Marcelo Antonini (foto), mastologista do Hospital do Servidor Público Estadual, em São Paulo, é primeiro autor de estudo que buscou descrever o perfil epidemiológico do câncer de mama masculino no Brasil e compará-lo com o câncer de mama feminino. Os resultados foram apresentados no SABCS 2023.

O câncer de mama masculino constitui aproximadamente 1% de todos os casos de câncer de mama, e poucos estudos têm focado nesta população, o que resulta na falta de compreensão da doença em homens”, observam os autores.

Nesse estudo observacional transversal abrangente, os pesquisadores utilizaram dados retrospectivos do banco de dados DATASUS (SISCAN/Sistema de Informação sobre Câncer), abrangendo o período de 2017 a 2021. Foram incluídos pacientes do sexo masculino e feminino com diagnóstico de câncer de mama (CID C50) nesse período. A análise estatística envolveu valores absolutos, percentuais e intervalo de confiança de 95% (p < 0,05).

Resultados

A análise do período de estudo revelou 4.326 casos (1,8%) de câncer de mama masculino e 236.597 casos (98,2%) de câncer de mama feminino no Brasil. A região Sudeste apresentou maior concentração de casos para ambos os sexos, enquanto a região Nordeste apresentou maior prevalência no sexo masculino (p < 0,0004).

Os resultados mostraram uma mediana de idade mais elevada entre os homens (59,5 anos) em comparação com as mulheres (55,7 anos) e uma maior prevalência de estágios avançados no momento do diagnóstico em homens (72,8% vs. 59,3%). As abordagens diagnósticas, a distribuição dos subtipos e as modalidades de tratamento também foram diferentes entre os sexos.

“O câncer de mama masculino apresenta estágios mais avançados ao diagnóstico em comparação ao feminino, necessitando de intervenções cirúrgicas mais agressivas. No entanto, os homens também se beneficiam do início mais precoce do tratamento. Estas descobertas contribuem para uma melhor compreensão do câncer de mama masculino, permitindo o desenvolvimento de estratégias de manejo personalizadas para esta população única de pacientes”, concluíram os autores.

Além de Antonini, participaram do estudo os pesquisadores Gabriel Pannain, Steffi Buttenbender, Reginaldo Coelho Lopes e Odair Ferraro, do Hospital do Servidor Público Estadual; e Andre Mattar, do Hospital Pérola Byington.

Referência: (PO3-09-12) Exploring Gender-Specific Patterns of Breast Cancer in Brazil: A Comparative Epidemiological Study