O estudo de fase III RAISE, que investiga o uso de ramucirumabe associado a FOLFIRI como padrão de segunda linha em pacientes com câncer colorretal metastático, foi um dos destaques da programação científica da ASCO GI, que aconteceu entre os dias 15 e 17 de janeiro, em São Francisco, Califórnia.
"Ramucirumabe é uma nova opção que se demonstrou eficaz para o tratamento de segunda linha de câncer colorretal, incluindo pacientes com mau prognóstico", disse o principal autor do estudo, Josep Tabernero (foto), diretor do Vall d'Hebron Instituto de Oncologia, em Barcelona, na Espanha.
O estudo duplo-cego, de fase III RAISE randomizou 1.072 pacientes com câncer colorretal metastático (ECOG 0 ou 1) em uma proporção de 1:1 para receber FOLFIRI mais ramucirumabe (8 mg / kg) ou placebo a cada 2 semanas, até progressão da doença, toxicidade inaceitável, ou morte. O regime de FOLFIRI compreendeu 180 mg/ m2 de irinotecano; 400 mg / m2 de ácido folínico; e 400 mg / m2 em bólus de 5-FU, seguido de 2400 mg / m2 IV, administrado continuamente de 46 a 48 horas.
Os dados apresentados na conferência de imprensa do Gastrointestinal Cancers Symposium mostram benefício de sobrevida de 1,6 meses com o braço da combinação. “Este estudo comprova o benefício de drogas antiangiogênica associadas à quimioterapia em câncer de cólon metastático, demonstrando um ganho modesto mas reproduzível destas drogas”, diz Gabriel Prolla, do Instituto do Câncer do Sistema de Saúde Mãe de Deus.
Os pacientes que recorreram após tratamento de primeira linha com bevacizumabe, oxaliplatina e uma fluoropirimidina foram estratificados por status de mutação KRAS e tempo para progressão da doença. A sobrevida global (SG) foi definida como objetivo primário. Os objetivos secundários foram sobrevida livre de progressão (SLP), taxa de resposta objetiva (TRO) e toxicidade.
A mediana de SG foi de 13,3 meses para a quimioterapia mais ramucirumab versus 11,7 meses com quimioterapia isoladamente (HR = 0,84; IC 95%, 0,73-0,98; P = 0,0219). A mediana de SLP foi de 5,7 meses e 4,5 meses, respectivamente (HR = 0,79; IC 95%, 0,70-0,90; P = 0,0005). Não houve diferença estatisticamente significativa na taxa de resposta objetiva, com 13,4% no braço da combinação com ramucirumabe e 12,5% no grupo placebo (P = 0,6336).
Entre os pacientes tratados com ramucirumab, os efeitos adversos mais comuns de grau ≥ 3 foram leucopenia (38,4% vs 23,3% com placebo), hipertensão (11,2% versus 2,8%), diarreia (10,8% versus 9,7%), ea fadiga (11,5% versus 7,8%). A taxa de neutropenia febril foi comparável entre os dois braços.
Para Prolla, o ramucirumabe deverá se tornar uma opção, junto com bevacizumabe e aflibercept. “Não há nenhum indício de que uma destas drogas é superior a outra. Quando todas estiverem disponíveis no Brasil, a escolha será baseada em custo, disponibilidade e perfil de toxicidade (que pode ser um pouco diferente entre as drogas).
Segundo o oncologista Rui Fernando Weschenfelder, do Centro de Oncologia do Hospital Moinhos de Ventoe membro do Grupo Brasileiro de Tumores Gastrointestinais (GTG), o estudo reforça os dados prévios dos estudos ML18147 (FOLFOX ou FOLFIRI e bevacizumabe) e VELOUR (FOLFIRI e aflibercet), que mostram que a inibição contínua da angiogênese em segunda linha de câncer colorretal metastático é benéfica. “Para a prática clínica, temos agora três opções de inibidores de angiogênese em segunda linha”, comemora.
Ramucirumabe é comercializado pela Eli Lilly.
Referências: Abstract No 512 - RAISE: A randomized, double-blind, multicenter phase III study of irinotecan, folinic acid, and 5-fluorouracil (FOLFIRI) plus ramucirumab (RAM) or placebo (PBO) in patients (pts) with metastatic colorectal carcinoma (CRC) progressive during or following first-line combination therapy with bevacizumab (bev), oxaliplatin (ox), and a fluoropyrimidine (fp).
http://abstracts.asco.org/158/AbstView_158_138411.html