As trajetórias dos escores de síndrome metabólica estão associadas à ocorrência de câncer, especialmente câncer de mama, endométrio, rim, colorretal e fígado. “Nossos resultados enfatizam a importância do monitoramento e avaliação em longo prazo da síndrome metabólica”, ressaltam os pesquisadores do estudo publicado na Cancer, periódico da American Cancer Society.
“A síndrome metabólica eleva o risco de câncer. No entanto, uma única avaliação da síndrome metabólica não revela completamente a associação a longo prazo com o câncer. A inflamação, juntamente com a síndrome metabólica, poderia acelerar sinergicamente o aparecimento e o avanço do câncer”, afirmam os autores.
Este trabalho buscou investigar as trajetórias de scores de síndrome metabólica e o risco de câncer em um grande estudo de coorte prospectivo. Os autores examinaram prospectivamente a relação entre os padrões de trajetória da pontuação da síndrome metabólica e o câncer de início recente em 44.115 participantes. A modelagem de mistura latente foi usada para identificar as trajetórias dos escores de síndrome metabólica. Modelos de regressão de riscos proporcionais de Cox foram usados para avaliar a associação entre os padrões de trajetória da pontuação da síndrome metabólica e o risco de câncer geral e sítio-específico.
Resultados
Foram identificados quatro padrões de trajetória de pontuação da síndrome metabólica: baixo-estável (n = 4.657), moderado-baixo (n = 18.018), moderado-alto (n = 18.288) e elevado-crescente (n = 3.152). Em comparação com participantes com um padrão de trajetória baixo-estável, o padrão de trajetória elevado-crescente foi associado a um risco elevado de câncer geral (hazard ratio [HR], 1,27; intervalo de confiança [IC] de 95%, 1,04-1,55), mama (HR , 2,11; IC 95%, 1,04–4,34), endometrial (HR, 3,33; IC 95%, 1,16–6,77), rim (HR, 4,52; IC 95%, 1,17–10,48), colorretal (HR, 2,54; 95% IC, 1,27–5,09) e câncer de fígado (HR, 1,61; IC 95%, 1,09–4,57).
Entre os participantes com inflamação crônica (níveis de proteína C reativa ≥3 mg/L), o padrão de trajetória de aumento elevado foi significativamente associado a tumores subsequentes de mama, endométrio, colorretal e fígado.
“A associação entre pontuações elevadas de síndrome metabólica (SM) em longo prazo e um risco aumentado de vários tipos de câncer é um achado fundamental”, destacam os autores, acrescentando que o estudo indica que os indivíduos com síndrome metabólica, especialmente quando associada à inflamação crônica, correm um risco aumentado de câncer. “A monitorização e manejo sustentados da síndrome metabólica poderiam ser benéficas na redução do risco de câncer”, concluem.
Referência: Deng L, Liu T, Liu C-A, et al. The association of metabolic syndrome scores trajectory patterns with risk of all cancer types. Cancer. 2024; 1-10. doi:10.1002/cncr.35235