Onconews - Lista de Medicamentos da OMS e acesso ao tratamento na ASCO 2015

Gilberto_Lopes_NET_OK.jpgA Organização Mundial de Saúde (OMS) publicou uma atualização da sua Lista de Medicamentos Essenciais com a recomendação de 16 novos tratamentos contra o câncer. Durante a ASCO, o oncologista Gilberto Lopes (foto), do Centro Paulista de Oncologia (CPO) e um dos co-líderes da força-tarefa responsável pela Lista fará duas apresentações, uma sobre a Lista de Medicamentos Essenciais, e outra sobre acesso a tratamentos contra o câncer em países em desenvolvimento.

A primeira será no simpósio de oncologia global, na tarde da sexta-feira. No sábado à tarde, no simpósio conjunto dos presidentes da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) e Sociedade Europeia de Medicina Oncológica (ESMO), o especialista irá abordar a temática do valor em oncologia. “Além disso teremos apresentações fechadas para as lideranças da ASCO e da União Internacional de Controle do Câncer (UICC), e também discutiremos um novo projeto com a OMS para determinar os aparelhos médicos (medical devices) prioritários para o tratamento do câncer em países de baixa e média renda”, diz. 
 
Em sua apresentação sobre acesso ao tratamento em países em desenvolvimento, a tônica serão as políticas de saúde para aumentar o acesso, como o uso de genéricos de qualidade, programas de acesso e preços diferenciais e mais baratos para países em desenvolvimento. “Também iremos discutir a criação de um fundo global para ajudar países de baixa renda a desenvolver projetos de controle do câncer”, acrescenta. 

Medicamentos Essenciais 

Fruto de um processo de revisão abrangente realizado por diversos países membros da UICC, a lista contou com a contribuição de mais de 90 oncologistas, coordenados pelo professor Larry Shulman, do Dana Farber Cancer Institute, além de importantes colaborações da ASCO, ESMO, e Sociedade Internacional de Oncologia Pediátrica (SIOP).
 
A inclusão foi a maior desde o início da publicação, em 1977, aumentando de 30 medicamentos contra o câncer em 2013 para 46 na nova versão. A escolha é baseada no potencial dos medicamentos para salvar vidas, reduzir o sofrimento e produzir impacto na saúde pública mundial. A atualização também considerou novos tratamentos para hepatite C e tuberculose multirresistente.
 
Entre os medicamentos incorporados estão o anticorpo monoclonal trastuzumabe, para o câncer de mama (adjuvante e metastático), o inibidor de tirosina quinase imatinibe em leucemia mieloide crônica (LMC) e tumor estromal gastrointestinal (GIST), e o tratamento de suporte com filgrastima. Segundo Gilberto, a OMS aprovou 16 das 22 drogas sugeridas. Ficaram de fora arsênico para leucemia, nilotinibe e dasatinibe para LMC, e gefitinibe e erlotinibe para câncer de pulmão com mutações do EGFR. 
 
A lista não era revisada há 14 anos. A boa notícia é que o Comitê acordou com a Organização Mundial de Saúde a considerar reavaliações a cada ano. “Apesar da desafagem, atribuímos o alto volume de incorporações principalmente ao desenvolvimento de novos medicamentos que ajudam a aumentar a taxa de cura na adjuvância, como o trastuzumabe em câncer de mama, e quimioterapia com cisplatina e vinorelbina em câncer de pulmão, por exemplo, ou que aumentam a sobrevida dos pacientes de maneira significativa no tratamento primário de doenças hematológicas, como o rituximabe em linfoma ou imatinibe em leucemia mieloide crônica", explica.
 
Este ano, o Comitê sublinhou a necessidade urgente de medidas para promover o acesso equitativo a novos medicamentos altamente eficazes, alguns dos quais muito caros, mesmo para países de alta renda. Os medicamentos relacionados foram avaliados para eficácia, segurança e qualidade, e comparados em relação ao custo-efetividade com outras alternativas na mesma classe de medicamentos.
 
"Quando novos medicamentos eficazes surgem para tratar de forma segura doenças graves e generalizadas, é vital garantir que todos os que precisam deles possam obtê-los. Colocá-los na Lista de Medicamentos Essenciais da OMS é um primeiro passo nessa direção", afirmou Margaret Chan, diretora-geral da OMS.
 
Segundo Lopes, a lista da OMS é o modelo usado por todos os países membros da ONU como exemplo de quais medicamentos devem estar disponíveis em seus sistemas de saúde. “O Brasil já inclui esses medicamentos, mas com algumas indicações com restrições. Por exemplo, o SUS oferece trastuzumabe na adjuvância, mas não para o tratamento de pacientes com câncer de mama her2 metastático. Precisamos discutir com o Ministério da Saúde maneiras de levar a implantação dessas indicações que faltam”, ressalta.  

Mais informações: http://www.uicc.org/who-publishes-new-edition-its-model-list-essential-medicines