Selecionado como um dos Late Breaking Abstracts da ASCO 2018, o estudo SANDPIPER mostrou resultados de uma nova terapia-alvo, o taselisib, em pacientes com câncer de mama receptor hormonal, HER 2 negativo, em combinação com a terapia hormonal padrão (LBA 1006). O estudo é tema da apresentação oral de Jose Baselga, do Memorial Sloan Kettering Cancer Center, e sugere benefícios de taselisib no controle da doença avançada ou metastática, às custas de maior toxicidade.
Pacientes na pós-menopausa com recidiva ou progressão da doença durante ou após tratamento com inibidor da aromatase foram randomizadas 2: 1 para receber taselisib (4 mg oral, qd) ou placebo (PBO) + fulvestranto (FULV) na dose de 500 mg.
Os pacientes foram estratificados por presença de doença visceral, sensibilidade endócrina e região geográfica. Tumores mutados e não-mutados foram randomizados separadamente e a mutação PIK3CA foi avaliada pelo teste cobas.
O endpoint primário foi sobrevida livre de progressão avaliada pelo investigador (SLP-INV) em pacientes com tumores PIK3CA-MUT. Os endpoints secundários incluíram taxa de resposta objetiva (ORR), sobrevida global (SG), taxa de benefício clínico (TBC), duração da resposta objetiva (DoR), SLP avaliada por revisão central independente cega (BICR-PFS, da sigla em inglês) e segurança.
Resultados
516 pacientes foram randomizadas na população PIK3CA-MUT por intenção de tratar (ITT). A combinação de taselisib + FULV melhorou significativamente a SLP na análise do investigador (HR 0,70), dado confirmado por revisão independente (HR 0,66).
A adição da terapia-alvo mais que duplicou a taxa de resposta (28% vs. 11,9%). Os resultados de sobrevida global não estão maduros. “Os dados mostram que o agente experimental foi capaz de interromper a progressão do câncer de mama avançado em mais de 2 meses quando comparado à terapia hormonal isolada (7,4 meses vs 5,4 meses) e diminuiu em quase 30% o risco de progressão”, disse Harold Burstein, membro da ASCO que comentou o estudo na coletiva de imprensa. “No entanto, como o tratamento tem efeitos colaterais, os médicos terão de avaliar riscos e benefícios com seus pacientes”, recomendou.
Quando analisados por área geográfica, os resultados mostram que taselisib proporcionou mais benefícios aos participantes da América do Norte e parte da Europa, onde retardou a progressão do câncer por uma média de 3,5 meses (7,9 vs. 4,5 meses). No entanto, em outros países, incluindo o leste europeu e a América Latina, taselisib pareceu proporcionar muito pouco ou nenhum benefício adicional. Mais pesquisas são necessárias para entender as razões dessa discrepância.
Os eventos adversos ≥ 3 no braço que recebeu taselisib + FULV foram diarreia (12%), hiperglicemia (10%), colite (3%) e estomatite (2%). No braço da combinação, 17% descontinuaram o tratamento por toxicidade, em comparação com apenas 2% daquelas que não receberam terapia-alvo.
O estudo SANDPIPER recebeu financiamento da F. Hoffmann-La Roche Ltd (NCT02340221).
ITT | PBO + FULV | Taselisib + FULV |
Median INV-PFS, mo | N = 176 5.4 | N = 176 5.4 |
HR | 0.70 (p = .0037) | |
Baseline measurable disease | n = 134 | n = 264 |
ORR, % | 11.9 | 28.0 |
p = .0002 | ||
CBR, % | 37.3 | 51.5 |
DoR, mo | n = 16 7.2 | n = 74 8.7 |
Referência:Abstract LBA1006: Phase III study of taselisib (GDC-0032) + fulvestrant (FULV) v FULV in patients (pts) with estrogen receptor (ER)-positive, PIK3CA-mutant (MUT), locally advanced or metastatic breast cancer (MBC): Primary analysis from SANDPIPER.
Confidential and embargoed until June 2, 2018, 6:30 a.m. CT
Breast Cancer—Metastatic Oral Abstract Session
Apresentação: Jose Baselga, Memorial Sloan Kettering Cancer Center
Domingo, 3 de junho