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AtualizadoSex, 26 Abr 2024 5pm

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ProtecT: vigilância ativa e tratamento radical conferem resultados semelhantes no câncer de próstata localizado

eduardo zucca esmo22Após um acompanhamento de 15 anos, a vigilância ativa no câncer de próstata localizado apresentou as mesmas taxas de sobrevida que a radioterapia ou a cirurgia. Os resultados são do estudo ProtecT, apresentado em março no Congresso da Associação Europeia de Urologia (EAU), em Milão, e publicado na New England Journal of Medicine (NEJM). “É um estudo extremamente importante que reforça a vigilância ativa como uma estratégia de tratamento eficaz, principalmente em pacientes gleason 6”, avalia o oncologista Eduardo Zucca (foto).

Entre 1999 e 2009, 82.429 homens entre 50 e 69 anos no Reino Unido receberam um teste de antígeno prostático específico (PSA). O câncer de próstata localizado foi diagnosticado em 2.664 homens. Desses homens, 1.643 foram inscritos em um estudo para avaliar a eficácia dos tratamentos, com 545 pacientes randomizados para receber vigilância ativa, 553 pacientes prostatectomia e 545 pacientes radioterapia.

Em um acompanhamento médio de 15 anos (intervalo de 11 a 21), os pesquisadores compararam os resultados nessa população com relação à morte por câncer de próstata (desfecho primário) e morte por qualquer causa, metástases, progressão da doença e início de terapia de privação androgênica de longo prazo (desfechos secundários).

Resultados

O seguimento foi completo para 1.610 pacientes (98%). Uma análise de estratificação de risco mostrou que mais de um terço dos homens apresentava doença de risco intermediário ou alto no momento do diagnóstico.

A morte por câncer de próstata ocorreu em 45 homens (2,7%): 17 (3,1%) no grupo de vigilância ativa, 12 (2,2%) no grupo de prostatectomia e 16 (2,9%) no grupo de radioterapia (P = 0,53 para a comparação global). A morte por qualquer causa ocorreu em 356 homens (21,7%), com números semelhantes nos três grupos. Metástases se desenvolveram em 51 homens (9,4%) no grupo de vigilância ativa, em 26 (4,7%) no grupo de prostatectomia e em 27 (5,0%) no grupo de radioterapia.

A terapia de privação androgênica de longo prazo foi iniciada em 69 homens (12,7%), 40 (7,2%) e 42 (7,7%), respectivamente; a progressão clínica ocorreu em 141 homens (25,9%), 58 (10,5%) e 60 (11,0%), respectivamente.

No grupo de vigilância ativa, 133 homens (24,4%) estavam vivos sem nenhum tratamento de câncer de próstata no final do acompanhamento. Nenhum efeito diferencial na mortalidade câncer-específica foi observado em relação ao nível do PSA no baseline, estágio ou grau do tumor ou escore de estratificação de risco. Nenhuma complicação do tratamento foi relatada após a análise de 10 anos.

“Após 15 anos de acompanhamento, a mortalidade específica do câncer de próstata foi baixa, independentemente do tratamento atribuído. Assim, a escolha da terapia para o câncer de próstata localizado deve envolver os benefícios e danos associados aos tratamentos, bem como as preferências dos pacientes”, afirmaram os autores.

“Vale destacar que nesse estudo 30% dos pacientes que fizeram prostatectomia radical tiveram também um upgrade no Gleason. Então, mesmo na biopsia que vem um gleason 6, isso não é um indicativo de que será um gleason 6 para sempre”, observa Eduardo Zucca, oncologista e Diretor de Ensino e Pesquisa do Instituto do Câncer Brasil - IC Brasil. “Além disso, é importante ressaltar que estudo a quantidade de pacientes com metástases à distância foi maior no braço da vigilância ativa, quase o dobro de pacientes do que na prostatectomia radical e radioterapia”, acrescenta.

“No entanto, acredito que estamos conseguindo selecionar melhor os pacientes para a vigilância ativa. Esse estudo vem para afirmar que a vigilância ativa é um excelente tratamento. Discutir com os pacientes é parte importante da escolha do tratamento”, conclui.

O estudo foi financiado pelo National Institute for Health and Care Research; ProtecT Current Controlled Trials number, ISRCTN20141297; e está registrado em ClinicalTrials.gov, NCT02044172.

Referência: Hamdy FC, Donovan JL, Lane JA, Metcalfe C, Davis M, Turner EL, Martin RM, Young GJ, Walsh EI, Bryant RJ, Bollina P, Doble A, Doherty A, Gillatt D, Gnanapragasam V, Hughes O, Kockelbergh R, Kynaston H, Paul A, Paez E, Powell P, Rosario DJ, Rowe E, Mason M, Catto JWF, Peters TJ, Oxley J, Williams NJ, Staffurth J, Neal DE; ProtecT Study Group. Fifteen-Year Outcomes after Monitoring, Surgery, or Radiotherapy for Prostate Cancer. N Engl J Med. 2023 Mar 11. doi: 10.1056/NEJMoa2214122. Epub ahead of print. PMID: 36912538.


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