Segundo dados do estudo de fase III ICE apresentados no San Antonio Breast Cancer Symposium, pacientes idosos com câncer de mama de risco moderado a alto e doença em estágio inicial, e para quem a quimioterapia padrão é muito tóxica, a quimioterapia com capecitabina provoca menos efeitos colaterais que a quimioterapia padrão, mas não melhora os resultados quando testada como monoterapia.
"Testamos capecitabina como quimioterapia de agente único em mulheres idosas com câncer de mama em estágio inicial, que também utilizam o bisfosfonato ibandronato. Após 61 meses de follow-up, não houve diferença na sobrevida livre de doença e sobrevida global entre aqueles que tomaram a capecitabina mais ibandronato e aqueles que tomaram ibandronato isolado", disse Gunter von Minckwitz, presidente do German Breast Group e professor de ginecologia na Universidade de Frankfurt, na Alemanha. “A quimioterapia combinada deve ser experimentada com cuidados de suporte ideal, mesmo em pacientes idosos", acrescentou.
Segundo von Minckwitz, o ibandronato foi utilizado porque muitos pacientes nesta idade têm osteopenia/osteoporose, especialmente após a quimioterapia. “Os bisfosfonatos também são potencialmente preventivos para a metástase do câncer de mama", disse.
O especialista explicou que embora cerca de 50% dos cânceres de mama recém-diagnosticados sejam em mulheres com mais de 65 anos, elas estão sub-representadas em testes clínicos, e os pacientes idosos frágeis não podem ser tratados com quimioterapia convencional, como antraciclinas e/ou taxanos. A análise de subgrupo de um estudo anterior, CALGB 49907, com pacientes com câncer de mama metastático, mostrou que a capecitabina é bem tolerada em pacientes idosas, o que serviu como justificativa para o estudo apresentado em San Antonio.
No estudo ICE, das 1358 pacientes com câncer de mama com idades entre 64 e 88 anos recrutadas entre 2004 e 2008, 677 foram aleatoriamente designadas para seis ciclos de capecitabina mais ibandronato, e 681 foram aleatoriamente designadas para receber apenas ibandronato. Cerca de 80% das pacientes em ambos os grupos tinham doença receptor hormonal positivo e receberam terapia endócrina padrão.
O endpoint primário do estudo foi a sobrevida livre de doença, e endpoints secundários incluíram a sobrevida global e perfil de segurança.
Não houve diferença na sobrevida livre de doença ao final de três anos (85% no grupo capecitabina e 84% no grupo controle) e cinco anos (79% no grupo capecitabina versus 75% no grupo controle). Também não houve diferença na sobrevida global no final de três anos (95% no grupo capecitabina versus 94% no grupo controle) e cinco anos (90% no grupo capecitabina contra 88% no grupo controle).
Cerca de 8% dos pacientes interromperam o tratamento com capecitabina devido a eventos adversos, e outros 8% interromperam devido a outras razões. 31% dos pacientes do grupo de ibandronato mais capecitabina tiveram eventos adversos de graus 3 ou 4 em comparação com 8,7% no grupo ibandronato.
O estudo foi financiado pela Roche e AstraZeneca. A instituição de von Minckwitz recebeu financiamento da pesquisa e medicação para este estudo.
Publicação número: S3-04
The phase III ICE study: Adjuvant Ibandronate with or without capecitabine in elderly patients with moderate or high risk early breast cancer