Onconews - PLATINUM: hipogonadismo após o câncer testicular

TESTICULO_NET_OK.jpgO hipogonadismo pode estar presente no momento do diagnóstico de câncer testicular ou se desenvolver como um efeito colateral da cirurgia ou quimioterapia. Dados de uma das análises do estudo PLATINUM apresentada na ASCO examinou a relação entre hipogonadismo e complicações de saúde a longo prazo em sobreviventes de câncer testicular nos Estados Unidos e mostrou a importância de acompanhar os níveis de testosterona durante e após o tratamento, para prevenir complicações futuras (LBA10012).

Para o principal autor do estudo, Mohammad Abu Zaid, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Indiana, os resultados ressaltam a importância de avaliar sobreviventes de câncer testicular para sinais físicos ou sintomas de hipogonadismo.
 
Sobre o Estudo
 
A análise apresentada na ASCO 2017 vem dos primeiros 491 pacientes matriculados no ensaio PLATINUM, que pretende ser o maior estudo de sobreviventes de câncer testicular em todo o mundo, com mais de 1.600 homens já inscritos e ainda aberto para o recrutamento de novos participantes. Todos os pacientes elegíveis receberam quimioterapia de primeira linha após 1990 e tinham menos de 55 anosquando foram diagnosticados com câncer. A idade mediana na avaliação clínica foi de 38 anos (variação 19-68).
 
O objetivo do PLATINUM é acompanhar a saúde ao longo da vida de homens que receberam quimioterapia com cisplatina no tratamento do câncer testicular.
 
Os participantes foram submetidos a exames físicos, genotipagem e questionários completos referentes a 16 resultados adversos de saúde. O hipogonadismofoi definido como testosterona no soro ≤ 3,0 ng/mL ou o uso de terapia de reposição de testosterona.
 
Conclusão
 
Os dados apresentados em Chicago mostram que 38% dos 491 sobreviventes avaliados apresentavam baixos níveis de testosterona ou estavam em terapia de reposição.
 
Em comparação com sobreviventes com níveis normais do hormônio sexual, aqueles que desenvolveram hipogonadismo após o câncer testicular tiveram maior probabilidade de desenvolver problemas de saúde crônicos, incluindo hipercolesterolemia (20% versus 6%, p <0,001), hipertensão (19% vs 11%, p=0,01), diabetes (6% vs 3%, p=0,07), disfunção erétil (20% vs 12%, p=0,02) e ansiedade ou depressão (15% vs. 10%, p=0,06), além de neuropatia periférica (31% vs 23%, p=0,04).
 
A análise multivariada identificou fatores de risco para hipogonadismo, incluindo idade (OR = 1,4 por aumento de 10 anos, P = 0,007) e IMC ≥ 25 kg / m2 (OR = 2,2, P = 0,003). A atividade física de intensidade vigorosa pareceu protetora (OR = 0,6, P = 0,06). O tipo de regime de quimioterapia e os fatores socioeconômicos não se correlacionaram com hipogonadismo. 
 
Os pesquisadores também encontraram uma anormalidade genética (no gene de ligação da globulina ao hormônio sexual) que parece predispor alguns homens ao hipogonadismo, mas novos estudos precisam confirmar esses achados iniciais.

“Este é um dos mais abrangentes estudos já realizados em sobreviventes de câncer testicular e estamos observando 15 condições de saúde diferentes", disse Abu Zaid. Agora, a análise será ampliada para toda a coorte de 1.600 sobreviventes.
 
O estudo é financiado pelo National Cancer Institute dos Estados Unidos.
 
Referência: Abstract LBA10012: Adverse health outcomes in relationship to hypogonadism (HG) after platinum-based chemotherapy: A multicenter study of North American testicular cancer survivors (TCS). - Mohammad Issam Abu Zaid et al - Citation: J Clin Oncol 35, 2017 (suppl; abstr LBA10012)