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AtualizadoQui, 02 Maio 2024 7pm

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Daichii Sankyo

 

Índice nutricional e prognóstico no pós-operatório do câncer gástrico

vania assaly 23A melhoria nutricional pré-operatória e a manutenção nutricional pós-operatória são importantes para o melhor prognóstico de pacientes com câncer gástrico superior e câncer de junção esofagogástrica, como demonstra estudo de Kakiuchi et al. na Surgical Oncology. A nutróloga Vânia Assaly (foto) comenta os resultados.

Embora a gastrectomia proximal (PG) seja comumente usada em pacientes com câncer gástrico superior (GC) e câncer da junção esofagogástrica (JEG), os fatores prognósticos de longo prazo nesses pacientes são pouco compreendidos.

Kakiuchi e colegas conduziram uma análise secundária do rD-FLAP, um estudo retrospectivo, multicêntrico, que incluiu pacientes submetidos à técnica de duplo retalho (DFT), uma esofagogastrostomia com mecanismo anti-refluxo após gastrectomia proximal. A análise considerou pacientes entre janeiro de 1996 e dezembro de 2015, com o objetivo de avaliar os resultados da reconstrução DFT.

Foram inscritos 509 pacientes com câncer gástrico superior e câncer da junção esofagogástrica. Análises univariadas e multivariadas de sobrevida global demonstraram que um índice nutricional prognóstico pré-operatório (PNI) < 45 (p < 0,001, razão de risco [HR]: 3,59, intervalo confidencial [IC] de 95%: 1,93–6,67) foi um fator independente de mau prognóstico juntamente com o fator T patológico ([pT] ≥2) (p = 0,010, HR: 2,29, IC 95%: 1,22–4,30) e o fator N patológico ([pN] ≥1) (p = 0,001, HR: 3,27, 95% IC: 1,66–6,46).

Em pacientes com PNI pré-operatório ≥45, a alteração do PNI (<90%) no acompanhamento de 1 ano (p = 0,019, HR: 2,54, IC 95%: 1,16–5,54) foi um fator independente de mau prognóstico, para o qual o tempo de operação (≥300 min) e perda sanguínea (≥200 mL) foram fatores de risco independentes. Nenhum fator prognóstico independente foi identificado em pacientes com PNI pré-operatório <45.

“PNI é um fator prognóstico em pacientes com câncer gástrico superior e de junção esofagogástrica. A melhoria nutricional pré-operatória e a manutenção nutricional pós-operatória são importantes para o melhor prognóstico desses pacientes”, concluem os autores.

O PNI, calculado com base na concentração sérica de albumina e na contagem de linfócitos no sangue periférico, é um indicador da condição nutricional e imunológica de pacientes com diversos tipos de câncer. Neste estudo, o PNI foi um fator prognóstico independente juntamente com pT e pN em pacientes com câncer gástrico superior e câncer da junção esofagogástrica submetidos a gastrectomia proximal com reconstrução DFT. Surpreendentemente, a idade não foi um fator prognóstico independente na análise multivariada.

Esses achados indicam que a manutenção nutricional após a cirurgia é importante mesmo em pacientes com boa nutrição antes da intervenção cirúrgica.

Para a nutróloga Vânia Assaly, Diretora do Instituto Assaly e Presidente da Latin American Lifestyle Medicine Association (LALMA), os resultados de Kakiuchi et Al. reforçam a importância do status nutricional. “Como já apontado em algumas publicações, o valor do status nutricional e a oferta de macro e micronutrientes na qualidade da recuperação de pacientes submetidos a intervenções cirúrgicas, como citado neste artigo, é de extrema importância no desfecho bem-sucedido do pós-operatório, assim como na qualidade de recuperação de pacientes em suas diferentes etapas e sequências de tratamento”, destaca.

Vânia contextualiza a importância da terapia nutricional como parte do conceito de Recuperação Aprimorada Após Cirurgia (ERAS). “No processo de remoção de tumores gástricos e esofágicos, a necessidade de reconstrução de grandes  áreas removidas pelo acometimento  complexo e invasivo da doença, muitas vezes com uma  condição nutricional já comprometida e  arrastada por aspectos do estilo de vida associado a  maus hábitos como o tabagismo, etilismo e outras doenças inflamatórias, pedem atenção para o desequilíbrio de macro e micronutrientes que podem comprometer  as  necessidades  do estresse metabólico  do  momento cirúrgico, resolução inflamatória, assim como suportar as demandas nutricionais para reparo tecidual,  agilizando o tempo de recuperação daquele paciente”, explica.

“Para obter cura e recuperação funcional adequadas ou restituição com integridade, se faz necessária uma terapia nutricional, especialmente quando este paciente está desnutrido e a resposta ao estresse inflamatório é prolongada. Neste trabalho e em outras publicações, levamos em consideração o conceito de Recuperação Aprimorada Após Cirurgia (ERAS), que realça as necessidades nutricionais especiais de pacientes submetidos a cirurgias de grande porte, como apontado pelos autores, com redução das complicações decorrentes do procedimento ou da própria doença de base”, prossegue ela.

Vânia Assaly ainda reforça a importância das diretrizes da European Society for Clinical Nutrition and Metabolism (ESPEN), em particular as diretrizes de conduta Clinical nutrition insurgery (http://dx.doi.org/10.1016/j.clnu.2017.02.013) sobre o manejo de pacientes com necessidades especiais que irão se submeter a cirurgias de grande porte. “O artigo nos remete à redução de complicações pelos ajustes metabólicos e nutricionais perioperatório e pós-operatórios, com o restabelecimento de terapia nutricional precoce, fisioterapia e mobilização ativa para facilitar a síntese de proteínas e a função muscular.  Fica a mensagem de que o sucesso cirúrgico não depende apenas das habilidades técnico-cirúrgicas, mas da análise e suporte das terapias nutricionais, com atenção aos aspectos e demandas metabólicas de cada paciente, intervenções  pró ativas que levem em  conta a extensão e tempo de doença de base, assim como a sobrecarga   metabólica do processo cirúrgico  e das necessidades calóricas e nutricionais para otimizar a recuperação dos pacientes, trazendo um resultado favorável para as próximas etapas de seu tratamento”.

Referência: https://doi.org/10.1016/j.suronc.2023.101990


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