Nicholas Turner, do Royal Marsden Hospital, apresentou na ASCO 2015 os dados do estudo PALOMA 3, duplo cego, randomizado, de fase III, que comparou o uso de fulvestranto com ou sem palbociclib em pacientes com câncer de mama estrogênio receptor positivo (ER+) e HER2 negativo (HER2-) que progrediram à terapia endócrina. O estudo avaliou pacientes na pré e pós-menopausa e foi um dos destaques do encontro anual de Chicago (LBA 502).
Palbociclib inibe seletivamente quinases dependentes de ciclina (CDK 4 e CDK 6) e alcançou o objetivo primário de melhorar a sobrevida livre de progressão quando combinado com fulvestranto em mulheres com receptor hormonal positivo (HR+) e HER2-negativo com doença metastática.
Em fevereiro de 2015, palbociclib foi aprovado nos Estados Unidos com base nos dados de fase II, em um ensaio que demonstrou ganho significativo de sobrevida livre de progressão na comparação com letrozol em monoterapia, com 20.2 meses para o braço tratado com a combinação versus 10,2 meses para as mulheres que receberam letrozol (hazard ratio [HR] = 0.488, 95% CI = 0.319–0.748, P = .0004).
“A combinação de palbociclib e letrozol dobrou a mediana de sobrevida livre de progressão. Agora, o estudo PALOMA 3 demonstra que pacientes com câncer de mama metastático que progridem à terapia endócrina se beneficiam da combinação de palbociclib e fulvestranto, com toxicidade consistente com seus respectivos eventos adversos já conhecidos”, explica Gustavo Werutsky, membro da comissão científica do Grupo Brasileiro de Estudos do Câncer de Mama.“Os dados já disponíveis demonstram que a combinação com palbociclib pode manter as pacientes RH+, HER2- metastáticas em terapia endócrina por mais tempo e assim postergar o início da quimioterapia e sua toxicidade”, completa.
O trabalho de Richard G. Margolese e colegas também teve lugar na sessão plenária da 51ª ASCO. O estudo randomizado de fase III comparou anastrozol e tamoxifeno na prevenção da recorrência de câncer de mama em mulheres na pós-menopausa com carcinoma ductal in situ submetidas à lumpectomia e radioterapia (LBA500). “O estudo pode oferecer uma nova opção de adjuvância endócrina em pacientes com carcinoma in situ”, diz Werutsky.
ExteNET
Outro provocante ensaio que concentrou as atenções em Chicago foi o ExteNET, que avalia o agente neratinib, um pan-HER inibidor de tirosina quinase, após quimioterapia e trastuzumab adjuvante em pacientes com câncer de mama HER2, estadio I a III. Os dados do estudo de Arlene Chan e colegas sugerem que neratinib traz um benefício em termos de controle da doença e sobrevida livre, mas a toxicidade preocupa.
O estudo avaliou 2.840 pacientes, em 41 países. O desfecho primário foi sobrevida livre de doença invasiva (IDFS). Aos 24 meses, os pacientes que receberam neratinib tinham uma taxa de IDFS de 93,9% versus 91,6% no grupo de placebo (HR 0,67, IC 95% [0,50, 0,91]; P = 0,009). O benefício foi maior em pacientes abaixo de 35 anos no momento da randerização (n = 101; HR = 0.43; 95% CI, 0.14-1.17) e naqueles que receberam tratamento sequencial com trastuzumab e quimioterapia (n = 1070; HR = 0.48; 95% CI, 0.28-0.81).
O desfecho secundário foi sobrevida livre de doença em pacientes com carcinoma ductal in situ (CDIS), incidência de recorrência em metástases no sistema nervoso central e sobrevida global em cinco anos.
No braço tratado com neratinib, 3,7% dos pacientes tiveram recorrência à distância, versus 5,1% no braço placebo-controle.
"Os pacientes que recebem neratinib tiveram menos episódios de recorrência regional e menos episódios de recorrência metastática à distância”, disse Chan.
A diarréia foi o evento adverso mais comum com neratinib; diarreia de grau 3/4 ocorreu em 39,9% dos doentes, em comparação com 1,6% dos doentes que receberam placebo.
Referências
PALOMA3: A double-blind, phase III trial of fulvestrant with or without palbociclib in pre- and post-menopausal women with hormone receptor-positive, HER2-negative metastatic breast cancer that progressed on prior endocrine therapy. - J Clin Oncol 33, 2015 (suppl; abstr LBA502)
http://abstracts.asco.org/156/AbstView_156_154447.html
Primary results, NRG Oncology/NSABP B-35: A clinical trial of anastrozole (A) versus tamoxifen (tam) in postmenopausal patients with DCIS undergoing lumpectomy plus radiotherapy. - J Clin Oncol 33, 2015 (suppl; abstr LBA500)
http://abstracts.asco.org/156/AbstView_156_146144.html
Neratinib after adjuvant chemotherapy and trastuzumab in HER2-positive early breast cancer: Primary analysis at 2 years of a phase 3, randomized, placebo-controlled trial (ExteNET). - J Clin Oncol 33, 2015 (suppl; abstr 508)
http://abstracts.asco.org/156/AbstView_156_149972.html
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