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AtualizadoQui, 02 Maio 2024 4pm

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SAN ANTONIO 2023

Microbioma intestinal de pacientes com câncer de mama estágio inicial tratados com QT NEO

ludmila romualdo sabcs23A oncologista Ludmila Thommen é primeira autora de estudo selecionado para apresentação em pôster no SABCS 2023 que buscou caracterizar o microbioma intestinal de pacientes com câncer de mama submetidas à quimioterapia neoadjuvante e avaliar sua associação com fatores prognósticos e desfechos clínico-patológicos. O oncologista Romualdo Barroso-Sousa (foto), médico da Dasa Oncologia, é o autor sênior do trabalho.

“O microbioma intestinal foi identificado como um dos principais fatores ambientais que podem regular o desenvolvimento e a manutenção do sistema imunológico. Em oncologia, embora a importância do microbioma intestinal tenha sido avaliada em tumores mais imunogênicos, como melanoma, carcinoma de pulmão e carcinoma de células claras, sua importância no câncer de mama em estágio inicial é pouco explorada”, esclareceram os autores.

Neste estudo prospectivo realizado em duas instituições brasileiras, os pesquisadores coletaram amostras fecais antes de iniciar o tratamento (tempo 1) e antes da cirurgia (tempo 2) de 55 pacientes que receberam quimioterapia neoadjuvante (QTneo) com antraciclina/taxano. O microbioma intestinal foi analisado por sequenciamento de amplicon 16S rRNA para caracterizar a diversidade α (índice InvSimpson) e β (métrica de distância UniFrac ponderada), bem como a composição taxonômica.

Fatores prognósticos clínico-patológicos foram recuperados dos prontuários médicos. A resposta patológica completa (pCR) foi definida como a ausência de carcinoma invasivo na mama e nos linfonodos axilares (ypT0/Tis ypN0). Linfócitos tumorais infiltrantes estromais (TILs) foram relatados de acordo com o consenso do grupo internacional de Tils (SALGADO et al., 2015). Informações sobre o uso prévio (<60 dias antes da indicação da QTneo) de antibiótico (ATB) foram obtidas diretamente dos pacientes.

A significância estatística foi fixada em P ≤ 0,05 e a análise da composição dos microbiomas (ANCOM-BC2) foi utilizada para identificar gêneros enriquecidos com valores de p ajustados usando correção FDR ≤ 0,25.

Resultados

A mediana de idade foi de 49 anos (variação de 31 a 73). Onze pacientes (20%) relataram uso prévio de antibióticos no início do estudo. Cerca de 34,5% dos pacientes tinham tumores RH+, 45,4% câncer de mama triplo negativo e 20% câncer de mama HER2+. Quatorze (25%) pacientes obtiveram resposta patológica completa. Entre 55 pacientes, 47 (85,4%) forneceram lâminas de H&E para análise do infiltrado inflamatório.

Não houve diferença significativa na α-diversidade (p = 0,6) e β- diversidade (p = 0,8) entre o grupo que alcançou pCR e aqueles que ficaram com doença residual, nem com as outras varáveis analisadas (idade, Estadiamento clínico, grau histológico do tumor, subtipo de câncer de mama com base na IHC, TILs). Em termos de composição microbiana o táxon mais abundante tanto no pré-QTneo quanto pós-QTneo foi o mesmo (Lachnospirales a nível de ordem, Lachnospiraceae a nível de família e Blautia a nível de gênero). Com relação a comparação estatística das amostras longitudinais evidenciamos estabilidade da composição da microbiota intestinal após exposição da quimioterapia.

Nas amostras pré-QTneo, os pesquisadores encontraram um enriquecimento para Clostridia sp. entre pacientes que não usaram antibiótico (p < 0,05, pFDR ≤ 0,25).

Na análise de abundância diferencial a nível de gênero na amostra pré-QTneo entre o subtipo molecular (HER2+ vs RH+) verificamos que Agathobacter foi o gênero mais abundante nas amostras HER2+. Além disso, verificamos alteração de abundância significativa nas amostras das pacientes com doença residual pelo subtipo HER2+. A microbiota intestinal nas amostras pré-QTneo em pacientes com doença residual foi enriquecida para os gêneros Bifidobacterium e Monoglobus ((p < 0,05, pFDR ≤ 0,25) e na pós-QTneo encontramos enriquecimento para o gênero Bifidobacterium (p < 0,05, pFDR ≤ 0,25).

Com relação a análise da abundância diferencial da microbiota intestinal e a variável infiltrado linfocitário tumoral, nosso trabalho revelou que o gênero mais enriquecido nos casos de TILs ≥ 30% nas amostras pré-QTneo foram Bacteroides, Roseburia e Lachnoclostridium. Conseguimos realizar a abundância relativa das amostras pré-QTneo com relação ao subtipo triplo negativo com TILs ≥ 30% e a composição taxonômica foi enriquecido pelo gênero Bacteroides.

“A análise do microbioma intestinal no câncer de mama inicial é viável e, até onde sabemos, este é o primeiro estudo a avaliar o microbioma intestinal de pacientes brasileiras com câncer de mama. Nossas descobertas fornecem um panorama sobre a composição do microbioma intestinal em pacientes com câncer de mama inicial. Não observamos nenhuma associação significativa entre a diversidade do microbioma intestinal e a composição taxonômica com fatores clínico-patológicos e resposta patológica completa, nem observamos mudanças no equilíbrio ecológico do microbioma intestinal após a quimioterapia neoadjuvante no câncer de mama”, concluíram os autores.  Identificamos associações significativas entre a abundância relativa do microbioma intestinal no nível de gênero e determinados parâmetros clínico-patológicos.  “Mais estudos são necessários para explorar a potencial influência do microbioma intestinal na biologia do tumor e na resposta à quimio-imunoterapia neoadjuvante”, acrescentaram.

O estudo teve participação dos pesquisadores Anamaria Camargo, Vitor Heidrich e Lilian Tiemi Inoue (Hospital Sírio-Libanês – São Paulo); Rosângela Vieira de Andrade e Maria Sueli Soares Felipe (Universidade Católica de Brasília); Luiza Nardin Weis (Hospital de Base do Distrito Federal); Melissa Iole Da Cas Vita (Hospital Sírio-Libanês – Brasília); e Thiago David Alves Pinto (Universidade de Brasília). 

Referência: PO4-03-04 Characterization of Gut Microbiome of patients with early-stage breast cancer treated with neoadjuvant chemotherapy

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