Um relatório apresentado na 4 ª Conferência Europeia de Câncer de Pulmão por Oliver Gautschi (foto), da Clínica de Oncologia Kantonsspital, em Lucerna, Suíça, mostrou que em um grande número de amostras de adenocarcinoma de pulmão a incidência de fusão RET detectada pelo diagnóstico de rotina foi maior que o esperado.
A experiência com terapia-alvo no cenário de adenocarcinoma de pulmão com fusão RET é limitada e a atividade do cabozantinibe foi relatada em diversos casos clínicos. Gautschi e colegas da Áustria e Alemanha observaram a atividade preliminar desse agente-alvo e investigaram o cabozantinibe em pacientes pré-tratados, cujos tumores apresentaram resistência primária e secundária a vandetanibe, outro inibidor de tirosina-quinase.
Em novembro de 2012 os pesquisadores integraram as mutações da fusão RET e da expressão de KIF5B aos testes de diagnóstico FISH para adenocarcinoma primário de pulmão. Os casos positivos foram registrados nos bancos de dados, e os resultados clínicos foram coletados de pacientes que receberam inibidores de RET em uso compassivo individual ou off-label.
Os pesquisadores realizaram o sequenciamento em amostras selecionadas. Até novembro de 2013, 529 amostras de tumores foram analisadas. No total, 12 (2,3%) amostras foram positivas pela análise FISH e nenhuma carregava mutação secundária em EGFR, HER2, KRAS, BRAF, ALK, ou ROS1.
Quatro pacientes com fusão RET e quimioterapia anterior receberam uma ou mais linhas de terapia-alvo com inibidores de RET após o tratamento padrão. Destes, um paciente recebeu sunitinibe e alcançou a estabilização prolongada da doença, mantendo-se vivo após 56 meses de follow-up, enquanto três pacientes receberam vandetanibe como primeira terapia-alvo, com benefícios de resposta em dois deles. Esses três pacientes receberam cabozantinibe como segunda terapia-alvo e dois atingiram uma resposta parcial, com morte registrada aos 36 e 34 meses após o diagnóstico. Um paciente iniciou o tratamento com ponatinibe e está vivo 50 meses após o diagnóstico.
A rebiópsia do tumor foi realizada em três pacientes após a terapia-alvo, e nenhuma mutação RET secundária foi identificada até o momento.
O estudo concluiu que a atividade preliminar de terapia-alvo foi observada com cabozantinibe em pacientes pré-tratados cujos tumores apresentaram resistência primária e secundária a vandetanibe. A incidência de fusão RET, detectável por diagnóstico de rotina, foi maior do que o esperado em seu conjunto de dados. A quimioterapia é atualmente o padrão de atendimento destes pacientes.
Os pesquisadores informaram que a ativação de um estudo global de fase II com cabozantinibe para câncer de pulmão com fusão RET está em andamento e solicitaram aos médicos que encaminhem seus pacientes aos centros participantes.
Análise FISH RET mostra rearranjo de RET.
© Joachim Diebold