o coro pela atuação multidisciplinar. “Urologistas e oncologista precisam estar juntos pelo benefício do paciente”.
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Referência: http://zerocancer.org/