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AtualizadoTer, 30 Abr 2024 10pm

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ESMO 2023

Poluição aumenta risco de câncer de mama

poluicao mulherAs mulheres que vivem e trabalham em locais com níveis mais elevados de poluição atmosférica por partículas finas têm maior probabilidade de desenvolver câncer de mama do que aquelas que vivem e trabalham em áreas menos poluídas. Os resultados são do primeiro estudo que leva em conta os efeitos da exposição residencial e no local de trabalho à poluição atmosférica no risco de câncer de mama, um dos destaques do programa científico do Congresso ESMO 2023, que acontece de 20 a 24 de outubro em Madri.

“Os nossos dados mostraram uma associação estatisticamente significativa entre a exposição a longo prazo à poluição atmosférica por partículas finas, em casa e no trabalho, e o risco de câncer de mama. Isso contrasta com pesquisas anteriores que analisaram apenas a exposição a partículas finas onde as mulheres viviam e que apontavam pequeno ou nenhum efeito no risco de câncer de mama”, afirmou Béatrice Fervers, do Departamento de Prevenção do Câncer e Meio Ambiente do Léon Bérard Comprehensive Cancer Centre, França.

No estudo, a exposição à poluição em casa e no local de trabalho em 2.419 mulheres com câncer de mama foi comparada com a de 2.984 mulheres sem câncer de mama durante o período 1990-2011. Os resultados mostraram que o risco de câncer de mama aumentou 28% quando a exposição à poluição atmosférica por partículas finas (PM2,5) aumentou 10 μg/m3 – aproximadamente a diferença de concentração de partículas PM2,5 normalmente observada em áreas rurais versus urbanas da Europa.

 Aumentos menores no risco de câncer de mama também foram registrados em mulheres expostas a altos níveis de poluição atmosférica por partículas maiores (PM10 e dióxido de nitrogênio). Fervers e colegas planejam agora investigar os efeitos da exposição à poluição durante os deslocamentos para obter uma imagem completa dos efeitos no risco de câncer de mama.

 Charles Swanton, professor do Instituto Francis Crick, em Londres, sublinhou a importância das novas descobertas sobre o câncer de mama. “Essas partículas muito pequenas podem penetrar profundamente no pulmão e entrar na corrente sanguínea, de onde são absorvidas pela mama e outros tecidos. Já existem evidências de que os poluentes atmosféricos podem alterar a arquitetura da mama. Será importante testar se os poluentes permitem que as células do tecido mamário com mutações pré-existentes se expandam e impulsionem a promoção de tumores, possivelmente através de processos inflamatórios semelhante às nossas observações em não fumantes com câncer de pulmão”, disse ele, cuja pesquisa sugerindo como as partículas PM2,5 podem desencadear câncer de pulmão em não fumantes foi apresentada no Congresso ESMO 2022. “É muito preocupante que pequenas partículas poluentes no ar e, na verdade, partículas microplásticas de tamanho semelhante, entrem no ambiente quando ainda não compreendemos o seu potencial para promover o câncer.  Há uma necessidade urgente de realizar estudos laboratoriais para investigar os efeitos dessas pequenas partículas poluentes atmosféricas na latência, grau, agressão e progressão dos tumores da mama”, acrescentou.

Agora, fortes evidências epidemiológicas e biológicas sustentam a ligação entre a exposição às partículas PM2,5 e o câncer. “Existem, portanto, boas razões clínicas e econômicas para reduzir a poluição para prevenir o câncer”, afirmou Jean-Yves Blay, Diretor de Políticas Públicas da ESMO.

Uma proposta da Comissão Europeia em outubro de 2022 prevê reduzir o limite de partículas PM2,5 no ar dos atuais 25 μg/m3 para 10 μg/m3 até 2030. No entanto, a ESMO apelou para uma redução ainda maior do limite de PM2,5 para 5 μg/m3, em conformidade com as orientações sobre qualidade do ar da Organização Mundial de Saúde. “Reduzir as partículas PM2,5 no ar para o nível recomendado pela OMS é fundamental devido à sua associação com uma variedade de tipos de tumores, incluindo o câncer de mama”, acrescentou Blay. “Temos a responsabilidade de promover esta mudança, não só para as pessoas na Europa, mas em todo o mundo, onde existem grandes variações no cenário de poluição”.
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