Onconews - Projeto incentiva pesquisa genômica em câncer de mama

Mama_RaioX_Ilustra.jpgUm projeto inovador lançado nos Estados Unidos em outubro de 2015 pode ajudar a acelerar a pesquisa genômica e fornecer pistas para o desenvolvimento de novos tratamentos no câncer de mama metastático. Nos sete meses desde o lançamento, mais de 2 mil pacientes nos EUA foram inscritos no estudo, destinado a recolher e analisar informações clínicas, amostras tumorais e de saliva. O estudo será apresentado segunda-feira, dia 6 de junho, na ASCO 2016.

O desafio de estudar o câncer de mama metastático é que a maioria dos tumores não está disponível para pesquisa, principalmente porque grande parte dos pacientes recebe cuidados em instituições onde os estudos de genômica não são realizados.
 
O estudo
 
Pesquisadores do Dana-Farber participaram do projeto lançado pelo Instituto Broad do MIT, com apoio de associações de pacientes, para desenvolver um site que permite abordar diretamente os pacientes e receber amostras de tumores e informações clínicas. Através de uma grande variedade de canais, incluindo mídia social, boletins e blogs, os pesquisadores foram capazes de recrutar pacientes diretamente, fomentando a pesquisa genômica.
 
Os pacientes são convidados a responder a perguntas sobre seu tipo de câncer e os tratamentos que receberam. Em seguida, são convidados a dar o seu consentimento para participar do estudo. Após esta etapa, os pesquisadores têm acesso aos provedores de serviços médicos do paciente para obter dados clínicos e recolher parte das amostras de tumores. Os pacientes também são convidados a fornecer amostras de saliva utilizando um kit de coleta domiciliar.
 
Nos primeiros 3 meses, 1227 pacientes foram inscritos e 1178 (96%) completaram o estudo, com 16 pergunta sobre o câncer e os tratamentos recebidos. A idade média foi de 54 anos (intervalo 25-91). O tempo médio entre o diagnóstico inicial e a doença metastática foi de 2 anos; 424 pacientes receberam diagnóstico inicial já com doença metastática e 1022 (87%) relataram ter uma biópsia no momento do diagnóstico inicial ou após a progressão da doença. O tempo médio desde o diagnóstico da doença metastática foi de 3 anos; 87 relataram ter doença metastática por período > 10 anos. 436 (37%) relataram estar em uma terapia por > 2 anos; 672 (57%) relataram uma "resposta extraordinária" para uma terapia específica. Por exemplo, 77 relataram respostas duradouras e extraordinárias com a capecitabina; 44 a platinas e 20 a everolimus.
 
Os autores concluem que a abordagem direta dos pacientes permitiu um grande número de consentimentos para a participação de estudos clínicos, com pacientes dispostos a compartilhar tumores, saliva e registros médicos. O objetivo do projeto também considera o foco em grupos de pacientes dificilmente identificáveis com abordagens tradicionais: aqueles com resposta duradoura e/ou extraordinária a uma terapia específica; aqueles que têm doença metastática no momento do diagnóstico inicial; aqueles que são diagnosticados em uma idade jovem, além de minorias raciais/étnicas.
 
Os investigadores estão agora dedicados à realização de sequenciamento de última geração em amostras de saliva e tecidos que foram recolhidos. Nos próximos meses, a pesquisas irá explorar novas formas de coleta de dados genômicos do paciente, incluindo o piloto de análises a partir de "biópsia líquida".
 
"Se os pacientes estão dispostos a compartilhar suas amostras, suas histórias e seus dados com o projeto, é nossa responsabilidade tomar o que coletamos para gerar e compartilhar os dados abertamente com a comunidade científica para acelerar a pesquisa", disse Nikhil Wagle, primeiro autor do estudo. Wagle é oncologista do Dana-Farber Cancer Institute em Boston e membro associado do Instituto Broad, em Cambridge.
 
O estudo recebeu financiamento do Instituto Broad.
 
Referência: The Metastatic Breast Cancer Project: A national direct-to-patient initiative to accelerate genomics research - J Clin Oncol 34, 2016 (suppl; abstr LBA1519)