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Osimertinibe é um inibidor de tirosina quinase do receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR-TKI) de terceira geração, de uso oral, hoje a espinha dorsal da estratégia de tratamento do paciente com câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) com mutação do EGFR. Depois do estudo FLAURA, que demonstrou sobrevida global mediana de mais de 3 anos com osimertinibe em monoterapia, evidências do estudo FLAURA 2 mostram a eficácia e segurança da adição de osimertinibe à quimioterapia com platina-premetrexede, aumentando em quase 9 meses a SLP mediana, com redução de 38% no risco de progressão da doença ou morte.

A combinação do anti CTLA-4 tremelimumabe (curso limitado) com o anti PD-L1 durvalumabe e 4 ciclos de quimioterapia baseada em platina melhorou significativamente a sobrevida global e a sobrevida livre de progressão de pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas metastático (CPCNPm). Esses resultados embasaram a aprovação do esquema triplo pelas principais agências reguladoras mundiais, inclusive a Anvisa2, demonstrando a eficácia e a segurança dessa combinação como primeira linha de tratamento no CPCNPm, inclusive para alguns subgrupos mais difíceis de tratar.

Enfortumabe vedotina (Padcev®), um anticorpo conjugado a droga direcionado à nectina-4, aumentou a sobrevida global (SG) e a sobrevida livre de progressão (SLP) em pacientes com carcinoma urotelial localmente avançado ou metastático (la/mUC). É o que demonstram os resultados de eficácia e segurança do estudo de fase 3 EV-301 (NCT03474107), que embasou o registro sanitário de enfortumabe vedotina nas principais agências regulatórias mundiais, incluindo a ANVISA.

O tratamento adjuvante com osimertinibe (Tagrisso®, Astrazeneca) reduz significativamente o risco de morte em adultos com câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) completamente ressecado, com mutação no EGFR (EGFRm) e doença estágio IB, II ou IIIA. É o que mostra a análise final de sobrevida global do estudo de fase 3 ADAURA apresentada pelo oncologista Roy Herbst, do Yale Cancer Center, em Sessão Plenária (LBA3) no ASCO 2023, com resultados que reforçam osimertinibe adjuvante como o padrão atual de tratamento para esses pacientes.1 Os resultados foram publicados simultaneamente no New England Journal of Medicine (NEJM).2

Neste ensaio foram inscritos pacientes adultos (com idade ≥18 anos [≥20 no Japão e Taiwan] e com bom status de desempenho (PS 0/1 da OMS), com CPCNP com mutação EGFR (EGFRm) totalmente ressecado (ex19del/L858R), doença estágio IB, II ou IIIA (AJCC/UICC 7ª edição). Os pacientes elegíveis foram randomizados 1:1 para receber osimertinibe 80 mg uma vez ao dia, ou placebo, até a recorrência da doença, conclusão do tratamento em três anos ou critério de descontinuação. O endpoint primário foi sobrevida livre de doença (SLD) no estágio IIꟷIIIA. Endpoints secundários incluíram SLD no estágio IBꟷIIIA, sobrevida global (SG) e segurança.

Estudo randomizado, duplo-cego, de fase III (EMPOWER-Lung 3) apresentou no Congresso Europeu de Câncer de Pulmão (ELCC 2023) dados atualizados do anti PD-1 cemiplimabe associado à quimioterapia em pacientes com câncer de pulmão de não pequenas células (CPNPC) avançado, sem alterações em EGFR, ALK ou ROS1, com histologia escamosa ou não escamosa e qualquer nível de expressão de PD-L1. Os resultados mostram que após seguimento mediano de 28,4 meses, a adição de cemiplimabe continuou a aumentar a sobrevida global e livre de progressão nessa população de pacientes e praticamente dobrou a taxa de resposta.

Neste ensaio, os pacientes foram randomizados 2:1 para receber 4 ciclos de quimioterapia dupla com platina, com 350 mg de cemiplimabe (n = 312) ou placebo (n = 154) a cada 3 semanas por até 108 semanas. O endpoint primário foi a sobrevida global (SG); endpoints secundários incluíram sobrevida livre de progressão (SLP) e taxa de resposta objetiva (ORR).

O tratamento com o conjugado de anticorpo-medicamento (Daiichi Sankyo/Astrazeneca) mostrou eficácia consistente independente da carga da doença, tratamento anterior com CDK4/6i ou rápido estado de progressão da doença. Os resultados são de análise de subgrupos apresentada no San Antonio Breast Cancer Symposium (SABCS 2022) pela oncologista Nadia Harbeck, da Universidade de Munique.

O estudo de Fase 3 DESTINY-Breast04 demonstrou que trastuzumabe deruxtecana (T-DXd) prolongou significativamente a sobrevida livre de progressão (SLP) e a sobrevida global (SG) em comparação com o tratamento de escolha do médico (TPC) em pacientes com câncer de mama metastático HER2-low (imuno-histoquímica [IHC] 1+ ou IHC 2+ /hibridação in situ negativa) na coorte receptor hormonal positivo (HR+) e em todos os pacientes (HR+ e HR-; mediana de SLP, 9,9 vs. 5,1 meses, hazard ratio: 0,50; p<0,001; mediana de sobrevida global 23,4 vs. 16,8 meses, hazard ratio: 0,64; p=0,001; Modi et al. N Engl J Med 2022). A taxa de resposta objetiva (ORR) com trastuzumabe deruxtecana foi ≥50% em todas as coortes.

O tratamento de segunda linha com o conjugado de anticorpo-medicamento (ADC) trastuzumabe deruxtecana (T-DXd) levou a uma sobrevida global significativamente mais longa em comparação com trastuzumabe entansina (T-DM1) em pacientes com câncer de mama metastático HER2-positivo. Os resultados atualizados do estudo de Fase 3 DESTINY-Breast03 foram apresentados no San Antonio Breast Cancer Symposium (SABCS 2022) e publicados simultaneamente no The Lancet, em artigo com participação dos médicos brasileiros Vanessa Petry e Roberto Hegg.

“Quase todos os pacientes com câncer de mama metastático HER2-positivo apresentam progressão da doença no tratamento de primeira linha, exigindo a transição para um tratamento de segunda linha”, disse Sara Hurvitz, professora de medicina na Escola de Medicina David Geffen da Universidade da Califórnia Los Angeles e Jonsson Comprehensive Cancer Center e primeira autora do trabalho.

Comparado com regimes baseados em capecitabina, trastuzumabe deruxtecana (T-DXd) apresentou taxas de resposta mais altas e maior sobrevida no cenário de terceira linha de tratamento para pacientes com câncer de mama metastático HER2-positivo previamente tratados com trastuzumabe entansina (T-DM1). Os resultados do estudo de fase 3 DESTINY-Breast02 foram apresentados pelo oncologista Ian Krop, médico do Yale Cancer Center, no San Antonio Breast Cancer Symposium (SABCS 2022).

No ensaio clínico fase II, braço único, DESTINY-Breast01, T-DXd mostrou atividade clínica após segunda linha de tratamento para pacientes com câncer de mama metastático HER2-positivo previamente tratados com T-DM1, outro conjugado de anticorpo-medicamento direcionado a HER2. Esses resultados levaram à aprovação acelerada do T-DXd nos EUA em 2019 para pacientes com câncer de mama metastático ou irressecável que haviam recebido dois ou mais regimes prévios baseados em anti-HER2.

Marcelo Capra, do Centro Integrado de Hematologia e Oncologia do Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre, é primeiro autor de análise de subgrupos do estudo randomizado de Fase 3 (IKEMA) apresentada no congresso da Sociedade Americana de Hematologia (ASH 2022) que avaliou isatuximabe (Sarclisa®, Sanofi) mais carfilzomibe e dexametasona no tratamento do mieloma múltiplo recidivado, de acordo com as linhas prévias de tratamento. Os resultados desta análise de subgrupo são consistentes com o benefício observado na população geral do estudo IKEMA e apoiam ainda mais Isa-Kd como um tratamento padrão para pacientes com MM recidivado e/ou refratário.

Destacado no programa científico do 2022 ESMO Immuno-Oncology Congress (ESMO-IO), ensaio clínico randomizado de Fase 3 (EMPOWER-Lung 3)1 apresentou resultados da parte I do estudo com o anti-PD-1 cemiplimabe  (Libtayo®, Sanofi/Regeneron) em pacientes com câncer de pulmão não pequenas células (CPNPC) avançado, mostrando que a adição de cemiplimabe e do anti-CTLA-4 ipilimumabe a um curso reduzido de quimioterapia conferiu benefício significativo de sobrevida global em pacientes com CPNCP com expressão de PD-L1 <50%.