Onconews - Nivolumab aumenta sobrevida em câncer de pulmão

BALANCO_PULMAO_horiz_bx.jpgOs resultados de um estudo randomizado de fase III  (LBA 109) indicam que o anti PD-1 nivolumab é uma opção de tratamento eficaz para pacientes com câncer de pulmão não-pequenas células não-escamosas (CPNPC).

Entre os pacientes com doença avançada que progrediram após receber a quimioterapia à base de platina, aqueles tratados com nivolumab viveram em média três meses a mais do que aqueles tratados com a quimioterapia docetaxel.

"Este é o primeiro estudo de fase III a mostrar que a imunoterapia é eficaz contra CPNPC não-escamosas, e parece ser particularmente ativa em pacientes com tumores PD-L1-positivos", disse o principal autor do estudo, Luis Paz-Ares, professor de medicina no Hospital Universitário 12 de Outubro, em Madrid, Espanha. "Embora o nivolumab pareça ser mais potente contra este câncer de pulmão mais comum, é importante notar que é também muito mais tranquilo para os pacientes em comparação com o tratamento padrão de segunda linha, o docetaxel", afirmou.

O estudo considerou 582 pacientes com CPNPC não-escamosas avançado. Os pacientes foram randomizados para receber nivolumabe 3mg/kg Q2W (n=292) ou docetaxel75mg/m2 Q3W (n=290) até a progressão ou a descontinuação devido à toxicidade ou outros motivos. O endpoint primário foi a sobrevida global. Os desfechossecundários foram taxa de resposta objetiva (por RECIST v1.1), sobrevida livre de progressão (SLP), eficácia da expressão do PD-L1, qualidade de vida e segurança. 

Resultados

As taxas de resposta foram mais elevadas no grupo nivolumab em comparação com o grupo de docetaxel (19,2% vs 12,4%). As respostas também foram significativamente mais duradouras no grupo tratado com nivolumab (17,1 meses versus 5,6 meses, em média).
 
A mediana de sobrevida global foi de 12,2 meses no grupo nivolumab em comparação com 9,4 meses no grupo de docetaxel. No subgrupo de pacientes com altos níveis de PD-L1 em seu tumor (≥1% das células), a mediana de sobrevida com nivolumab ultrapassou os 17 meses, em comparação com 9 meses para aqueles tratados com docetaxel.
 
Nivolumab foi em geral bem tolerado e apenas 10,5% dos doentes reportaram efeitos secundários graves (30/287), em comparação com 53,7% (144/268) no braço de docetaxel. Houve uma morte relacionada com o tratamento no braço de docetaxel e nenhuma no braço nivolumab. Devido aos efeitos secundários tóxicos, 4,9% dos pacientes interromperam o tratamento com nivolumab, e 14,9% dos pacientes abandonaram o tratamento com docetaxel.Após a interrupção, 42,1% dos pacientes no braço nivolumabe e 49,7% do braço docetaxel receberam terapia sistêmica subsequente.
 
Os pesquisadores apontaram que os pacientes com níveis mais elevados do biomarcador PD-L1 experimentaram o maior grau de benefício com o nivolumab. No geral, os pacientes que receberam nivolumab tiveram um risco de morte 27% menor em comparação com aqueles que receberam docetaxel. No entanto, o subgrupo de pacientes com níveis elevados de PD-L1 teve uma redução de 41% - 60% no risco de morte, o que não foi observada nos pacientes com  níveis baixos ou indetectáveis de PD- L1.
 
No início deste ano, o FDA aprovou nivolumab como  tratamento de segunda linha para CPNPC de células escamosas avançado. No entanto, nivolumab ainda não está disponível para pacientes com câncer de pulmão na Europa. Paz-Ares afirmou que o nivolumab poderia potencialmente se tornar uma nova terapia padrão para pacientes com CPNPC previamente tratados.
 
"Até cinco anos atrás, uma imunoterapia eficaz para o câncer de pulmão era considerada impossível. Hoje, temos um tratamento que supera a terapia padrão, tanto em termos de eficácia, como de qualidade de vida do paciente", afirma Gregory A. Masters.
 
O estudo recebeu financiamento da Bristol-Myers Squibb.
 
Referência: Phase III, randomized trial (CheckMate 057) of nivolumab (NIVO) versus docetaxel (DOC) in advanced non-squamous cell (non-SQ) non-small cell lung cancer (NSCLC). (LBA109 - J Clin Oncol 33, 2015)
Informação do estudo clínico: NCT01673867