A chegada de um anticorpo droga-conjugado ampliou as opções de tratamento para os pacientes com linfoma de Hodgkin e trouxe uma nova opção como terapia sistêmica do linfoma anaplásico de grandes células T. Esse novo cenário foi apresentado na Hemo 2014, em uma atualização para a comunidade brasileira de oncohematologia.
O mecanismo de ação é inovador e chamou a atenção dos especialistas. “Funciona como um míssil teleguiado”, compara o oncohematologista Marcelo Capra, do Instituto do Câncer Mãe de Deus, em Porto Alegre, que acompanhou a apresentação dos novos agentes durante o congresso de Florianópolis. “Um anticorpo (Brentuximabe) localiza o alvo presente apenas no tumor (CD30) e, ao ligar-se nele, libera a droga (Vedotim) na superfície da célula de câncer, sem danificar os tecidos saudáveis. O medicamento mostrou-se muito ativo em casos onde outras drogas falharam, o que subsidiou a aprovação na Europa e Estados Unidos, e agora está em teste para estadios mais iniciais da doença”, explica.
Em agosto de 2011 o FDA concedeu aprovação acelerada para o uso de brentuximabe-vedotin no tratamento de pacientes com linfoma de Hodgkin que apresentaram recaída após o transplante autólogo. A agência reguladora americana também reconheceu os benefícios desse anticorpo droga-conjugado como terapia sistêmica do linfoma anaplásico de grandes células T, após falha de pelo menos duas linhas de tratamento, em pacientes não elegíveis ao transplante.
A decisão do FDA foi baseada nos resultados do estudo multicêntrico de braço único (SG035-0003) que considerou 102 pacientes com Hodgkin com expressão positiva do CD-30 com recidiva após o transplante autólogo. O brentuximab vedotin apresentou taxa de resposta objetiva de 73%, cumprindo o principal desfecho da investigação, com mediana de duração de resposta de 6,7 meses. Taxas de remissão completa foram alcançadas em 32% dos pacientes, com duração mediana de 20,5 meses. A remissão parcial foi verificada em 40% da amostra pesquisada, com mediana de duração de resposta de 3,5 meses.
O especialista brasileiro lembra que as neoplasias hematológicas são responsáveis por cerca de 10% dos tumores e sua incidência na população vem aumentando. “Entre os sintomas estão o emagrecimento, febre inexplicada, sudorese, aumento de gânglios linfáticos e alterações em exames de sangue, situação em que o paciente deve ser avaliado pelo médico e, no caso sugestivo de neoplasia hematológica, encaminhado ao especialista”, conclui Capra.