A adição de taselisib ao letrozol antes da cirurgia melhorou significativamente os resultados para pacientes com câncer de mama inicial, estrogênio positivo e HER2-negativos (ER+ / HER2-). Os dados são do estudo LORELEI1, apontado como um dos destaques do programa científico da ESMO 2017.
LORELEI é o primeiro estudo randomizado a demonstrar um aumento significativo na taxa de resposta objetiva (ORR) após o tratamento neoadjuvante com um inibidor seletivo de PI3K nesta população de pacientes. O estudo foi realizado em 85 centros e incluiu 334 mulheres na pós-menopausa com câncer de mama ER+/HER2-, estádio I-III, randomizadas 1:1 para receber letrozol mais placebo (n = 168) ou taselisib (n = 166) por 16 semanas.
O estudo definiu dois objetivos primários: Taxa de Resposta Objetiva (ORR, da sigla em inglês) e Taxa de Resposta Patológica Completa (pCR, da sigla em inglês).
Os resultados apresentados na ESMO mostram que a ORR foi melhor em pacientes que receberam taselisib em comparação com placebo (50 % versus 39,3%, odds ratio [OR] 1,55, IC 95% 1,00-2,38, P = 0,049), mas não houve diferença significativa entre os grupos para pCR.
Entre os 152 pacientes com mutação PIK3CA detectada no baseline, o benefício com taselisib foi superior, com ORR de 56,2% versus 38% no braço placebo (odds ratio [OR] 2,03, 95% IC 1,06-3,88, p = 0,033). “O ganho é modesto, mas a importância deste estudo reside na prova de princípio’, afirma o oncologista Antonio Carlos Buzaid (foto), diretor-geral do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes, da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, e membro do Comitê Gestor do Centro de Oncologia do Hospital Israelita Albert Einstein.
Em termos de toxicidade, os eventos adversos graves mais comuns (grau 3 e 4) associados ao uso de taselisib foram distúrbios gastrointestinais (7,8%), infecções (4,8%), distúrbios dermatológicos (4,8%), vasculares (3,6%) e de metabolismo e transtornos nutricionais (3,6%), incluindo hiperglicemia (1,2%).
Em conclusão, os dados apresentados na ESMO 2017 sugerem que a adição de taselisib, um inibidor PI3K específico alfa, pode funcionar combinado à terapia endócrina como estratégia de tratamento neoadjuvante no câncer de mama HER2-ER +. Novos dados são aguardados para avaliar o real potencial terapêutico de taselisib nessa configuração.
O estudo LORELEI foi financiado pela GENETECH e realizado com a colaboração do Breast International Group (BIG), SOLTI Breast Cancer Research Group e Austrian Breast & Colorrect Cancer Study Group (ABCSG).
Referências: Abstract LBA10_PR - Primary results of LORELEI: a phase II randomized, double-blind study of neoadjuvant letrozole (LET) plus taselisib versus LET plus placebo (PLA) in postmenopausal patients (pts) with ER+/HER2-negative early breast cancer (EBC)