Onconews - Imunoterapia na prática clínica

CAROLINA DUTRA POSTER ESMO NET OKA imunoterapia tem sido considerada um novo padrão de tratamento para pacientes com câncer de pulmão não pequenas células metastático metastático, e sua aprovação é baseada em estudos randomizados de fase III, cujos critérios de seleção de pacientes podem não representar a população do mundo real. Apresentado na sessão de pôster da ESMO 2018, um estudo buscou avaliar a eficácia da imunoterapia na prática clínica diária de quatro hospitais brasileiros. Os resultados foram apresentados por Carolina Dutra (foto), do CEPON Florianópolis, e mostram que uma parcela significativa da população brasileira com câncer de pulmão não pequenas células metastático não se encaixa nos critérios rígidos de seleção especificados pelos estudos clínicos.

Entre janeiro de 2011 e dezembro de 2016, todos os pacientes com CPNPC metastático encaminhados para primeira avaliação oncológica em 4 Hospitais do Brasil foram identificados por meio de banco de dados eletrônico e incluídos na análise. Foram avaliados os principais critérios de elegibilidade utilizados ​​nos ensaios de imunoterapia fase III em primeira linha.

Resultados

Um total de 537 pacientes foi incluído nesta análise. A idade média foi de 62 anos, 57,3% eram homens e 67% tinham adenocarcinoma. 332 (61,8%) pacientes não preencheram um ou mais critérios de elegibilidade. Pacientes com ECOG PS 2 e/ou metástase cerebral ativa foram responsáveis, ​​isoladamente, por 78,3% dos casos de não elegibilidade. A mediana da sobrevida global após o diagnóstico de doença metastática foi de 7,56 meses (95% IC: 6,37 a 9,59) no grupo não elegível e 14,55 meses (95% IC: 12,16 a 18,23) no grupo elegível.

O teste de Logrank detectou uma diferença estatisticamente significativa entre as curvas de sobrevida em ambos os grupos (p = 0,0001). A hazard ratio (HR) de 1.778 (95% CI: 1.425 - 2.217) para mortalidade reflete piores características prognósticas no grupo não elegível. Além disso, o teste de Logrank detectou uma diferença estatisticamente significativa entre as curvas de sobrevida do ECOG 0-1 e ECOG 2-4 (HR 2,313 95% IC: 1,839 - 2,909 p <0,0001) e histologia, com uma HR de 1,479 (95% IC: 1,135 - 1,927 p= 0,0036) em favor de adenocarcinoma.

A mediana de sobrevida global no grupo ECOG 0-1 foi de 13,17 meses (95% IC: 11,89 - 15,05) e no grupo ECOG 2-4 foi de 6,05 meses (95% IC: 4,67 - 6,77). A mediana de SG no grupo adenocarcinoma foi de 12,48 meses (95% IC: 9,63 - 13,83), e 6,51 meses em células escamosas (95% IC: 5,29 - 11,17).

Os resultados mostram que uma parcela significativa da população brasileira de pacientes com câncer de pulmão não pequenas células do mundo real não se encaixa nos critérios rígidos de seleção especificados pelos estudos clínicos. “Com a melhora da experiência e segurança com este tratamento, é desejável que estudos futuros admitam os pacientes mais representativos da população de CPCNP do mundo real”, avaliam os autores.

O trabalho contou com o apoio do Latin American Cooperative Group (Lacog) e do Grupo Brasileiro de Oncologia Torácica (GBOT).

Referência: 1233P Imunotherapy in clinical practice: Real world multicentric Brazilian experience J. Ce´ Coelho1 et al - Hospital de Clınicas de Porto Alegre, Porto Alegre, Brazil, 2 Oncology, Nucleo de Oncologia da Bahia, Salvador, Brazil, 3 Oncology, CEPON - Centro de Pesquisas Oncologicas, Florianopolis, Brazil, 4 Oncology, Hospital de Clınicas de Porto Alegre, Porto Alegre, Brazil, 5 Oncology, Hospital Sao Lucas da PUCRS, Porto Alegre, Brazil, 6 Oncology, Latin American Oncology Group, Porto Alegre, Brazil