Adicionar carboplatina à quimioterapia neoadjuvante aumenta a sobrevida livre de doença em pacientes com câncer de mama triplo-negativo (85,5% versus 76,1%). É o que concluiu o estudo do GeparSixto apresentado por Gunter Von Minckwitz (foto), no San Antonio Breast Cancer Symposium 2015.
O líder do grupo alemão lembrou que resultados do GeparSixto também demonstraram que a adição da carboplatina à quimioterapia neoadjuvante baseada em taxanos aumentou o número de pacientes com resposta patológica completa, de 36,9% para 53,2% (p = 0,005).
No câncer de mama triplo-negativo, a adição de carboplatina à antraciclina neoadjuvante à base de taxano tem aumentado o número de pacientes com resposta patológica completa. É o que demonstram dois grandes estudos de fase II (GeparSixto: von Minckwitz et al, Lancet Oncol 2014; CALGB 40603: Sikov et al, J Clin Oncol 2015). Agora, o Geparsixto reforça a base de evidências.
"Nós demonstramos que as melhores taxas de resposta patológica completa se traduzem em melhora da sobrevida livre de doença", disse von Minckwitz. "Os pacientes com doença triplo-negativa que receberam carboplatina como parte do regime neoadjuvante foram menos propensos a ter recidiva – quase 50% menos em comparação com aqueles que não receberam carboplatina”, esclareceu.
Métodos
Os investigadores inscreveram 315 pacientes com câncer de mama triplo-negativo participantes do estudo GeparSixto, dos quais 50 com mutações genéticas BRCA. Todos receberam 18 semanas de quimioterapia neoadjuvante, que consiste em paclitaxel, doxorrubicina lipossomal não peguilada e bevacizumabe, e foram aleatoriamente designadas para receber ou não uma dose adicional de carboplatina semanal.
Após um seguimento médio de três anos, a sobrevida livre de doença para os pacientes que receberam carboplatina foi de 85,5% versus 76,1%."Ficamos entusiasmados ao ver uma melhoria estatisticamente significativa na sobrevida livre de doença, porque o estudo é relativamente pequeno e não pretendíamos atingir diferenças tão robustas", disse von Minckwitz. "Curiosamente, os melhores resultados foram observados em pacientes sem mutação BRCA, um grupo onde nós pensávamos que compostos de platina não eram ativos. No entanto, mais estudos são necessários para ampliar esses achados, porque havia apenas 50 pacientes com mutação BRCA em nosso ensaio", acrescentou.
Na base pesquisada, dos 129 pacientes com câncer de mama triplo negativo que atingiram resposta patológica completa, cinco apresentaram recidiva da doença após uma média de acompanhamento de três anos, em comparação com 50 de 162 pacientes sem resposta patológica completa (Abstract: S2-04).
Referência: Early survival analysis of the randomized phase II trial investigating the addition of carboplatin to neoadjuvant therapy for triple-negative and HER2-positive early breast cancer (GeparSixto)
Leia mais: SABCS 2015: CALGB/Alliance: Neoadjuvância em câncer de mama triplo-negativo