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AtualizadoSex, 03 Maio 2024 6pm

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Daichii Sankyo

 

Cirurgia bariátrica e prevenção do câncer hematológico associado à obesidade

obesidade 21 bxA cirurgia da obesidade está associada a um risco 40% menor de câncer hematológico. É o que aponta estudo da Universidade de Gotemburgo, em achado que deve fomentar futuras pesquisas na área.

Estudos anteriores mostraram que o sobrepeso e a obesidade são fatores de risco para vários tipos de câncer. Evidências também mostram que mulheres obesas têm maior risco de câncer do que os homens e que o nível de risco diminui com a perda de peso intencional. No entanto, a evidência sobre a associação entre obesidade, perda de peso e câncer hematológico tem sido limitada.

Neste estudo de coorte prospectivo, publicado na Lancet Healthy Longevity, os pesquisadores utilizaram dados do Swedish Obese Subjects (SOS) da Universidade de Gotemburgo e dados do Registro de Câncer do Conselho Nacional de Saúde e Bem-Estar da Suécia.

Os critérios de inclusão foram idade de 37 a 60 anos e IMC de 34 kg/m2 ou mais em homens e 38 kg/m2 ou mais em mulheres antes ou no momento do exame. Eventos hematológicos de câncer, incluindo linfoma maligno, mieloma, neoplasias mieloproliferativas, bem como leucemias agudas e crônicas, foram capturados no Registro Sueco de Câncer. O principal endpoint foi a incidência e mortalidade por câncer hematológico.

Um total de 4.047 indivíduos com obesidade foram inscritos entre 1º de setembro de 1987 e 31 de janeiro de 2001. No geral, 34 participantes no grupo de cirurgia e 51 participantes no grupo controle foram diagnosticados com câncer hematológico durante o acompanhamento (razão de risco [HR] 0,60; IC 95% 0,39–0,92; p=0,020). A redução de risco correspondente para todos os casos de malignidades hematológicas foi de 40%. Além disso, ocorreram três mortes por câncer hematológico no grupo de cirurgia e 13 mortes no grupo controle (0,22; 0,06–0,76; p=0,017). A cirurgia também foi associada à redução da incidência de linfoma (0,45; 0,23–0,88; p=0,020). Foi encontrada diferença significativa no efeito do tratamento entre homens e mulheres; a cirurgia bariátrica foi associada à redução da incidência de câncer hematológico em mulheres (0,44; 0,26–0,74; p=0,002), mas não em homens (1,35; 0,58–3,17; p =0·489; interação p=0·031).​

As mulheres com níveis elevados de açúcar no sangue no início do estudo tiveram maior benefício da cirurgia bariátrica, como destaca Magdalena Taube, Professora Associada de Medicina Molecular da Sahlgrenska Academy da Universidade de Gotemburgo, autora correspondente do estudo. “O benefício da cirurgia está ligado aos níveis basais de glicose no sangue. A redução do risco de câncer hematológico foi muito mais pronunciada em mulheres com níveis de açúcar no sangue elevados no início da análise, o que mostra claramente que o açúcar no sangue é um fator importante no desenvolvimento do câncer”, diz ela.

Os mecanismos por trás da ligação entre a obesidade e as malignidades hematológicas são complexos e envolvem múltiplos fatores, como a inflamação crônica e a chamada hematopoiese clonal, um tipo de fator de risco geneticamente relacionado ao câncer do sangue. Os achados do estudo sugerem que as melhorias metabólicas que ocorrem após a cirurgia bariátrica, incluindo a redução da inflamação, podem reduzir o risco de câncer.

“Os resultados fornecem suporte adicional para considerar a obesidade um fator de risco para câncer hematológico e que a cirurgia bariátrica pode reduzir o risco de malignidades hematológicas em mulheres obesas”, diz Magdalena.

A íntegra do estudo está disponível em acesso aberto.

A pesquisa está registrada em ClinicalTrials.gov (NCT01479452) e está em andamento.

Assista sobre o mesmo assunto:
Neste vídeo, o hematologista Jayr Schmidt, do A.C.Camargo Cancer Center, comenta estudo de coorte prospectivo publicado na Lancet Healthy Longevity, demonstrando que a cirurgia bariátrica está associada a um risco 40% menor de câncer hematológico. O estudo foi conduzido por pesquisadores da Universidade de Gotemburgo utilizando dados do Swedish Obese Subjects (SOS) e do Registro de Câncer do Conselho Nacional de Saúde e Bem-Estar da Suécia. Estudos anteriores mostraram que o sobrepeso e a obesidade são fatores de risco para vários tipos de câncer. Evidências também mostram que mulheres obesas têm maior risco de câncer do que os homens e que o nível de risco diminui com a perda de peso intencional. Assista na TV Onconews.



Referência:
DOI:https://doi.org/10.1016/S2666-7568(23)00141-1


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