O Glasgow Prognostic Score modificado (mGPS) é  um preditor independente de sobrevida global em pacientes com câncer colorretal metastático (CRCm) que recebem tratamento de primeira linha, independentemente do regime de tratamento, e pode ajudar a identificar subgrupos específicos que se beneficiam mais ou menos da terapia intensiva inicial. Os dados são de análise post hoc do estudo de fase III (XELAVIRI), realizado pelo AIO Colorectal Cancer Study Group.

O Glasgow Prognostic Score modificado (mGPS) baseado em inflamação combina níveis séricos de proteína C reativa e albumina e demonstrou prever a sobrevida no câncer avançado. Neste estudo de fase III (NCT01249638), o objetivo dos pesquisadores foi elucidar o impacto prognóstico do mGPS na sobrevida, bem como seu valor preditivo quando combinado com o gênero em pacientes com câncer colorretal metastático não selecionados (mCRC), tratados com  quimioterapia de primeira linha.

Pacientes com CRCm foram tratados com fluoropirimidina/bevacizumabe seguido de irinotecano adicional na primeira progressão (braço de tratamento sequencial; braço A) ou combinação inicial de fluoropirimidina/bevacizumabe/irinotecano (braço de tratamento intensivo; braço B). Nesta análise post hoc, a sobrevida foi avaliada em relação às diversas categorias de mGPS 0, 1 ou 2, assim como foi analisada a interação entre mGPS e gênero.

Dos 421 pacientes com CRCm tratados como parte do protocolo XELAVIRI, 362 [119 mulheres (32,9%) e 243 homens (67,1%)] foram avaliáveis. Os autores descrevem  que para toda a população do estudo foi observada associação significativa entre mGPS e sobrevida global (SG) [mGPS = 0: mediana 28,9 meses, intervalo de confiança (IC) de 95% 25,9-33,6 meses; mGPS = 1: mediana 21,4 meses, IC 95% 17,6-26,1 meses; mGPS = 2: mediana 16,8 meses, IC 95% 14,3-21,2 meses; P < 0,00001]. Resultados semelhantes foram encontrados ao comparar a sobrevida livre de progressão entre os grupos. O efeito do mGPS na sobrevida não dependeu do regime de tratamento aplicado (P = 0,21).

Em relação ao gênero, a análise mostra tendência para  SG mais longa observada em pacientes do sexo feminino no Braço A versus Braço B, sendo este efeito claramente mais pronunciado na coorte 0 do mGPS (41,6 versus 25,5 meses; P = 0,056). Por outro lado, a SG mediana foi mais longa em pacientes do sexo masculino com mGPS de 1-2 tratados no Braço B versus Braço A (20,8 versus 17,4 meses; P = 0,022).

Em síntese, esta análise post hoc do estudo randomizado de fase III XELAVIRI avaliou o valor prognóstico do mGPS baseado em inflamação, bem como seu valor preditivo quando combinado com o gênero em pacientes com CRCm tratados com primeira linha. “Nossos resultados confirmam o mGPS como ferramenta prognóstica valiosa nesta população de pacientes e sugerem seu potencial para refinar a previsão do benefício do tratamento, específico para o gênero, da terapia de primeira linha intensiva versus menos intensiva”, concluem os autores.

A íntegra do estudo está disponível no ESMO Open em acesso aberto.

Referência:

Evaluation of the inflammation-based modified Glasgow Prognostic Score (mGPS) as a prognostic and predictive biomarker in patients with metastatic colorectal cancer receiving first-line chemotherapy: a post hoc analysis of the randomized phase III XELAVIRI trial (AIO KRK0110)

Open Access Published: May 13, 2024, DOI:https://doi.org/10.1016/j.esmoop.2024.103374