Artigo com participação do oncologista brasileiro Gilberto Castro (foto) publicado na edição de fevereiro da Journal of Thoracic Oncology discute o programa CANOPY, um conjunto de 3 ensaios clínicos de Fase III desenhados para avaliar a eficácia e segurança do anticorpo canakinumab em pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP). Os estudos estão abertos a recrutamento, com participação de centros brasileiros.
Os três ensaios (CANOPY-A, CANOPY-1 e CANOPY-2) avaliam canakinumab em diferentes populações e cenários da doença. O CANOPY-A (NCT03447769) foi desenhado para avaliar o agente experimental como tratamento adjuvante em cerca de 1500 pacientes com CPCNP completamente ressecado (R0), com doença estádio IIIA e IIIB AJCC/UICC (T>5cm N2). O endpoint primário é sobrevida livre de doença (SLD) em 5 anos; endpoints secundários incluem sobrevida global (SG) em 5 anos, sobrevida câncer-específica em 5 anos e parâmetros farmacocinéticos. Os participantes inscritos vão receber cerca de 18 ciclos de canakinumabe (cerca de 54 semanas).
No CANOPY-1 (NCT03631199), estima-se a inclusão de 627 pacientes com CPCNP avançado ou metastático sem tratamento prévio para avaliar canakinumab mais imunoterapia com pembrolizumabe e quimioterapia baseada em platina. O endpoint primário considera toxicidade limitante da dose, sobrevida livre de progressão (SLP) por avaliação do investigador, usando RECIST v1.1 e sobrevida global (SG).
No ensaio CANOPY-2 (NCT03626545), um total de 234 pacientes deve avaliar o agente experimental canakinumab em combinação com docetaxel. São elegíveis pacientes com CPCNP previamente tratados com quimioterapia baseada em platina e imunoterapia com anti PD-1. Três centros brasileiros em Salvador, Porto Alegre e Itajaí, em Santa Catarina, estão recrutando pacientes para participar do CANOPY-2.
Canakinumab é um anticorpo monoclonal totalmente humanizado que se liga com alta afinidade a interleucina beta (IL-1β), neutralizando sua atividade biológica pelo bloqueio de sua interação com os receptores IL-1β. Desta forma, impede a ativação genética induzida pela IL-1β e a produção de mediadores inflamatórios, como a interleucina-6 ou a ciclooxigenase-2. No estudo CANTOS, o tratamento com canakinumab foi associado à menor incidência e mortalidade por câncer de pulmão, achado que embasou esses novos estudos na oncologia torácica.
Referência: B09 The CANOPY Program: Three Phase 3 Studies Evaluating Canakinumab in Patients with Non-Small Cell Lung Cancer (NSCLC).Garon, E.B. et al. Journal of Thoracic Oncology, Volume 15, Issue 2, S30. doi: 10.1016/j.jtho.2019.12.078