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AtualizadoTer, 30 Abr 2024 10pm

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Daichii Sankyo

 

Nivolumabe como tratamento perioperatório aumenta sobrevida no CPCNP

WILLIAM William 2018 NET OKAproximadamente 20% dos pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) recebem diagnóstico de doença em estágio III e não há consenso atual sobre o tratamento mais adequado para esses pacientes. Estudo de Provencio et al publicado na New England Journal of Medicine (NEJM) mostra que o tratamento perioperatório com o anti PD-1 nivolumabe adicionado à quimioterapia resultou em uma porcentagem maior de pacientes com resposta patológica completa e sobrevida mais longa do que a quimioterapia isolada. O oncologista William Nassib William Jr. (foto) comenta os resultados.

Neste estudo aberto de fase 2, pacientes com CPCNP estágio IIIA ou IIIB ressecável foram randomizados para receber nivolumabe neoadjuvante mais quimioterapia à base de platina (grupo experimental) ou apenas quimioterapia (grupo controle), seguida de cirurgia. Os pacientes do grupo experimental que tiveram ressecções R0 receberam tratamento adjuvante com nivolumab por 6 meses. O endpoint primário foi a resposta patológica completa (0% de tumor viável no pulmão ressecado e linfonodos). Endpoints secundários incluíram sobrevida livre de progressão (SLP) e sobrevida global (SG) em 24 meses, além de dados de segurança.

A análise de Provencio et al mostra que 86 pacientes foram randomizados, sendo 57 para o grupo experimental e 29 para o grupo controle. A resposta patológica completa ocorreu em 37% dos pacientes no grupo experimental e em 7% no grupo controle (risco relativo, 5,34; intervalo de confiança [IC] de 95%, 1,34 a 21,23; P=0,02). A cirurgia foi realizada em 93% dos pacientes do grupo experimental e em 69% do grupo controle (risco relativo, 1,35; IC 95%, 1,05 a 1,74). As estimativas de Kaplan-Meier de SLP em 24 meses foram de 67,2% no grupo experimental e de 40,9% no grupo controle (razão de risco para progressão da doença, recorrência da doença ou morte, 0,47; IC 95%, 0,25 a 0,88). Em relação à sobrevida global, as estimativas de Kaplan-Meier de SG em 24 meses foram de 85,0% no grupo experimental e de 63,6% no grupo controle (razão de risco para morte, 0,43; IC 95%, 0,19 a 0,98).

A análise de segurança mostra que eventos adversos de grau 3 ou 4 ocorreram em 11 pacientes no grupo experimental (19%; alguns pacientes tiveram eventos de ambos os graus) e em 3 pacientes no grupo controle (10%).

“Em pacientes com CPCNP estágio IIIA ou IIIB ressecável, o tratamento perioperatório com nivolumabe mais quimioterapia resultou em uma porcentagem maior de pacientes com resposta patológica completa e sobrevida mais longa na comparação com quimioterapia isolada”, destacam os autores.

Para o oncologista William Nassib William Jr, Líder Nacional de Oncologia Torácica do Grupo Oncoclínicas, os resultados do estudo de fase 2 NADIM-2 corroboram os dados obtidos em vários estudos de quimioimunoterapia neoadjuvantes de fase 3 como o CheckMate 816, Keynote 671, AEGEAN e Neotorch. “Coletivamente, estes estudos demonstram um impacto importante da imunoterapia em induzir respostas patológicas completas e começamos a ver uma tendência favorável em desfechos de longo prazo, como sobrevida livre de eventos e sobrevida global. Este impacto favorável ocorre principalmente nos indivíduos cujos tumores atingiram resposta patológica completa”, afirma.

William observa que o diferencial do estudo NADIM-2 está na população incluída, constituída exclusivamente de pacientes com estádio III segundo a AJCC 8ª edição, com 38-39% dos pacientes apresentando doença N2 múltipla. “Este subgrupo tipicamente não era considerado como candidato a cirurgia; porém, os desfechos favoráveis com quimioimunoterapia vem mudando esse cenário, com um entusiasmo cada vez maior de se oferecer ressecção para pacientes bem selecionados”, diz.

O oncologista ressalta que por ser um estudo de fase 2 relativamente pequeno, o NADIM-2 ainda não muda o padrão de tratamento, porém estimula a consideração cada vez maior de estratégias cirúrgicas para pacientes com doença linfonodal mais avançada. “No entanto, ainda temos muitas perguntas no cenário de doença estádio III que ainda não foram respondidas, como, por exemplo, (1) quem são os melhores candidatos para neoadjuvância seguida de cirurgia versus quimiorradioterapia seguida de consolidação?; (2) qual é o verdadeiro papel da complementação da quimioimunoterapia neoadjuvante com imunoterapia adjuvante (e por quanto tempo deve ser dada adjuvância)?; e (3) se existem biomarcadores que possam ser utilizados na decisão do uso da imunoterapia neoadjuvante e/ou adjuvante?”, conclui.

ClinicalTrials.gov, NCT03838159; EudraCT, 2018-004515-45.

Referência: Provencio M, Nadal E, González-Larriba JL, Martínez-Martí A, Bernabé R, Bosch-Barrera J, Casal-Rubio J, Calvo V, Insa A, Ponce S, Reguart N, de Castro J, Mosquera J, Cobo M, Aguilar A, López Vivanco G, Camps C, López-Castro R, Morán T, Barneto I, Rodríguez-Abreu D, Serna-Blasco R, Benítez R, Aguado de la Rosa C, Palmero R, Hernando-Trancho F, Martín-López J, Cruz-Bermúdez A, Massuti B, Romero A. Perioperative Nivolumab and Chemotherapy in Stage III Non-Small-Cell Lung Cancer. N Engl J Med. 2023 Jun 28. doi: 10.1056/NEJMoa2215530. Epub ahead of print. PMID: 37379158.

 


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