Onconews - Entendendo os oligonucleotídeos antisenso

Em mais um tópico da coluna ‘Drops de Genômica’, o oncologista Andre Murad (foto) explica o que são os oligonucleotídeos antisenso e o seu potencial papel no tratamento de tumores. Confira.

Por André Marcio Murad*

Oligonucleotídeo antisenso é uma fita simples curta de nucleotídeos quimicamente modificados (normalmente de 12 a 30 nucleotídeos) que tem como alvo o RNA mensageiro (mRNA) para regular ou evitar a sua tradução em proteínas (regulação epigenética).

Os oligonucleotídeos antisenso podem se ligar diretamente ao mRNA, levando à degradação do mesmo; podem inibir a geração de mRNA maduro bloqueando o splicing de formas precursoras de mRNA; ou podem bloquear o recrutamento de ribossomos para inibir a tradução de proteínas. Os oligonucleotídeos antisenso também podem ser projetados para atingir outros RNAs, como microRNAs e RNAs não codificantes longos (ncRNAs).

Familias de RNAs não codificantes (ncRNAs) também são desregulados no câncer, mas não poderiam ser alvo de medicamentos direcionados contra determinadas proteínas, principalmente pelo que foi explanado acima, ou seja, o fato de estas estruturas genômicas não serem capazes de codificar aminoácidos. Já com o emprego da terapêutica que utiliza os próprios oligonucleotídeos, direcionados para sequências de RNA ou DNA, uma nova classe de medicamentos começa a ser testada, pois é capaz de enfrentar as limitações descritas acima.

Inúmeros ensaios clínicos estão avaliando oligonucleotídeos para tratamento de tumores e, nos próximos anos, alguns deles deverão chegar ao mercado, como oligonucleotídeos direcionados a proteínas não-drogáveis ​​(com foco nas mais relevantes, como aquelas originárias das famílias de genes MYC e RAS), e para ncRNAs, com inúmeras aplicações em oncologia e terapias anti-câncer.

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*André Murad é diretor científico do Grupo Brasileiro de Oncologia de Precisão (GBOP), diretor clínico da Personal - Oncologia de Precisão e Personalizada, professor adjunto coordenador da Disciplina de Oncologia da Faculdade de Medicina da UFMG, e oncologista e oncogeneticista da CETTRO Oncologia (DF)