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SAN ANTONIO 2024

Pacientes com câncer de mama de risco intermediário tiveram taxas semelhantes de sobrevida global em 10 anos, independentemente de terem sido submetidas ou não à irradiação da parede torácica após a mastectomia. Os resultados são do estudo BIG 2-04 MRC SUPREMO, apresentado por Ian Kunkler (foto), professor da Universidade de Edimburgo, em General Session no SABCS 2024.

Para pacientes com carcinoma ductal in situ de risco favorável que foram submetidas à cirurgia conservadora da mama e não receberam radioterapia, tamoxifeno diminuiu significativamente o risco de recorrência na mesma mama. “Dados disponíveis anteriormente eram conflitantes sobre o impacto do tamoxifeno nas recorrências invasivas versus CDIS em pacientes com fatores prognósticos favoráveis. Esses resultados, em um conjunto de dados tão robusto, são esclarecedores”, afirmou Jean Wright (foto), chefe do Departamento de Radio-Oncologia da Universidade da Carolina do Norte e do Lineberger Comprehensive Cancer Center, que apresentou os dados do estudo em General Session no SABCS 2024.

Pacientes com mutações BRCA diagnosticadas com câncer de mama aos 40 anos ou antes e submetidas a uma mastectomia bilateral de redução de risco e/ou uma salpingo-ooforectomia de redução de risco tiveram menores taxas de recorrência, malignidades secundárias de mama e/ou ovário e morte do que aquelas que não foram submetidas a essas cirurgias. Os resultados foram apresentados por Matteo Lambertini (foto), professor na Universidade de Gênova-IRCCS Hospital Policlínico San Martino, em General Session no SABCS 2024.

Pacientes com carcinoma ductal in situ de baixo risco receptor hormonal positivo (HR+), HER2-negativo, submetidos a monitoramento ativo apresentaram taxas de recorrência de câncer de mama ipsilateral invasivo em dois anos semelhantes àqueles submetidos ao tratamento recomendado pelas diretrizes. O estudo foi apresentado em General Session no SABCS 2024 por E. Shelley Hwang (foto), vice-presidente de pesquisa no Departamento de Cirurgia e professor de radiologia na Faculdade de Medicina da Duke University. Os resultados foram publicados simultaneamente no JAMA.

Um modelo de aprendizado de máquina incorporando fatores clínicos e genômicos superou modelos baseados somente em dados clínicos ou genômicos na previsão de quais pacientes com câncer de mama metastático receptor hormonal positivo (RH+)/HER2-negativo (HER2-) teriam melhores resultados ao adicionar inibidores de CDK4/6 à terapia endócrina como tratamento de primeira linha. "Há uma enorme necessidade de identificar pacientes que podem ou não se beneficiar da adição de inibidores de CDK4/6 no momento do diagnóstico metastático para pensar em estratégias de escalonamento e desescalonamento com antecedência", disse Pedram Razavi (foto), diretor científico do Programa de Pesquisa Global no Memorial Sloan Kettering Cancer Center, durante apresentação do estudo em General Session no SABCS 2024.

No estudo OlympiA, o tratamento de um ano com olaparibe adjuvante estendeu significativamente a sobrevida livre de doença invasiva e a sobrevida global de pacientes com câncer de mama inicial HER2-negativo de alto risco com variantes patogênicas BRCA1/2, benefício que embasou a recomendação deste regime após tratamento padrão. Agora, resultados de longo prazo apresentados por Judy Garber (foto) no SABCS 2024 demonstram que, em um seguimento mediano de 6,1 anos, 79,6% dos pacientes tratados com olaparibe ficaram livres de recorrência invasiva e 83,5% livres de recorrência distante, em comparação com 70,3% e 75,7% no grupo placebo, respectivamente. O tratamento adjuvante com olaparibe foi associado à redução de 28% no risco de morte.

Dados do estudo SOLTI-VALENTINE apresentados pela oncologista Mafalda Oliveira (foto) no San Antonio Breast Cancer Symposium mostram  atividade encorajadora do conjugado anticorpo-medicamento direcionado a HER3 (HER3-DXd), sugerindo seu papel como potencial estratégia de tratamento para câncer de mama HR+/HER2-negativo de alto risco. O agente experimental alcançou altas taxas de resposta patológica completa e promoveu sensível redução no risco de recorrência, com bom perfil de segurança.

Robert Hills (foto) apresentou resultados de longo prazo de três ensaios randomizados comparando cirurgia de mama imediata mais tamoxifeno versus tamoxifeno sozinho em mulheres com idade ≥70 anos. A meta-análise mostra que a cirurgia mamária imediata reduziu muito as taxas de progressão locorregional durante os primeiros 5 anos e diminuiu aproximadamente pela metade as taxas anuais de morte pela doença e a recorrência distante após os primeiros 5 anos.

O oncologista Paolo Tarantino (foto) apresentou no San Antonio Breast Cancer Symposium dados do mundo real sobre o desempenho de regimes administrados após trastuzumabe deruxtecana (T-DXd) no tratamento do câncer de mama metastático. Os resultados diferiram significativamente pelo subtipo do câncer de mama e o regime administrado. A análise também revela que o uso de sacituzumab govitecan foi associado à sobrevida livre de progressão modesta (≤3 meses) entre os subtipos – a menor SLP observada entre os regimes administrados após T-DXd -, sugerindo algum grau de resistência cruzada entre os ADCs da topoisomerase 1.

Os implantes hormonais são um problema real em pacientes com diagnóstico de câncer de mama. Estudo de pesquisadores da Beneficência Portuguesa de São Paulo, com participação do oncologista Antonio Carlos Buzaid (foto), mostra que os níveis de E2 podem permanecer elevados muitos anos depois da colocação do implante e alguns implantes não podem ser removidos cirurgicamente, resultando em elevação crônica dos níveis de E2, com grande impacto na seleção da terapia endócrina para essas pacientes. “Nestes casos, somente o tamoxifeno pode ser utilizado como parte da terapia endócrina adjuvante”, destacam os autores, em trabalho apresentado no San Antonio Breast Cancer Symposium.

Análise pré-planejada de qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) do estudo de Fase 3 Europa foi destacada em General Session no SABCS 2024, em apresentação de Icro Meattini (foto), oncologista da Universidade de Florença. Os resultados mostram que mulheres com idade ≥70 anos com câncer de mama luminal em estágio I tratadas com terapia endócrina adjuvante tiveram QVRS significativamente reduzida ao longo de 24 meses em comparação com idosas que receberam radioterapia.