Onconews - GALLIUM: obinutuzumab aumenta sobrevida em linfoma folicular

Onco_hemto_300x175.jpgApresentado em sessão plenária, o estudo GALLIUM, que comparou rituximabe com o anti CD-20 obinutuzumabe, mostrou que o anticorpo de nova geração aumentou a sobrevida livre de progressão em pacientes com linfoma folicular. Após um seguimento médio de 34,5 meses, houve uma redução de 34% no risco de progressão ou morte, favorecendo obinutuzumabe (HR, 0,66; p = 0,001).

GALLIUM é um estudo aberto, de Fase 3, que randomizou 1202 pacientes na proporção 1:1 para receber o anticorpo (rituximabe ou obinutuzumab) + quimioterapia de escolha do investigador (CHOP, CVP ou bendamustina). O desfecho primário foi a sobrevida livre de progressão
 
Após um seguimento de 34 meses, a sobrevida livre de eventos foi de 81,9% no braço tratado com obinutuzumab + quimioterapia versus 77,9% no grupo que recebeu rituximabe + quimioterapia. A SLP também favoreceu significativamente os pacientes tratados com obinutuzumabe (80% vs 73%), cumprindo o principal endpoint da investigação.
 
Os resultados preliminares apresentados por Robert E Marcus, do Kings College Hospital, atestam a superioridade do novo anticorpo monoclonal, com impacto na sobrevida. É a primeira vez que uma terapia supera o tratamento padrão estabelecido nos últimos 20 anos. “O estudo GALLIUM mostrou resultados surpreendentes ao confirmar que aqueles pacientes tratados com obinutuzumabe mais quimioterapia vivem significativamente mais tempo sem piora de sua doença quando comparados aos que recebem rituximabe - tratamento padrão utilizado hoje no mundo todo", afirma Lênio Alvarenga, diretor médico da Roche Farma Brasil.

A indução de imunoquimioterapia seguida de manutenção com rituximab é o padrão de cuidados para pacientes com linfoma folicular (FL) sintomático em estágio avançado, atingindo uma sobrevida livre de progressão (SLP) mediana de 6 a 8 anos, e uma sobrevida mediana de 12 a 15 anos. No entanto, a recaída ocorre em 30% dos pacientes com linfoma folicular dentro de 3 anos e está associada a um mau prognóstico.

Métodos
 
Foram incluídos pacientes ≥ 18 anos com linfoma folicular não tratado previamente (graus 1-3a) ou linfoma de zona marginal (MZL) virgem de quimioterapia, doença estadio III/IV ou estadio II com diâmetro tumoral ≥7cm, e performance status ECOG PS 0-2.
 
Os esquemas de quimioterapia CHOP (ciclofosfamida, doxorrubicina, vincristina e prednisona), CVP (ciclofosfamida, vincristina e prednisona) ou bendamustina (B) foram atribuídos de acordo com o centro (linfoma folicular) ou paciente (linfoma de zona marginal).
 
Os pacientes foram randomizados 1:1 e estratificados por quimioterapia, IPI (International Prognostic Index), FLIPI (Folicular Lymphoma International Prognostic Index) e região geográfica para rituximabe (R) 375mg/m2 no dia 1 de cada ciclo ou obinutuzumabe (G) 1000mg nos dias 1, 8 e 15 do ciclo 1 e no dia 1 dos ciclos subsequentes, para ciclos de 8 x 21 dias (CHOP e CVP) ou ciclos de 6 x 28 dias (B).
 
endpoint primário foi a sobrevida livre de progressão (SLP) avaliada pelo investigador em pacientes com linfoma folicular. Na análise final, com base em 370 eventos de SLP ocorridos, o estudo teria 80% de poder para detectar um HR de 0,741. Os dados atuais são de uma análise de eficácia provisória planejada realizada quando 67% dos 370 eventos de SLP ocorreram (data do cut off: 31 de janeiro de 2016).
 
Resultados
 
Foram apresentados os resultados de 1202 pacientes de linfoma folicular (R-quimio, 601/G-quimio, 601) com uma mediana de idade de 59 anos (53,2% mulheres). Os dados de 195 pacientes com linfoma de zona marginalserão relatados em outro momento.
 
Os braços de tratamento foram bem balanceados por estadio da doença (Ann Arbor: I, 1,5%, II, 7,1%, III, 34,9%, IV, 56,5%) e fatores prognósticos (FLIPI: 0+1, 21%; 2, 37,2%; ≥3, 41,8%; FLIPI-2: 0, 9,1%, 1+2, 50,3%, ≥3, 40,6%). A quimioterapia recebida foi B em 57,1% dos pacientes, CHOP em 33,1% e CVP em 9,8%.
 
Resposta completa e taxa de resposta global ao final da indução (EOI) com base em tomografia computadorizada por ressonância magnética nuclear (CT/NMR) foram semelhantes para os dois braços (Tabela 1). Após um seguimento médio de 34,5 meses (intervalo, 0-54,5), houve uma redução de 34% no risco de progressão ou morte (HR, 0,66; 95% CI, 0,51, 0,85; p=0,001;).
 
As taxas de sobrevida livre de progressão em 3 anos avaliadas pelo investigador foram: G-quimio, 80,0% (95% CI, 75,9%, 83,6%); R-quimio, 73,3% (95% CI, 68,8%, 77,2%). Um benefício consistente a favor da quimioterapia + obinutuzumab também foi observado para a SLP avaliado pelo Independent Review Committee (IRC), bem como outros endpoints time-to-event.
 
As análises dos subgrupos foram consistentes com a análise primária. No momento da análise, 35 pacientes (G-quimio; 5,5%) e 46 pacientes (R-quimio; 8,7%) haviam morrido (HR para sobrevida global 0,75; 95% CI, 0,49, 1,17; p=0,210). Os pacientes G-quimio apresentaram maior frequência de eventos adversos de graus 3-5 (74,6%) e eventos adversos graves (46,1%) do que pacientes de R-quimio (67,8% e 39,9%, respectivamente).
 
A freqüência de eventos adversos fatais foi semelhante (G-quimio, 4,0%; R-quimio, 3,4%). Eventos adversos levaram à interrupção do tratamento em 16,3% dos pacientes (G-quimio) e 14,2% pacientes (R-quimio) na ausência de progressão da doença. A mediana da diminuição nos níveis de IgG no tratamento EOI foi semelhante nos dois braços.
 
Os autores concluíram que os resultados suportam o uso do obinutuzumab com a quimioterapia como um novo padrão de cuidados em pacientes com linfoma folicular não tratado previamente.
 
Ainda em linfoma folicular, na condição refratária ao tratamento com rituximabe, será apresentada na ASH a atualização de dados de sobrevida global do estudo GADOLIN, de fase III.
 
O estudo GALLIUM é conduzido em parceira com o German Low Grade Lymphoma Study Group e o East German Study Group Hematology and Oncology, ambos da Alemanha, além do National Cancer Research Institute, no Reino Unido, e está registrado em ClinicalTrials.Gov: NCT01332968.

Referência: 6 - Obinutuzumab-Based Induction and Maintenance Prolongs Progression-Free Survival (PFS) in Patients with Previously Untreated Follicular Lymphoma: Primary Results of the Randomized Phase 3 GALLIUM Study

Veja mais: Avanços e desafios da oncohematologia