Oncologistas querem mais educação sobre biossimilares, aponta pesquisa realizada pela ESMO. Relatório do IQVIA Institute for Human Data Science mostra que os gastos da União Europeia com o tratamento do câncer ultrapassaram 24 bilhões de euros em 2016, sendo os medicamentos biológicos responsáveis por quase 40% das despesas. Estima-se que a introdução de biossimilares para os três principais medicamentos oncológicos permita economizar até 2 bilhões de euros em toda a Europa somente em 2021.
Assim, a adoção de biossimilares poderia aumentar a disponibilidade de terapias inovadoras para pacientes que, de outra forma, não teriam acesso por restrições econômicas. Tudo isso, no entanto, depende de uma compreensão mais ampla dos biossimilares em todo o ecossistema de oncologia, aponta o relatório.
A análise descreve um cenário que há tempos desafia a oncologia: os medicamentos biológicos são responsáveis por algumas das inovações mais promissoras no tratamento do câncer, incluindo imunoterapia e terapias-alvo, mas os custos são uma barreira importante.
A ESMO já tomou posição, apoiando o uso de biossimilares1 como alternativas mais baratas, com o potencial de tornar o tratamento do câncer mais sustentável e amplamente acessível. No entanto, os biossimilares ainda despertam dúvidas e questões como a extrapolação de indicações terapêuticas se mantém como uma preocupação entre oncologistas, pacientes e autoridades sanitárias, sem deixar de lado enfermeiros e farmacêuticos oncológicos. O assunto foi tema de sessão na ESMO 2017 em Madrid e este ano voltou à pauta em sessão no encontro de Munique (Are biosimilars the way to access, in practice?). Dados da pesquisa realizada pela sociedade europeia de oncologia mostram a necessidade de reforçar iniciativas educacionais.
Artigo sobre a integração de biossimilares na prática oncológica de rotina2 destacou a importância da colaboração multidisciplinar. De acordo com os resultados preliminares de uma pesquisa da ESMO a ser publicada ainda este ano, muitos oncologistas demonstraram pouca compreensão acerca dos principais conceitos que sustentam o desenvolvimento e uso de medicamentos biossimilares. Cerca de 87% dos entrevistados afirmaram que gostariam de receber mais atividades educativas sobre o assunto.
"As abordagens de colaboração e de participação multidisciplinar para erradicar equívocos e melhorar a compreensão são importantes para a aceitação dos biossimilares na oncologia", disse Josep Tabernero, Presidente da ESMO. "Se os oncologistas precisam de mais educação sobre o assunto, devemos agir com urgência", disse.
Referências:
1 - https://esmoopen.bmj.com/content/1/6/e000142
2 - E. Wolff-Holz, J. Garcia Burgos, R. Giuliani et al. Preparing for the incoming wave of biosimilars in oncology. ESMO Open 2018. doi: 10.1136/esmoopen-2018-000420