Onconews - Novo padrão de cuidados em LMA de alto risco

ASH_2015_blood_cells_NET_OK.jpgO estudo pivotal do novo quimioterápico CPX-351 (Vyxeos®, Celator Pharmaceuticals) pode alterar o manejo do tratamento de pacientes mais velhos com leucemia mieloide aguda secundária ou de alto risco. Os resultados que serão apresentados na ASCO 2016 (abstract 7000) indicam que o tratamento melhorou significativamente a sobrevida global, sobrevida livre de eventos e resposta, sem aumentar a mortalidade em 60 dias ou a frequência e gravidade de eventos adversos.

Segundo os autores, o CPX-351 deve se tornar o padrão de cuidados para esse subgrupo de pacientes.

Há décadas o manejo da leucemia mieloide aguda (LMA) não sofre alterações, permanecendo com a terapia de indução em primeira linha constituída por um regime combinado de citarabina+ antraciclina (7+3, frequentemente). Este esquema é muito intenso, e ainda que seja eficaz para induzir remissões em uma proporção elevada de pacientes, vários subconjuntos de pacientes de LMA permanecem com necessidades não atendidas.

Em pacientes com LMA de alto risco, que inclui anormalidades citogenéticas, bem como naqueles com LMA secundário (incluindo os que progrediram à síndrome mielodisplásica (SMD), o prognóstico é ruim. Por isso, essa população tem sido alvo de desenvolvimento clínico recente na LMA.
 
O agente CPX-351 é uma formulação lipossomal de citarabina e daunorrubicina que apresenta na ASCO 2016 resultados no cenário de primeira linha em uma subpopulação de pacientes com necessidades não atendidas, especificamente aqueles com LMA secundário e/ou citogenética pobre.
 
Métodos e resultados
 
Foram elegíveis pacientes entre 60 e 75 anos com leucemia mieloide aguda, com histórico de tratamento citotóxico anterior, antecedente de síndrome mielodisplásica ou leucemia mielomonocítica crônica (CMML).
 
Um total de 309 pacientes foram inscritos entre dezembro de 2012 a novembro de 2014 em 39 locais dos Estados Unidos e Canadá. Os pacientes foram randomizados 1:1 para receber CPX-351 (100 unidades/m2, dias 1, 3, 5, n=153) ou terapia de indução 7+3 (citarabina 100 mg/m2/dia por 7 dias, daunorrubicina 60 mg/m2 dias 1, 2, 3, n=156).
A distribuição dos participantes foi bem equilibrada por sexo, raça, idade, performance status, subtipo de LMA, SMD relacionada a citogenética e terapia HMA anterior.
 
Os endpoints incluíram sobrevida global (endpoint primário) e sobrevida livre de eventos (SLE) avaliada através da análise estratificada de log rank, avaliação cega independente da CR + Cri* e mortalidade em 60 dias.
 
Após seguimento mínimo de 13,7 meses, a análise final mostrou que o tratamento com CPX-351 resultou em uma sobrevida global superior (HR= 0,69; P=0,005; mediana de sobrevida global 9,56 vs 5,95 meses), SLE (HR=0,74; P=0,021) e resposta CR + CRi (47,7% vs 33,3%, P=0,016). A mortalidade em 60 dias favoreceu o uso de CPX-351 (13,7% vs 21,2%). Eventos adversos de graus 3-5 foram iguais (92% vs. 91%) e semelhantes em frequência e gravidade nos dois braços. Um número semelhante de pacientes foi transplantado em ambos os braços.
 
Com base nestes dados, a empresa pretende submeter o medicamento para aprovação regulamentar nos EUA e Europa no terceiro trimestre de 2016 e primeiro trimestre de 2017, respectivamente.
 
Informações do ensaio clínico: NCT01696084

*CR = complete response ; CRi = complete remission within complete blood countrecovery 

Referência: Final results of a phase III randomized trial of CPX-351 versus 7+3 in older patients with newly diagnosed high risk (secondary) AML - Abstract 7000 – Saturday, june 4, 3pm - Citation: JClinOncol 34, 2016 (suppl; abstr 7000) - Jeffrey E. Lancet, Geoffrey L. Uy, Jorge E. Cortes, Laura F. Newell, Tara L. Lin, Ellen K. Ritchie, Robert K. Stuart, Stephen Anthony Strickland, Donna Hogge, Scott R. Solomon, Richard M. Stone, Dale L. Bixby, Jonathan E. Kolitz, Gary J. Schiller, Matthew Joseph Wieduwilt, Daniel H. Ryan, AntjeHoering, Michael Chiarella, Arthur Chin Louie, Bruno C. Medeiros;