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AtualizadoQui, 02 Maio 2024 4pm

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Daichii Sankyo

 

SABR ou radioterapia estereotática ablativa em oligometástases pulmonares

Robson Ferrigno NET OK 2Em um ensaio clínico randomizado de fase II, o Trans Tasman Radiation Oncology Group comparou a radioterapia estereotática ablativa de fração única versus multifração (SABR) em 90 pacientes com 133 oligometástases no pulmão. O estudo não encontrou diferenças na segurança, eficácia, imunogenicidade sistêmica ou sobrevida entre os braços, com o SABR de fração única apresentando melhor custo-efetividade, descrevem Silva et al, no Journal of Clinical Oncology (JCO). O radio-oncologista Robson Ferrigno (foto) analisa os principais achados.

Neste artigo, os autores relatam a análise final atualizada dos resultados de sobrevida do estudo SAFRON II (Single-Fraction vs Multifraction Stereotactic Ablative Body Radiotherapy for Pulmonary Oligometastases). O protocolo exigia nenhuma terapia sistêmica concomitante ou pós-terapia até a progressão. A sobrevida livre de doença modificada (mSLD) foi definida como qualquer progressão não tratável por terapia local ou morte.

Em um seguimento mediano de 5,4 anos, os autores relatam que as estimativas de 3 e 5 anos para a sobrevida global (SG) foram de 70% (95% CI, 59 a 78) e 51% (95% CI, 39 a 61). Não houve diferenças significativas entre os braços de fração única e múltipla para SG (razão de risco [HR], 1,1 [95% CI, 0,6 a 2,0]; P = 0,81). As estimativas de 3 e 5 anos para sobrevida livre de doença foram de 24% (95% CI, 16 a 33) e 20% (95% CI, 13 a 29), também sem diferenças entre os braços (HR, 1,0 [95% CI, 0,6 a 1,6]; P = 0,92), assim como as estimativas de 3 e 5 anos para mSLD (39% e 34%); (HR, 1,0 [IC 95%, 0,6 para 1,8]; P = 0,90).

Em conclusão, na população analisada, um em cada três pacientes está vivo sem doença a longo prazo entre aqueles que receberam SABR em vez de terapia sistêmica. Não houve diferenças nos resultados por esquema de fracionamento.

O estudo SAFRON II usou uma estratégia de tratamento de SABR em vez de terapia sistêmica.

O radio-oncologista Robson Ferrigno, Coordenador dos Serviços de Radioterapia na BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo, comenta a seguir os principais resultados do estudo Radioterapia ablativa com dose única:

O conceito de oligometástase vem sendo utilizado pela literatura nos últimos anos para os pacientes com uma até cinco lesões secundárias em vários órgãos e de diferentes sítios primários. Os estudos randomizados vêm mostrando que o emprego de terapias ablativas das oligometástases aumenta a sobrevida desses pacientes, bem como atrasa ou evita o emprego ou substituição de um determinado tratamento sistêmico. As terapias ablativas incluem ressecção cirúrgica, rádio ablação, crioterapia, químio embolização, rádio embolização e radioterapia com técnica precisa de liberação de dose, conhecida pelas siglas inglesas SBRT (“Stereotactic Body Radiation Therapy”) ou SABR (“Stereotactic Ablative Body Radiotherapy”). Esses dois termos se referem a uma técnica de radioterapia que libera dose concentrada de radiação num determinado tumor primário ou secundário, com altas doses por fração e em poucas frações, ou seja, de uma a cinco, em dias alternados ou duas vezes por semana. Nesses casos, utiliza-se um sistema de imagem antes de cada aplicação para verificar se o paciente está bem-posicionado e sem variação da anatomia interna para assegurar a precisão e a segurança da entrega dessas altas doses.

O estudo randomizado de fase II TROG 13-01 SAFRON II realizado na Austrália e Nova Zelândia é o primeiro estudo randomizado que comparou fração única (28 Gy) de radioterapia com múltiplas frações, no caso quatro aplicações de 12 Gy, duas vezes por semana, no tratamento de pacientes com até 3 lesões metastáticas pulmonares. A maioria dos pacientes (60%) tinha apenas uma lesão e a maioria (47%) possuía tumor primário de origem colorretal.

Os achados de desfechos oncológicos iguais (sobrevida global, sobrevida livre de doença e sobrevida livre de metástase) para ambos os grupos de pacientes favorecem o emprego de dose única devido à melhor logística para os serviços de radioterapia, ao melhor conforto para o paciente e, conforme mencionado no estudo, a melhor custo-efetividade. Pelos cálculos do estudo houve uma economia de 1.194 dólares australianos para cada paciente tratado com dose única comparados com os tratados com quatro aplicações.

Esses resultados para oligometástases pulmonares vêm ao encontro do estudo randomizado também de fase II RTOG 0915 que mostrou que dose única de radioterapia ablativa de 34 Gy possui a mesma efetividade e segurança do regime de 4 frações de 12 Gy, duas vezes por semana, para tumores malignos primários e clinicamente inoperáveis do pulmão2.

Embora o número de pacientes do estudo TROG 13-01 SAFRON II seja pequeno e o seguimento de apenas 5,4 anos, sua contribuição é muito importante e nos inclina a indicar a radioterapia ablativa com dose única com segurança nos pacientes com até 3 lesões pulmonares secundárias.

Num futuro próximo é bastante provável que a radioterapia ablativa com dose única será padrão para o tratamento de oligometástases pulmonares e de tumor primário inicial de pulmão, desde que o tamanho (até 5 cm) e localização (periférica) das lesões sejam favoráveis.

Referências:

  1. Siva S, Sakyanun P, Mai T, et al. Long-Term Outcomes of TROG 13.01 SAFRON II Randomized Trial of Single- Versus Multifraction Stereotactic Ablative Body Radiotherapy for Pulmonary Oligometastases. Journal of Clinical Oncology : Official Journal of the American Society of Clinical Oncology. 2023 May:JCO2300150. DOI: 10.1200/jco.23.00150. PMID: 37179526.
  2. Videtic GM, Paulus R, Singh AK, et al: Long-term follow-up on NRG oncology RTOG 0915 (NCCTG N0927): A randomized phase 2 study comparing 2 stereotactic body radiation therapy schedules for medically inoperable patients with stage I peripheral non-small cell lung cancer. Int J Radiat Oncol Biol Phys 103:1077-1084, 2019
 
 
 

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