Estudo observacional prospectivo realizado em pacientes diagnosticados com carcinoma de células escamosas estágio IV avaliou os regimes quimioterápicos de combinação gemcitabina-cisplatina e paclitaxel-carboplatina e demonstrou taxas de resposta global semelhantes nos dois grupos de tratamento. “Os dois regimes são opções aceitáveis quando não existe acesso a novas imunoterapias”, concluíram os autores. Os resultados foram selecionados para apresentação em pôster no ELCC 2023.

O carcinoma de células escamosas representa cerca de 20% de todos os tumores de pulmão. Gemcitabina-cisplatina e paclitaxel-carboplatina são os dois regimes quimioterápicos de combinação comumente usados no carcinoma espinocelular avançado do pulmão, onde não existe acesso a novas terapêuticas, como a imunoterapia, com benefícios comprovados em termos de taxa de resposta e sobrevida, e são tolerados pela maioria dos pacientes.

Para avaliar a eficácia desses regimes em pacientes com carcinoma de células escamosas estágio IV, esse estudo observacional prospectivo incluiu pacientes do Government Medical College, Trivandrum, entre abril de 2018 e setembro de 2019, que devido à indisponibilidade de testes de PDL1 e novas imunoterapias iniciaram quimioterapia paliativa com gemcitabina-cisplatina e paclitaxel-carboplatina. Após 4 ciclos de quimioterapia, foi realizada a tomografia computadorizada (TC) de tórax para avaliar a resposta ao tratamento.

O desfecho primário foi a taxa de resposta global (ORR), definida de acordo com os critérios RECIST, após a conclusão de 4 ciclos de quimioterapia. Os desfechos secundários incluíram a incidência e o grau de toxicidade dos dois esquemas.

Resultados

Foram incluídos 194 pacientes no estudo. A resposta global foi de 26% no braço paclitaxel-carboplatina e 27% no braço gemcitabina-cisplatina (valor p-0,76) e não foi estatisticamente significativa entre os 2 regimes. Anemia e neutropenia de graus 3 e 4 foram mais observadas com paclitaxel-carboplatina em comparação com gemcitabina cisplatina (4% vs 0% e 4% vs 0%) (p value < 0,01).

Trombocitopenia de graus 3 e 4 também foi observada com maior frequência em pacientes tratdos com paclitaxel-carboplatina em comparação com gemicitabina-cisplatina, e foi estatisticamente significativa (4% vs 0%; p value < 0,01). Náuseas e vômitos de graus 3 e 4 foram mais observados no braço de gemcitabina-cisplatina, mas não foram estatisticamente significativos (8% vs 4%); (p value 0,07). Não houve toxicidade renal graus 3 ou 4, anormalidade eletrolítica ou perda auditiva na população do estudo.

“A taxa de resposta global foi semelhante nos dois grupos de tratamento, reforçando que ambos podem ser vistos como uma opção aceitável quando não existe acesso a novas imunoterapias”, concluíram os autores.