Idosos com mesotelioma devem ser submetidos a uma rigorosa avaliação pré-operatória antes da pleurectomia/ decorticação (PED) e a cirurgia deve ser considerada nos pacientes idosos. É o que conclui o estudo de Annabel Sharkey e colegas do Departamento de Cirurgia Torácica do Glenfield Hospital, apresentado na Conferência Europeia de Câncer de Pulmão (ELCC 2016).
O estudo indicou que a idade não foi fator prognóstico, mas mostrou que a presença de doença mais avançada teve impacto negativo maior sobre os resultados dos idosos, quando comparados com pacientes mais jovens. Pacientes idosos com envolvimento ganglionar e os que não receberam quimioterapia adjuvante apresentaram pior prognóstico em comparação a pacientes mais jovens.
Os pesquisadores consideraram pacientes acima de 70 anos e demonstraram que esse grupo não deve ser excluído da pleurectomia/decorticação. Ao contrário, a recomendação dos pesquisadores é realizar uma avaliação pré-operatória mais rigorosa nesses pacientes para determinar a presença e extensão da doença nodal, além de uma avaliação completa da aptidão para receber quimioterapia.
Sharkey e colegas revisaram dados de pacientes submetidos a PED no período de 1999 a 2015 para comparar dados de sobrevida e resultados clínicos do grupo com idade superior a 70 anos daqueles abaixo de 70 anos. A cirurgia PED foi realizada em todos os pacientes com a intenção de alcançar ressecção macroscópica completa.
De 282 pacientes avaliados, 79 tinham 70 anos ou mais no momento da cirurgia. O tempo de duração do procedimento e de permanência no hospital foi semelhante entre pacientes idosos (mediana de 14 dias) e mais jovens (12 dias); (p = 0,118).
Na análise multivariada, a idade não foi identificada como um fator prognóstico com peso significativo no resultado, que foi semelhante entre os dois grupos em relação a vários parâmetros. As taxas de mortalidade também foram semelhantes; não houve diferença significativa nas taxas de mortalidade intra-hospitalar (3,5% em pacientes mais jovens contra 6,5% dos pacientes idosos (p = 0,323), assim como nas taxas de mortalidade aos 90 dias (7,9% em mais jovens versus 10,1% no grupo de idosos (p = 0,635).
As taxas de sobrevida global (SG) também foram semelhantes, com 13,0 meses, em comparação com 10,5 meses (mais jovens vs mais velhos, respectivamente (p = 0,683).
Na análise multivariada, duas variáveis surgiram como fatores de pior prognóstico: a falta de terapia adjuvante, taxa de risco (HR) 2.088; 95% CI 1.372, 3.176 (p = 0,001) e a presença de anemia pré-operatória, HR 1.976; 95% IC 1,294, 3,017 (p = 0,002).
Em conclusão, as características da doença e a falta de quimioterapia adjuvante têm maior impactado no prognóstico que a idade. No entanto, uma proporção significativamente maior de pacientes idosos (16,8%) necessitou de cuidados intensivos após PED na comparação com o grupo mais jovem (5,4%); (p = 0,004) e quase o dobro dos pacientes mais velhos desenvolveu fibrilação atrial (24,7% vs 14%); (p = 0,051).
Referência: 207O. Extended pleurectomy decortication for malignant pleural mesothelioma in the elderly - the need for an inclusive yet selective approach
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