Os resultados do estudo de Fase III AURA3 mostram o benefício de osimertinib em pacientes com câncer de pulmão não pequenas células que progrediram ao tratamento inicial e apresentam mutação T790M no fator de crescimento epidérmico (EGFR). Os resultados foram apresentados na 17 ª Conferência Mundial de Câncer de Pulmão (WCLC), em Viena, e publicados no New England Journal of Medicine.
Os dados do AURA3 apresentados em Viena mostram que o uso do inibidor de tirosina quinase (TKI) osimertinib (Tagrisso®) reduziu o risco de progressão da doença em 70% e melhorou a sobrevida livre de progressão (SLP) em 5,7 meses na comparação com quimioterapia baseada em doublet de platina. O benefício de SLP se estendeu aos pacientes com metástases do sistema nervoso, como apontam os dados da análise por subgrupos.
Métodos
AURA3 é um estudo randomizado, aberto, de fase 3, que inscreveu 419 pacientes com câncer de pulmão não pequenas células avançado com T790M positivo, em progressão da doença após tratamento de primeira linha com inibidor de tirosina quinase.
Os pacientes foram randomizados numa proporção de 2:1 para receber osimertinib oral (80 mg /dia) ou quimioterapia IV com pemetrexed (500mg/m2 de superfície corporal mais carboplatina (área alvo sob a curva, 5 [AUC5]) ou cisplatina (75 mg/ m2) a cada 3 semanas por até seis ciclos. O endpoint primário foi sobrevida livre de progressão.
Resultados
A duração mediana da sobrevida livre de progressão foi significativamente maior com osimertinib do que com a terapia com platina mais pemetrexede (10,1 meses versus 4,4 meses, HR: 0,30, intervalo de confiança de 95% [IC], 0,23 a 0,41, P <0,001). A taxa de resposta objetiva foi significativamente melhor com osimertinib (71%; IC 95%, 65 a 76) do que com a terapia com platina mais pemetrexede (31%, IC95%, 24 a 40) CI, 3,47 a 8,48; P<0.001).
Entre 144 pacientes com metástases no sistema nervoso central (SNC), a duração média da sobrevida livre de progressão foi maior no grupo tratado com osimertinib do que entre aqueles que receberam terapia com platina mais pemetrexede (8,5 meses versus 4,2 meses, razão de risco de 0,32; % CI, 0,21 a 0,49). A proporção de pacientes com eventos adversos de grau 3 ou superior foi menor com osimertinib (23%) do que com a terapia com platina mais pemetrexed (47%).
A conclusão dos autores é de que osimertinib apresentou eficácia significativamente maior do que a terapia com platina mais pemetrexede como segunda linha de tratamento no CPNPC em avançado em pacientes com mutação T790M, incluindo aqueles com metástases do SNC.
Osimertinib é um inibidor da tirosina quinase do receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR-TKI) que é seletivo tanto para a sensibilização ao EGFR-TKI como para a mutação de resistência ao T790M em pacientes com câncer de pulmão não pequenas células.
O estudo AURA3 foi financiado pela AstraZeneca. ClinicalTrials.gov, NCT02151981.
Referência: Osimertinib or Platinum–Pemetrexed in EGFR T790M–Positive Lung Cancer - December 6, 2016DOI: 10.1056/NEJMoa1612674