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AtualizadoSex, 03 Maio 2024 6pm

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Daichii Sankyo

 

Rastreamento com teste molecular de HPV mostra viabilidade na África subsaariana

luisa lina villa 2020 bxUm teste molecular como método de rastreamento para a detecção do papilomavírus humano (HPV) demonstrou sua viabilidade e aceitação como programa de saúde pública na África subsaariana, região com uma das maiores taxas mundiais de mortes por câncer cervical. A análise foi relatada por Jessica Joseph e colegas em artigo no BMJ open. Luisa Lina Villa (foto), pesquisadora do ICESP e docente da Faculdade de Medicina da USP, comenta os resultados.

Nesta análise, os pesquisadores buscaram demonstrar a viabilidade operacional da introdução do teste de HPV como método principal de screening do câncer cervical em programas de saúde pública na África subsaariana. O teste foi implementado em 45 clínicas de saúde primárias e secundárias em Malawi, Nigéria, Senegal, Uganda e Zimbábue. “Esse é um importante diferencial desse trabalho, já que considerou a aplicação dessa estratégia de rastreamento do câncer de colo do útero diretamente nos serviços de saúde pública de cinco países africanos”, observa Luisa.

O estudo considerou 15.766 mulheres participantes com idade entre 25–54 anos atendidas em ambulatórios (somente no Senegal foi estendido à população geral) ou em clínicas de terapia antirretroviral (nos outros países, somente mulheres HIV positivas). Os critérios de elegibilidade seguiram as diretrizes nacionais para o rastreamento do câncer do colo do útero de cada país, considerando que as mulheres vivendo com HIV tem maior risco de desenvolver esse tumor após se infectar por HPV de alto risco oncogênico.

A intervenção consistiu na adoção do teste molecular de HPV para as mulheres elegíveis como estratégia de triagem primária para câncer cervical, enquanto as mulheres com HPV positivo foram encaminhadas para inspeção visual com ácido acético (VIA) e, caso fossem identificadas lesões, foram encaminhadas para tratamento ambulatorial ou referidas a serviços terciários. O endpoint primário foi a proporção de mulheres HPV-positivas que receberam resultados e vinculadas a VIA e a proporção de mulheres HPV-positivas e VIA-positivas que receberam tratamento.

Os autores descrevem que entre as 15 766 mulheres rastreadas e testadas para HPV, 14.564 (92%) tiveram resultados válidos e 4.710/14.564 (32%) eram HPV positivas. 13 837 (95%) dos resultados válidos foram devolvidos à clínica e 3376 (72%) das mulheres com HPV positivo receberam os resultados. Das mulheres que receberam VIA (n=2735), 715 (26%) foram VIA positivas e 622 (87%) receberam tratamento de crioterapia e ablação térmica, 75% no mesmo dia que VIA.

“Independentemente do modelo testado – teste rápido, referido ou centralizado – a maioria das mulheres recebeu o resultado de HPV, tendo sido em seguida triadas por VIA (visual inspection with acetic acid) e tratadas de acordo com o resultado do VIA. Em alguns centros de saúde pública, foi possível executar todos os procedimentos – do teste de HPV até o tratamento – no mesmo dia: além de vantajoso para o rastreamento do câncer do colo do útero, o artigo demonstra a viabilidade de execução em diferentes países africanos. Além disso, em alguns países as amostras foram obtidas por auto-coleta (com diferentes kits), tendo sido avaliado como procedimento muito aceitável ou até preferido pelas mulheres”, destaca Luisa.

Em síntese, o teste de HPV foi considerado viável nos cinco países do estudo em um ambiente de saúde pública, indicando que com infraestrutura de apoio e recursos suficientes para garantir a vinculação ao tratamento. O uso do teste de HPV para rastreamento do câncer do colo do útero, conforme recomendado pela OMS, é um modelo promissor em países de baixa e média renda.

“Essa publicação indica claramente que é possível introduzir metodologia com melhor performance para o screening do câncer do colo do útero. Os custos dos testes moleculares de HPV tem sofrido redução significativa, o que viabilizará sua aplicação em países de baixa e média renda, onde esses tumores são mais frequentes”, conclui Luisa.

A íntegra do estudo está disponível em acesso aberto.

Referência: Joseph J, Demke O, Ameyan L, et al. Human papillomavirus testing using existing nucleic acid testing platforms to screen women for cervical cancer: implementation studies from five sub-Saharan African countries. BMJ Open 2023;13:e065074. doi: 10.1136/bmjopen-2022-065074


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