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AtualizadoQui, 09 Maio 2024 3pm

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Daichii Sankyo

 

Cuidados de final da vida na assistência oncológica

caponero 2019 bxEstudo liderado por Jennifer W. Mack, do Dana-Farber Cancer Institute, concluiu que adolescentes e adultos jovens, com idades entre 12 e 39 anos, recebem frequentemente medidas médicas intensivas no final da vida, incluindo cuidados na UTI em cerca de um terço dos casos. “Os dados descritos são, com certeza, muito melhores do que a realidade brasileira, e mostram claramente o quanto essa população ainda necessita de uma abordagem apropriada”, diz o oncologista Ricardo Caponero (foto), que analisa os resultados.

Adolescentes e adultos jovens recebem altas taxas de medidas médicas intensivas no final da vida, mas sabe-se menos sobre outras medidas de cuidados oncológicos de qualidade. Neste estudo, os pesquisadores realizaram uma revisão de dados eletrônicos de saúde e prontuários médicos de 1.929 adolescentes e adultos jovens entre 12 e 39 anos que morreram após receber tratamento contra câncer em um dos três centros oncológicos de referência nos EUA (Dana-Farber Cancer Institute, Kaiser Permanente Northern California e Kaiser Permanente Southern California) entre 2003 e 2019.

Os resultados publicados por Mack e colegas no Journal of Clinical Oncology mostram que essa população de pacientes foi frequentemente exposta a visitas tardias ao pronto-socorro (25% com duas ou mais no último mês) e internações em unidades de terapia intensiva (UTI) (31%). No entanto, a maioria também recebeu cuidados paliativos (73%) e assistência em hospice (62%). Pouco mais de metade (58%) recebeu cuidados psicossociais nos últimos 90 dias de vida e 49% receberam cuidados espirituais, com mais 7% de recusas de cuidados espirituais. Quase todos os pacientes tiveram dor avaliada nos últimos 90 dias de vida, mas apenas 34% tiveram avaliação para depressão e 40% para ansiedade.

Esses dados mostram taxas abaixo do ideal de cuidados psicossociais, espirituais e de avaliação de sintomas psicológicos, oferecendo uma oportunidade para melhor abordar as angústias emocionais e espirituais no final da vida nesta população de pacientes.

Para Ricardo Caponero, o estudo merece um olhar cauteloso. “Adolescentes e adultos jovens com câncer apresentam certas particularidades em seu cuidado e no planejamento de seu tratamento. O estudo engloba uma grande população, de quase dois mil pacientes, mas inclui adolescentes (incapazes legalmente para a tomada de decisão) e adultos jovens, legalmente capazes. Isso dificulta a interpretação dos dados de que apesar da maioria (73%) ter recebido cuidados paliativos, 31% acabaram sendo internados em unidades de terapia intensiva”, diz.

Outra dificuldade, segundo o especialista, é o longo intervalo de tempo para a coleta dos dados, de 2003 a 2019 (mais de uma década!), período no qual os conceitos dos cuidados paliativos se desenvolveram de maneira significativa.

“Não é a intensão do artigo, mas a comparação com nossa prática, incluindo pacientes idosos, é que as expectativas de vida e desejos dos pacientes variam muito de acordo com a faixa etária. Para os pacientes legalmente incapazes, as decisões devem estar sendo tomadas por seus cuidadores, e sabemos que é muito difícil que os pais desistam do tratamento de seus filhos, admitindo a falta de esperança”, prossegue Caponero. “Também é notório que apesar de quase todos os pacientes terem a dor avaliada, o mesmo não ocorreu com as necessidades psicológicas e espirituais, negligenciadas nessa faixa etária”, acrescenta. 

Referência: DOI: 10.1200/JCO.23.01272 Journal of Clinical Oncology. Published online October 27, 2023.

 

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